domingo, 23 de julho de 2023

AGOSTINHO O GRANDE PROBLEMA: RAZÃO E FÉ




Autor: A.    Trapé
(tradução Paolo Cugini)

O problema da relação entre razão e fé, problema fundamental e difícil, atormentou Agostinho como pensador antes de sua conversão e depois o cansou quando quis dar uma solução ao mesmo tempo razoável e frutífera. A partir dela quis construir aquela vasta síntese do pensamento que, seguindo o movimento interior do espírito - que ama a verdade, quer conhecê-la e gozá-la como o bem supremo - inclui filosofia, teologia e misticismo juntos.

A primeira solução que ele deu para esse grande problema foi uma solução errada; errado devido à configuração em que descansou. De fato, aos 19 anos ele aceitou uma abordagem que, embora parecesse verdadeira, estava profundamente equivocada: a abordagem do racionalismo maniqueísta. Este, transformando um frutífero binômio em um dilema disruptivo, rejeitou a fé e seguiu, ou pretendeu seguir, apenas a razão.

A conversão começou com a suspeita de que essa solução poderia estar precisamente, metodologicamente falando, errada.. Ele intuiu que a mente humana, tão sagaz, não poderia ignorar a verdade; ao contrário, ele ignorava como procurá-lo. Isso tinha que partir da autoridade e precisamente de uma autoridade divina.

A suspeita logo se tornou certeza, e a certeza derrubou a abordagem inicial: não mais razão ou fé, mas razão e fé. Só esse binômio lhe parecia razoável e frutífero. Restava apenas estabelecer quem tinha a primazia e qual deveria ser a colaboração entre eles. Ele o estudou longamente e escreveu repetidamente sobre ele, antes e depois de seu batismo. Na sua reflexão, guiando-se pelo lugar insubstituível que a fé ocupa na vida humana - sem a fé, esta seria absolutamente impossível -, concluiu que há dois caminhos que conduzem o homem ao conhecimento da verdade, e não um só: a razão que gera a ciência, a autoridade à qual se adere pela fé. Ele diz: "Somos necessariamente conduzidos ao aprendizado por um duplo princípio: a autoridade e a razão. Na ordem do tempo, a autoridade vem primeiro, na ordem da importância, a razão ". Luminosa distinção que permite à linha doutrinária do bispo de Hipona passar incólume entre as rochas opostas do fideísmo e do racionalismo, reunindo, sem confundi-las, as contribuições da razão, que não perde o seu primado em relação ao conhecimento da verdade, e da fé que tem um primado não absoluto, mas temporal. Ele não quer apenas acreditar, mas também compreender, pois "a alma não deseja nada mais fortemente do que a verdade" e a verdade conhecida no esplendor de sua evidência. O fundamento intelectual do pensamento agostiniano é evidente aqui.

Eis o seu programa: "Todos sabem que somos estimulados ao conhecimento pelo duplo peso da autoridade e da razão. Considero definitivamente certo que nunca devo me distanciar da autoridade de Cristo, porque não consigo encontrar outra mais válida. Quanto ao que deve ser alcançado com a investigação sutil da razão, estou confiante de que, entretanto, encontrarei nos platônicos o que não repugna aos nossos sagrados mistérios. Esta, de fato, é a minha disposição atual: aprender o que é verdadeiro não só com a fé, mas também com a razão".

Seguindo esse programa, ele reúne seu método em dois conhecidos efeitos complementares, quais sejam: "crer para compreender" e "compreender para crer". A primeira indica a utilidade da fé, a segunda a necessidade da razão. Na primeira escreveu um livro famoso que tem este título significativo: A utilidade de acreditar . A fé é útil para todos, até para o filósofo.

Essa utilidade é múltipla e pode ser assim resumida: a fé é o remédio que cura o olho do espírito para que se fixe na verdade indefectível; é a fortaleza inexpugnável que defende e assegura qualquer um, especialmente o débil, da multiplicidade dos erros: "este é o verdadeiro método - exclama Agostinho -: acolher os enfermos no baluarte da fé e, colocando-os já em segurança, lutar por eles com todas as forças da razão"; é o ninho onde se colocam as penas para o voo rumo a altos horizontes de verdade; é o atalho que permite conhecer rapidamente e sem esforço as verdades essenciais que são necessárias para levar uma vida sábia.

Mas a fé nunca é sem razão. Eis a razão do segundo preceito que completa o primeiro: "compreender é crer". Ninguém, de fato, acredita em algo "a menos que primeiro tenha pensado que deve acreditar": "crer não significa outra coisa senão pensar com assentimento... fé que não é pensada não é fé".

É a razão, aliás , que demonstra "em quem acreditar". Portanto, "até a fé tem olhos com os quais vê até certo ponto que o que ainda não vê é verdadeiro". Princípio maravilhoso, que não anula a fé, que permanece, como deve ser, assentimento ao que não se vê, mas que insere a razão no contexto da fé, que já vê "até certo ponto" que aquilo que ainda não vê é verdadeiro. "Até certo ponto", porque uma coisa seria ver aquilo em que se acredita - caso em que, aliás, a fé já não seria fé, mas visão: "não há fé quando se vê" - outra coisa é ver apenas que a autoridade a que se adere pela fé é credível. Portanto, se é razoável, em termos de método, que a fé preceda a razão, também é necessário, em termos de credibilidade, que a razão preceda a fé, caso contrário, isso não seria mais fé, mas vã credulidade.

O importante discurso sobre os olhos da fé é um prelúdio daquele sobre as razões de credibilidade, ao qual Agostinho volta com frequência. "Muitos são os motivos que me mantêm no seio (da Igreja Católica).

1.      O consentimento dos povos e das nações me mantém;

2.      a autoridade fundada com milagres, alimentada com esperança, aumentada pela caridade, consolidada com antiguidade;

3.      a sucessão de bispos, da própria sé do apóstolo Pedro, a quem o Senhor, depois da ressurreição, deu para apascentar suas ovelhas, até o presente episcopado;

4.      enfim, o próprio nome de católico, que não sem razão só esta Igreja obteve manter o crente no seio da Igreja Católica, mesmo que a verdade, devido à lentidão da nossa mente e à indignidade da nossa vida, ainda não apareça .

Desta passagem emergem dois aspectos do método seguido por Agostinho para demonstrar a credibilidade da fé, aspectos que podem ser assim resumidos: de autoridade e de globalidade.

a.       A primeira - o método da autoridade - baseia-se nestes pontos essenciais:

1.      a fé ocupa, também nas questões humanas, um lugar insubstituível;

2.       a necessidade de autoridade divina porque a fé é certa: "Existe uma autoridade divina e uma humana; mas somente a autoridade divina é verdadeira, certa e supremamente autoritária";

3.       a providência não pode deixar a humanidade sem "o caminho aberto a todos para a libertação da alma".

b.      O segundo - o método da globalidade - baseia-se na história da salvação que culmina na realidade histórica da Igreja, grande e perene motivo de credibilidade, como dizia o Concílio Vaticano II.

Veja um primeiro resumo deste método na Epístola 137 (4, 15-16). Termina com as estupendas palavras: “Então, qual é a alma anelante da eternidade e pensativa diante da brevidade da vida presente que há de querer lutar contra a luz e a força sublime desta autoridade divina?”. A exposição mais ampla será então encontrada em De utilitate credendi e finalmente na Cidade de Deus que responde às objeções dos pagãos.

Além disso, Agostinho defende a correção do método, que é assegurar os fracos e vacilantes no reduto da fé para depois lutar por eles com todas as forças da razão. Isso é feito por alguns "homens piedosamente instruídos e verdadeiramente espirituais".

Finalmente, do discurso sobre os olhos da fé emerge a estreita união que existe em Agostinho entre filosofia e teologia, à qual se acrescenta a mística como complemento: três momentos da ascensão do espírito rumo à beleza da sabedoria eterna, três momentos profundamente unidos, sem confusão, na alma e no pensamento de Agostinho: a filosofia tira vantagem da fé, e esta da filosofia, e ambas da mística.

Essa união decorre do próprio método de filosofar agostiniano. Este método tem três pontos fixos:

1.       a busca assídua da evidência da razão, da qual decorre o insistente retorno à autoconsciência onde resplandece a percepção imediata da verdade, a ponto de nem a dúvida nem o erro poderem obscurecê-la;

2.       a utilidade do crer que exclui os "argumentadores tagarelas" - "aqueles que não querem partir da fé" - e prepara para o conhecimento direto da verdade;

3.       a tensão sapiencial que nos leva a buscar a verdade como sumo bem e, portanto, não só a conhecê-la, mas também amá-la e possuí-la. Portanto, este amor primeiro será exaustivo porque está sempre em busca, em movimento; então frutífero , quando a verdade aparecerá em plena visão. Com efeito, a sabedoria não é outra senão «a verdade na qual se conhece e se possui o sumo bem ».

É precisamente este método que confere ao pensamento agostiniano as prerrogativas que o distinguem: luminosidade e calor.

AGOSTINHO - A BUSCA DE DEUS

 



Étienne Gilson 

A BUSCA DE DEUS ATRAVES DA INTELIGENCIA

REFLEXÕES SOBRE A OBRA DE SANTO AGOSTINHO

 

 

Síntese de Paolo Cugini

 

 

 

Primeiro degrau: a fé

 

O primeiro passo sobre o caminho que aponta o pensamento rumo a Deus é a aceitação da revelação mediante a fé. Para realizar esta analise Agostinho utiliza o material da própria experiência pessoal. Por muito tempo, de fato, Agostinho buscou a verdade com a razão; na época das suas convicções maniqueias, pensou até de tê-la encontrado com este método, depois de um período de sofrimento interior, no qual passou também através do ceticismo, Agostinho percebeu que a fé era o caminho certo. Agostinho assim se questionava: não é melhor crer para saber mais do que saber para crer?

Segundo Agostinho crer é um ato do pensamento tão natural e necessário, que não dá pra pensar uma vida humana aonde o crer seja colocado em primeiro lugar. O crer é um pensamento acompanhado de um assentimento. Na vida real acontece que acreditamos aquilo que não podemos saber[1]. O crer, então, é um itinerário do pensamento tão normal, de ser a condição da mesma família e da sociedade.

Além disso, podemos afirma que o crer não tem nada de irracional.

Neste sentido Agostinho nos convida a nos afastar do orgulho humano e de acolher a verdade que Deus nos oferece. A fé então, passa por primeira e a inteligência em segunda. A doutrina agostiniana dos relacionamentos entre fé e razão comporta três momentos:

 

1.                      preparação á fé mediante a razão;

2.                      o ato de fé;

3.                      compreensão do conteúdo da fé.

 

A razão é a condição primeira da mesma possibilidade da fé. O homem é o único ser que possa acreditar porque é o único ser dotado de razão. O homem é a imagem de Deus enquanto é um pensamento que se enriquece progressivamente de sempre maior inteligência, graça ao exercício da razão. Assim a razão vem naturalmente antes da inteligência e também antes da fé. Menosprezar a razão significa, então, menosprezar em nós a imagem de Deus. Só que não podemos confiar só na razão para buscar a Deus.

Através do pecado a imagem de Deus foi deformada e por tanto, também a razão vive esta condição. Deformamos em nós a imagem de Deus, mas ao mesmo tempo nós mesmos não conseguimos reformá-la[2]. Aquilo que a razão pede é um socorro do alto que faça aquilo que ela mesma não consegue realizar. A razão pede a Deus a fé como uma purificação do coração que, libertando-a da feiúra do pecado[3], a ajudará de acrescer a própria luz e de voltar a ser plenamente uma razão.

O primeiro progresso deste socorro que a fé oferece a razão, consiste no encontrar-se amparada na verdade. A fé não vê com clareza a verdade, mas pelo menos consegue a vislumbrar algo da verdade. Ela não vê ainda aquilo que acredita, mas já deseja aprofundar este conhecimento. A fé agostiniana é ao mesmo tempo adesão do Espírito á verdade sobrenatural e humilde abandono de todo o homem á graça de Cristo. A adesão do Espírito á autoridade de Deus supõe a humildade, mas a humildade supõe uma confiança em Deus, ela mesma ato de amor e caridade. Se então se toma o caminho espiritual, aquele que adere á Deus com a fé, não submete simplesmente o seu espírito á letra das formulas, mas dobra a sua alma e todo o seu ser á autoridade de Cristo, que nos doa o exemplo da sabedoria e nos confere os meios para alcançá-la. A fé é o primeiro ato humano seja purificador que iluminador. Eis porque o pensamento humano deve encontrar-se profundamente transformado graça a fé. A recompensa que ele recebe da fé é exatamente a inteligência.

Crer em Deus significa amá-lo. Deus exige uma fé que opere mediante a caridade. Os santos já sabem aquilo que nós acreditamos.

Se temos a obrigação de aceitar a verdade e de pedi-la para recebê-la, a buscamos e a aceitamos mesmo para possuí-la. Buscai e encontrarei quer dizer então, que quem crê ainda não encontrou plenamente; de fato a fé busca, mas é a inteligência que encontra. A inteligência é a recompensa da fé[4].

Deus nunca disse que crer nele seja o objetivo ultimo do homem. De fato, não é no acreditar nele, mas no conhecê-lo[5] que consiste a vida eterna. A fé não é fim a si mesma: ela é o penhor de um conhecimento que debruçara definitivamente na vida eterna.

A razão sozinha é incapaz de conduzir o homem á sabedoria beatifica[6]. A razão sozinha não consegue chegar ao fundamento ultimo da verdade, atingir a Sabedoria sem o socorro da fé[7].

Todas as verdades reveladas podem, em certa medida serem conhecidas; nenhuma delas, porém, pode ser exaurida, pois elas têm Deus como objeto. Se é verdade que a fé busca e a inteligência encontra, Aquele que ela encontra é tal que, encontrando-o, o busca ainda. A fé em Deus precede até a prova da sua existência, para nos estimular a descobri-la, pois é rumo a Deus que a Sabedoria nos conduz, e não se chega a Deus sem Deus.

 

 

Segundo degrau: a evidencia racional

 

O primeiro conselho que Agostinho oferece aquele que entende provar a existência de Deus é de acreditar nele. Antes de demonstrar a existência de Deus é preciso responder aqueles que sustentam que nada é demonstrável. O erro do qual tinha sofrido o jovem Agostinho era o ceticismo da Nova Academia. Os Acadêmicos negam que é possível conhecer algo.  Segundo eles em filosofia nunca se consegue a saber algo.

Agostinho elaborou duas teses sobre o conhecimento sensível:

- considerada como uma simples aparência, tomada como aquilo que é realmente, o conhecimento sensível é infalível;

- colocada como critério da verdade inteligível, da qual difere em modo especifico, nos leva necessariamente no erro.

Na obra “De vita Beata” Agostinho mostra que a certeza da existência do sujeito pensante é fundada sobre a certeza da existência do pensamento. Esta verdade incontestável, é a primeira de todas as certezas.

 

 

Terceiro degrau: a alma e a vida

 

  O pensamento, enquanto se liberta da duvida com a certeza da própria existência, se colhe ao mesmo tempo como uma atividade vital de ordem superior, pois pensar equivale a viver. Então, toda vida tem um próprio principio, ou seja, uma alma; o pensamento, portanto, pertence á ordem da alma. Nessa altura o primeiro problema que deve ser resolvido é sobre a natureza da alma. Agostinho insiste sobre o fato que a alma é uma substancia. Segundo Agostinho a alma é a parte superior do homem[8] O homem é uma alma razoável que se serve de um corpo[9]. Todas as provas concernentes a distinção da alma do corpo são apoiadas sobre o principio que as coisas nas quais  pensamento reconhece necessariamente propriedade essenciais distintas, são necessariamente também coisas distintas. Então o corpo é algo por definição de extenso, longo, largo, e profundo[10]. Nada disso pode-se dizer da alma; a alma, portanto, não é um corpo.

A única coisa da qual a alma é segura, é e ser um pensamento; como conseqüência ela tem direito de distinguir-se de tudo aquilo que não é ela mesma e o dever de não atribuí-lo a si. Sendo que a essência do pensamento é o conhecer, isso capta no mesmo tempo seja a própria substancia que a própria existência; sabe aquilo que é, mesmo enquanto é.

A alma confere vida ao corpo. Agostinho não conseguiu resolver o problema da unidade da pessoa, ou seja o problema do homem. Isso é devido ao fato que Agostinho começa sempre a sua reflexão das verdades da tradição bíblica. A plenitude da reflexão cristã sempre antecipou em Agostinho a sua filosofia. Sobre o homem temos então reflexões plotinianas. Somente santo Tomas conseguirá a resolver o problema deixado aberto por Agostinho.

 A alma é toda inteira em todas as partes do corpo tomadas juntas e toda inteira em cada parte, tomada em particular. A inteira doutrina é suspensa ás idéias de Deus; agora, quando se chega até o fim do problema, a razão metafísica da união da alma e do corpo em santo Agostinho é que a alma deve servir de tramite entre o corpo que vivifica e as Idéias de Deus que o animam. A alma pelo fato de ser espiritual não é separada do nada das idéias divinas, também elas de natureza espiritual. O corpo, pelo fato que é extenso no espaço, é incapaz de participar diretamente á natureza das idéias.

Aquilo que é certo é que a alma é criada por Deus do nada, como todas as substancias.

O corpo se une a alma por amor, como uma força ordenadora e conservadora que o vivifica e o move por dentro[11].

Nos Soliloqui mutua do Fédon do Platão o argumento sobre a subsistência da verdade: a verdade é naturalmente indestrutível[12]. A alma, então, é indestrutível. A alma é vida por definição. A imortalidade da alma participa da evidencia do pensamento.



[1] Cf o exemplo que Agostinho faz sobre o relacionamento entre pai e filho: o filho acredita no pai sem saber se ele mesmo é o seu pai (cf. De Civitate dei, XI,3).

[2] Cf. Homilia 43, 3,4.

[3] Cf. Comento al \salmo 123,2.

[4] Cf. Comento ao Evangelho de João 29,6; carta 120,I,2; Homilia 43 I,1.

[5] Cf. Jo 17,3.

[6] Contra Giuliano pel., IV, 14,72.

[7] Nisso Agostinho se distancia de Platão.

[8] Nisso é clara a influencia do pensamento platônico.

[9] De moribus eccl. Cath. I,4,6.

[10] Cf. De quantitate animae III, 4.

[11] De Civ. Dei XI, 23, 1-2.

[12] Solil. II, 19,33.

AGOSTINHO- AULAS

 




(Aulas; Paolo Cugini)

 

[1]

- Plotino mudou o modo de pensar de Agostinho. Oferecendo-lhe novas categorias que iriam romper os esquemas do seu materialismo.

  • A fé também oferece a Agostinho novos elementos      nascia o filosofo for na fé     a fé estimula e provável a inteligência. A inteligência não diminui a fé, mas a clarifica.    Is 7, 9 (devera roll p-40)

 

[2]  Problema em Agostinho não é o mundo mas o homem.

Agostinho propõe o problema do homem no concreto, do homem como individuo como pessoa. Com pessoa Agostinho torna-se protagonista da sua filosofia.

 

Plotino     fala da alma em abstrato, em geral.

     Nunca falou de si mesmo.

 

Agostinho é nas tensões intimas e lacerações de sua vontade posta em confronto com a vontade de Deus, que Agostinho descobre o eu. (confissões p 62; 73; 139; 142; 147; 174; 176; 223).

 

Novidade     o homem interior é imagem de Deus e da Trindade. Deus se espalha na alma. E a alma e Deus são os pilares da filosofia cristã de Agostinho.

 

[3] A verdade e a iluminação

Como é que o homem chega a verdade?

Se falhar, rum      se duvido, existo e estou certo de pensar.

 

Etapas do processo coletivo:

 

a)      Na sensação o corpo é passivo e a alma ativa (cl texto).

b)      A alma mostra a sua autonomia em relação as coisas corpóreas à medida que as julga com a razão.

- Os critérios segundo os quais a alma a julga são imutáveis e perfeitas    isto se torna evidente quando julgamos os objetos sensíveis com critérios matemáticos, ou astéticos, ou éticos.

c) De onde a alma deriva esses critérios? Também a alma é imutável, logo não é ela que os produz – Então é necessário concluir que, acima de nossa mente existe uma lei      verdade    é a medida de todas as coisas.

d) essa realidade que captamos com o puro “intelecto” é constituída pelas idéias.

Agostinho reforma Platão, em 2 pontos:

1)      Faz idéias os pensamentos de Deus.

2)      Rejeita a doutrina da reminiscência    ele a repensa ex novo.

 

 

      Iluminação: Platão    as almas humanas contemplaram as idéias antes de encarnar-se nos corpos e depois se recordam delas na experiência concreta.

 

     Agostinho: a suprema verdade de Deus é uma espécie de luz que ilumina a mente humana no ato do conhecimento, permitindo-lhe captar as idéias, entendidas como as verdades eternas presentes na própria mente divina.

 

   Agostinho: só a mens, a parte mais elevada da alma chega ao conhecimento das Idéias.

 

    Só a alma santa e pura capta a verdade.

 

 

 

[4] Deus

A demonstração da existência da certeza e da verdade coincide com a demonstração da existência de Deus.

 

                  1)partindo das características de perfeição do mundo, remota ao seu artéfice.

Provas       2)Consensus gentium – toda espécie humana confessa que Deus é criador do          mundo.

                  3)diversos graus de bem até chegar ao Dom – Deus.   

 

- Agostinho demonstra a existência de Deus para amá-lo. (cf confissões). Ser, verdade, Bem (e Amor) são os atributos essenciais de Deus para Agostinho.

- É impossível para o homem uma definição da natureza de Deus.

 

[5] Trindade

a) conceito básico – identidade substancial dos três pessoas, e não são hierarquicamente distinguíveis.

 

Deus é               Pai

                          Filho                       Eles são inseparáveis no Ser e operam inseparavelmente.

                          Espírito Santo

 

    Não tem diferença hierárquica, antológica nem de funções      a Trindade é o único verdadeiro Deus.

b) Agostinho realiza a distinção entre as pessoas com base no conceito de realização. Para Agostinho cada um das três pessoas é distinta das outras, não antologicamente # - o Pai tem o Filho, mas não é o Filho. E o Filho tem o Pai, mas não é o Pai. Mesmo se diga de Esp.

Tais atribulações não pertencem a dimensão do ser, mas da relação.

 

c)      Analogias triódicas  que Agostinho descobre no criado.

Todas as coisas criadas apresentam             unidade

                                                                      Forma

                                                                      Ordem

Mente humana                é mente

                                        Conhece-se a si mesma

                                        Ama-se a si mesma

 

As analogias triodicas são como vestígios deixados pela Trindade.

 

- Conhecimento do homem e conhecimento de Deus Uno - Trino iluminou-se mutuamente.

 

 

[6] Doutrina da criação

Problema dos antigos: por que e como os múltiplos, derivaram do Uno? Por que do Ser nasceu o devir?

 

Platão – Timeu –demiurgo

Real: acima do demiurgo está o mundo das idéias abaixo está a matéria informe (eterna como as idéias e como o domingo).

 

- a obra de domingo não é de criação, mas sim de fabricação.

Agostinho – A criação das coisas se dá a do nada (ex nililo).

 

- não da substancia de Deus nem de algo que preexistia.

Uma realidade pode derivar de outra de três modos:

a)      por geração – deriva da própria substância do gerador.

b)      Por fabricação

c)      Por criação: a partir do nada

 

Deus “gera”da sua própria substancia o Filho que é idêntico ao Pai, ao passo que “cria” o cosmo do nada.

A diferença entre geração e a criação

- criar é ato livre, gratuito, é dom divino.

- ao criar o mundo do nada, Deus criou, juntamente com o mundo, o próprio tempo.    o tempo está estruturalmente ligado ao movimento. Não há movimento antes do mundo.

 

[7] Doutrina das idéias e das razões seminais

Deus criou o mundo conforme a razão. Criou cada coisa conforme um modelo que ele próprio produziu como seu pensamento e as idéias. São estes pensamentos – modelo de Deus e como tais são verdadeiras

Realidade, ou seja, eternas e imutáveis.

 

Teoria das razões seminis: A criação do muno ocorre de modo simultâneo. Mas Deus não cria a totalidade das coisas possíveis como já concretizados: ele insere no criado as “sementes” de “germes” de todas as coisas possíveis.

A evolução do mundo é a realização de tais razões seminais, e então, um prolongamento de ação criadora (ler texto p 111).

 

[8] A eternidade e o tempo

Tempo é criação de Deus. (confissões p 335)

Tempo e eternidade são duas dimensões incomensuráveis.

 

Tempo: implica passado, presente e futuro.

[...]

Existe no espírito do homem, pois é no espírito do homem que se mantém presente tanto o passado como o presente e o futuro.

 

Não está no movimento, mas na alma.

Presente         do passado – memória

                      do presente – intuição

                      do futuro – espera

 

[9 ]  O Mal

 

Encontra em Plotino a resposta – o mal não é um ser, mas deficiência e privação do ser.

a)      Plano metafísico: não existe mal no cosmo, mas apenas graus inferiores de ser em relação a Deus. (...)

b)      Plano moral: é o pecado – depende da má vontade – é escolha de eu ser inferior ao invés de ser impuro

c)      Plano físico: doença – conseqüência de pecado original.

 

[10] Vontade, liberdade, graça

A liberdade é própria da vontade e não da razão.

 

Contra Sócrates: A razão pode conhecer o bem e a vontade rejeitando, pois, a vontade é uma faculdade diferente da razão.

 

O arbítrio da vontade é verdadeiramente livre quando não faz o mal.

Depois do pecado original a vontade se corrompem tornando-se necessidade da graça divina.

 

Conseqüência – o homem não pode ser autárquico em sua vida moral.

O homem é vencido pelo pecado – liberta-se do pecado só com a graça e com a livre escolha dessa graça.

Mal: amor a si mesmo

Bem: amor a Deus

 


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