segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

THOMAS HOBBES (1588-1679)

 




 

(Anotações de Paolo Cugini)

 

Filosofia

H. tinha uma grande aversão a Aristóteles e ao pensamento escolástico. O autor mais influente no pensamento de H. Foi Galileu. H. destaca:

a.       a necessidade de fundar uma nova ciência do Estado com base no modelo de Galileu;

b.      a inconsistência da filosofia grega

c.       a negatividade da mistura operada pela filosofia medieval entre a Bíblia e a filosofia

d.      necessidade de expulsar o monstro metafisico e distinguir a filosofia da religião.

A filosofia por Hobbes é de máxima utilidade pós aplicando as normas cientificas á moral e á politica poderá evitar as guerras civis e garantir a paz.

A filosofia tem como objetivo os corpos, suas causas e suas propriedades. Não se ocupa de Deus nem de história.

Os corpos são:

a.       Naturais inanimados

b.      Naturais animados

c.       Artificiais

Por isso a filosofia deve ser tripartida. Deve tratar:

a.       Do corpo em geral: De corpore

b.      Do corpo do homem: De homine

c.       Do cidadão e do Estado: De cive

A filosofia pode se articular assim:

·         Ciência dos corpos naturais

·         Ciência dos corpos artificiais

 

A logica

Logica: elabora as regras do modo coreto de pensar. Os pensamentos são fluidos e devem ser fixados como sinais sensíveis, capazes de reconduzir á mente pensamentos passados, bem como registrá-los e sistematizá-los e transmiti-los aos outros. Foi assim que nasceram os nomes que foram forjados pelo arbítrio humano.

Os nomes positivos e os correspectivos negativos não podem ser atribuídos a mesma coisa pensada em um mesmo tempo e a proposito do mesmo dado.

Os nomes comuns não indicam conceitos universais, porque só existem indivíduos e conceitos de indivíduos, mas trata-se apenas de nomes de nomes, não tendo, portanto, referencia á realidade e não significando a natureza das coisas, mas somente aquilo que nós pensamos dela.

A definição não expressa a essência da coisa, mas simplesmente o significado dos vocábulos.

Das conexões de nomes nasce a proposição. Tudo é fruto do arbítrio dos primeiros a estabelecer. nomes.

Raciocinar é conectar nomes, definições e proposições em conformidades com as regras, fixadas por convenções. Raciocinar é também multiplicar e dividir.

O nominalismo de Hobbes não se funda em bases céticas, mas muito mais empíricas, sensistas e fenomênicas.

Corporeísmo e mecanicismo

Conhecemos exatamente aquilo que nós mesmo estabelecemos, fazemos e construímos. A causa principal das coisas é o movimento quantitativamente determinado, medido matemática e geometricamente.

É possível explicar toda a realidade com base em dois elementos:

1.      Do corpo entendido como aquilo que não depende do nosso pensamento e que coincide e se co-estende com uma parte do espaço:

2.      Do movimento entendido do modo que indicamos.

As qualidades são fantasmas sensíveis, ou seja, efeitos dos corpos e do movimento.

Também os processos cognoscitivos não podem ter outro tipo de explicação senão o mecanicista. Também são movimentos os sentimentos de prazer e de dor, o amor e o ódio, o querer.

Hobbes nega a liberdade, pois o movimento e os nexos mecânicos que derivam são rigorosamente necessários.

 

A teorização do Estado Absolutista. O Leviatã

Pressupostos que constituem a base da construção da sociedade e do Estado de Hobbs:

a.       Existe um bem primo e originário que é a vida e a sua conservação

b.      Não existem valores absolutos e então não existe justiça e injustiça, mas estas são o fruto de convenções estabelecidas por nós mesmos, por isso são conhecíveis de modo perfeito a priori

Egoísmo e convencionalismo são os pontos cardeais da nova ciência política que, segundo Hobbes pode se desdobrar como sistema dedutivo perfeito.

Segundo Hobbes cada homem é bem diferente dos outros e não são ligados por consenso espontâneo como os dos animais por estas razões:

a.       Entre os homens existem motivos de contenda que não existe entre os animais;

b.      No homem o bem privado difere do bem público;

c.       O homem percebe defeitos em sua sociedade, querendo introduzir continuas novidades, que constituem causa de discórdia;

d.      Os homem tem palavra e essa é causa de guerra

e.       Os animais não se censuram entre eles;

f.        Nos animais o consenso é natural;

g.      O Estado, por tanto, não é natural, mas sim artificial.

 

O mundo dos homens é um mundo conflitual, que provoca desigualdade e predominância de um sobre os outros. Nesta situação o homem corre o perigo de perder o bem primário: a vida. O homem escapa das situações ruins recorrendo a dois elementos básicos:

a.       Os instintos: desejo de evitar a guerra para salvar a vida; necessidade de conseguir o necessário pela sobrevivência.

b.      A razão: instrumento capaz de realizar aqueles desejos de fundo.

É por isso que nascem as leis de natureza, que sã uma forma de racionalização do egoísmo, as normas que permitem concretizar o instinto de autoconservação. No Leviatã Hobbes relata 19 destas leis.

1.      O homem deve se esforçar a buscar a paz

2.      Renunciar ao direito sobre tudo

3.      Necessidade de cumprir os acordos feitos

4.      Restituir os benefícios recebidos

5.      Cada homem deve tender a se adaptar aos outros

6.      Deve-se perdoar aquele que se arrependem

7.      Nas vinganças não se deve olhar para o mal passado, mas para o bem futuro

8.      Não se deve declarar ódio para com os outros

9.      Cada homem deve reconhecer o outro como igual a si por natureza

10.  Ninguém deve pretender que seja reservado para si qualquer direito que não lhe agradaria que fosse reservado a outro homem.

11.  Princípio de equidade no julgamento dos outros.

Em si mesmas estas leis não bastam. É preciso que todos os homens deleguem a um único homem (ou a uma assembleia) o poder de representá-lo.

Este pacto social é firmado pelos súditos entre si. O soberano permanece fora do pacto, restando como único depositário da renúncia dos direitos dos súditos, o único a manter todos os direitos originários. Por isso, o soberano está acima da justiça. Todos os poderes devem ser concentrados em suas mãos. O Estado, por isso, pode interferir em matéria de religião e pode intervir em matéria de interpretação da Bíblia.

Leviatã designa o Estado como monstro invencível, mas também como deus mortal.  

 

BIBLIOGRAFIA

HOBBES, T. Leviatã, ou Matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil, Martin Claret, 2014.

HOBBES, T. Questões sobre a liberdade, a necessidade e o acaso, São Paulo: Unesp, 2022.

HOBBES, T. Do cidadão, São Paulo: Edipro, 2015.


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