LEIBNIZ (Lipsia 1646-1716)
Paolo Cugini
(anotações do professor)
Ele tentou reconciliar a
tradição filosófica de Aristóteles e com a religião cristã e com o pensamento
científico.
Se ocupou de matemática, física, política,
religião, filosofia. Em contemporânea com Newton formaliza o cálculo
infinitesimal. Leibniz não foi um escritor sistemático, mas escreveu muitos
livros.
a.
Ensaio
de Metafisica
b.
Monadologia
(1714)
c.
Novos
ensaios sobre o intelecto humano
DEBATE COM A FILOSOFIA DO SEU
TEMPO
Ordem contingente
A filosofia no tempo de
Leibniz vive uma profunda crise. De um lado tinha a visão finalística de tipo
Aristotélico e religioso. Deus é livre e criou o mundo de uma forma com um fim
preciso. É uma visão que garante a liberdade.
Em paralelo emergiu no ‘600 a
visão dos mecanicistas de Spinoza, e dizia que o nosso mundo não admite a
liberdade. Tudo acontece com princípios de causa e efeitos e, por isso, não
existe liberdade. Tudo acontece segundo uma lei intrínseca. O mundo existe
porque a substância se expressou desta maneira. Que o mundo exista deste jeito
é uma lei e não podia ser feito de forma diferente. Ninguém escolheu como fazer
o mundo: se trata de leis intrínsecas, necessárias. O universo não é livre,
pois o universo não tem fins, objetivos. Esta é também a ideia de Newton no
campo da física. O mecanicismo sustenta que não existem objetivos no universo.
Leibniz tenta de colocar em
comunhão estas duas visões. Ele faz um exemplo. Colocar pontos num quadro, de
forma livre. Depois vamos passar uma linha nestes pontos. Se desenhamos esta
linha e colocar nos eixos cartesianos conseguiremos um cálculo. Esta é a prova
que o mundo não é o único possível. Os pontos podiam ser colocados de uma forma
diferente. Leibniz demostra que o nosso mundo podia ser feito de forma
diferente: existem infinitos mundos possíveis, mas pode ter regularidade.
É possível que existe
liberdade e ordem: não é uma contradição. Em Leibniz Deus existe e escolhe de
criar um mundo ordenado, mas livre. Deus escolheu o melhor dos mundos possíveis
do ponto de vista do objetivo que Deus quer alcançar: esta é a ideia de
Leibniz. Somente um mundo se realiza entre todos aqueles que podiam serem
realizados. Este foi o único mundo que pode levar a alcançar o objetivo de
Deus, que para nós é obscuro, E para alcançar estes objetivos o mundo passa
também através do sofrimento.
VERDADE
1.
Verdade de razão:
é o campo da lógica. O triangulo tem três latos. É uma verdade a priori, que
basta a razão para demostrar isso. É uma verdade idêntica, dizem que uma coisa
é igual a si mesma. São aplicados os princípios de identidade e de
não-contradição. A frase explica algo que já nós conhecemos. Não posso dizer,
de fato, que o triângulo não tem três lados. Aqui ordem e necessidade
coincidem, mas é verdade somente no campo da lógica.
2.
Verdade de fato:
campo da realidade. Cesare passou o Rubicão. Esta é uma verdade de fato e posso
sempre pensar o seu contrário. Aqui não tem necessidade. Cesar podia passar o
rio ou podia não passar o Rubicão. As verdades de fato não são idênticas em si
mesmas. Pode acontecer ou pode não acontecer: são possibilidades que dizem de
uma liberdade, que não existe na verdade de razão. Estas verdades são
conhecíveis a posteriori e não a priori: esta é uma outra diferença entre
verdade de fato e verdade de razão.
Aprofundando nos demos conta
que as coisas não são tão separadas como aparece. As verdades da razão derivam
da razão, são inatas. Para Locke nada é inato. Para Leibniz existem, pois as
verdades de razão se baseiam sobre ideias inatas e no começo são confundidas e
se tornam claras através da experiencias. Kant retomará a reflexão de Leibniz.
As verdades de fato derivadas
da experiencia: Cesar passou o Rubicão. Cesar (A) Rubicão (B): A faz B. Cesar é
aquele homem que passou o Rubicão: A é igual a A+B. Quando é que isso é verdade
na matemática, quando B é igual a 0. O que significa quer é igual a 0,
significa que a segunda parte da frase seja entendida já na primeira. O
problema é que isso acontece nas verdades idênticas. A informação a mais é
somente aparência. As verdades de fato não são muito diferentes das verdades de
razão. Em Deus as duas verdades coincidem. As verdades são de fato para nós,
que não sabemos aquilo que vai acontecer, mas Deus sabe tudo.
3.
A razão suficiente: Um sujeito que tenha a disposição suficientes
dados pode explicar porque um fenômeno se realiza numa maneira em vez que numa
outra.
Aqui é o paradoxo da liberdade
que se encontra no cristianismo.
COSMOLOGIA E FISICA
Leibniz acha que o
mundo é diferente de como aparece. Leibniz achaque superando a aparência pode se
encontrar uma verdade mais profunda. Atrás da superfície existe uma verdade
profunda que deve ser descoberta. Leibniz continua a reflexão do ponto em que
tinha chegado Descartes, que tinha estabelecido que Deus tinha dado ao mundo
duas características: extensão e movimento. Segundo Leibniz o mundo é
constituído de átomos que a um certo ponto não são divisíveis. Leibniz a um
certo ponto ache que o atomismo é errado.
Lei da
continuidade: na natureza
não faz saltos. Duas características do mundo: energia, a força. O atomismo é
absurdo. Leibniz estuda a natureza, as formigas. Se não existe um fundamento
material, isso quer dizer que a matéria não pode ser fundamento das coisas.
Deve ter algo de diferente. Leibniz ache que Descartes errou. É a força viva
que se conserva, a energia cinética. Enquanto o movimento se transmitia através
da matéria para Descartes, por Leibniz o fundamento do mundo é algo de
imaterial.
A matéria não é raiz das
coisas, mas também a matéria se fundamenta sobe a força, a energia. O
movimento, o tempo, a matéria é uma maneira da energia de se manifestar. A
matéria não existe em si, mas é um reflexo da energia.
Dois tipos de forças: passiva e ativa.
·
Passiva: resistência que a força opõe a energia.
·
Ativa:
força que empurra as coisas.
A matéria é a manifestação da
energia. a realidade é feita forças ativas e passivas. Somos a tentativa de nos
realizarmos e, ao mesmo tempo, a energia passiva se opõe. Aquilo que freia a
energia é a matéria. A matéria é a força como ela se manifesta.
Leibniz supera o dualismo de
Descartes entre rex cogitans e rex extensa. Este dualismo criava
problemas. Segundo Leibniz Descares errou, pois, a matéria não existe,
mas é somente uma maneira da força, da energia se manifestar. A rex
extensa é na realidade rex cogitans. A raiz das coisas é espiritual.
MONADOLOGIA
Monade: Segundo Leibniz em cada matéria, evento tem a
semente daquilo que poderia acontecer. Deus conhece a razão suficiente de todos
os passos. Constituem o ser. Nós somos formados por monades. São substancias
espirituais.
As substâncias individuais são
as almas. Estas substâncias individuais contém os sinais de tudo aquilo que irá
acontecer. Tudo está escrito na semente originaria.
Substâncias individuais: são
interligadas entre elas. As substâncias individuais não contêm somente as
sementes daquilo que irá acontecer pessoalmente, mas também no universo.
Tudo está interligado.
1696: começa a falar de
monades, que são substâncias espirituais.
Monade: átomo espiritual. O espírito é possível dividir até
chegar a uma substância minimal, que é chamada monade, a menor parte de uma
substância. Não tem forma e é eterna. Deus criou as monades e somente ele pode
destruí-las. Monade não é a alma, é algo menor. É uma força. Nós somos formados
de tantas monades. Todo corpo é formado de tantas monadas.
As monadas contêm os sinais
daquilo que serão e também os sinais de todo o universo. As monadas são átomos
fechados, não tem janelas, não comunicam com o externo, não tem relações. Se a força corresponde as mondas então devem
existir monadas com características diferentes. Tem uma hierarquia das monadas:
existem monadas mais perfeitas de outras.
Também Deus é uma monada, é a
monada mais perfeita.
Não tendo janelas a monada não
consegue a influenciar o mundo externo, mas se representa o externo, o cosmo do
próprio ponto de vista. Somente Deus tem uma representação perfeita de tudo.
Todas as coisas são
constituídas de monadas. Os seres viventem são agregados de monadas, mas de
diferentes níveis. Existe uma monada que tem unidos tudo: a monada dominante.
O homem é algo de diferente. Existe uma monada superior que garante a unidade
de todas as monadas. É a monada dominante, que Leibniz chama de alma. Isso vale
para todos os seres viventes, ou seja, plantas e animais. Também Aristóteles
falava isso.
A matéria é a monade na sua
passividade. As monades não tem janelas, não se falam. Apesar disso, se
representam o mundo, dentro delas tem uma imagem de tudo aquilo que existe. Para
descartes entre alma e corpo a comunicação é continua. No sistema de Leibniz
isso é mais complicado. Como é possível que aquilo que imagino corresponde a
realidade. Este é um problema presente no sistema de Leibniz.
Percepção: capacidade de
representar o mundo
Apetições: capacidade de
passar de uma representação a outra.
A mondas tem as duas. Algumas tem a apercepção, ou seja, a consciência
das nossas percepções. Nas monadas das pedras, por exemplo, é presente o
reflexo do mundo. Todos os corpos agem sobre de nós. As monadas são uma forma
de forças, e sentem a realidade, percebem a realidade. Todas as monadas tem
percepção.
O ser humano é feito de
monadas e tem a monada dominante, eu percebo, se representa o mundo e se rende
conta de perceber, ou seja, tem apercepção.
Leibniz fala de matéria prima
e segunda.
Matéria prima: monadas elementares, privas de vida, são inferiores,
monadas que percebem, mas não tem apercepção.
Monadas segundas: são os agregado de monadas, como o nosso corpo.
Toda monade tem em si a consciência
de tudo aquilo que tem ao seu redor. No começo esta consciência é muito
confundida. Quando a monada se desenvolve a percepção se torna mais evidente.
Por isso Leibniz é um inatista. As monades conhecem o mundo porque é já dentro
delas, apesar que no começo seja confuso. O nosso conhecimento não depende,
então, da nossa experiencia, mas sim do conhecimento inato das monadas.
Exemplo: estou percebendo uma mesa na minha frente. Esta
percepção não depende da minha experiencia, mas sim das monadas. O meu
conhecimento é de tipo a priori, é uma passagem da percepção para uma apercepção.
Tudo aquilo que nós faremos são já escritas dentro de nós. É uma forma do
pensamento aristotélico de potência e ato.
Problema: como recebemos dados do externo?
Doutrina da harmonia
preestabelecida: exemplo dos
dois relógios. Deus e o artífice dos relógios. Como é possível que os dois
andam juntos? Como é possível que a alma e o corpo sejam em sincronia? Rex
cogitans e rex extensa.
Primeira hipótese: No homem a alam e corpo são como os dois relógios.
Como fazem a caminhar juntos. Para descartes a solução foi a glândula pineal. Segundo
Leibniz esta posição é pouco profunda e não explica o problema.
Segunda hipótese: ocasionalistas. Existe uma intervenção constante do construtor
dos relógios. É um Deus que intervém constantemente. Segundo Leibniz alguns fenômenos
acontecem sem a intervenção de Deus. ´uma visão redutiva de Deus.
Terceira hipótese: harmonia preestabelecida. Deus criou os relógios para
que funcionem bem. Nós temos monades e estas são sempre em harmonia entre elas,
porque Deus as construiu bem sem precisar intervir depois.
Nas monadas já tem escrito
tudo aquilo que acontecerá: esta é a consequência da criação de Deus, que cria
tudo com cuidado e ordem. Até quando não vivo o determinado evento, não o conheço.
Tudo é já escrito, mas temos consciência quando acontece. Não somos
necessitados, porque as coisas acontecem: é uma forma de inatismo potencial.
Não aprendemos das coisas do mundo, mas a nossa vida é uma realização das
nossas potencialidades. O mundo externo não tem nenhuma possibilidade de
ensinar algo pra nós. É o innatismo radical. É importante lembrar que quando
Leibniz escreve, na Inglaterra está se desenvolvendo o pensamento empirista,
que sustenta o exato contrário daquilo que Leibniz afirmava. Os sentidos, para
Leibniz, não são fonte de conhecimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário