sexta-feira, 22 de março de 2024

LEIBNIZ (Lipsia 1646-1716)

 



LEIBNIZ (Lipsia 1646-1716)

Paolo Cugini

 

(anotações do professor)

 

Ele tentou reconciliar a tradição filosófica de Aristóteles e com a religião cristã e com o pensamento científico.

 Se ocupou de matemática, física, política, religião, filosofia. Em contemporânea com Newton formaliza o cálculo infinitesimal. Leibniz não foi um escritor sistemático, mas escreveu muitos livros.

a.   Ensaio de Metafisica

b.   Monadologia (1714)

c.    Novos ensaios sobre o intelecto humano

 

DEBATE COM A FILOSOFIA DO SEU TEMPO

Ordem contingente

A filosofia no tempo de Leibniz vive uma profunda crise. De um lado tinha a visão finalística de tipo Aristotélico e religioso. Deus é livre e criou o mundo de uma forma com um fim preciso. É uma visão que garante a liberdade.

Em paralelo emergiu no ‘600 a visão dos mecanicistas de Spinoza, e dizia que o nosso mundo não admite a liberdade. Tudo acontece com princípios de causa e efeitos e, por isso, não existe liberdade. Tudo acontece segundo uma lei intrínseca. O mundo existe porque a substância se expressou desta maneira. Que o mundo exista deste jeito é uma lei e não podia ser feito de forma diferente. Ninguém escolheu como fazer o mundo: se trata de leis intrínsecas, necessárias. O universo não é livre, pois o universo não tem fins, objetivos. Esta é também a ideia de Newton no campo da física. O mecanicismo sustenta que não existem objetivos no universo.

Leibniz tenta de colocar em comunhão estas duas visões. Ele faz um exemplo. Colocar pontos num quadro, de forma livre. Depois vamos passar uma linha nestes pontos. Se desenhamos esta linha e colocar nos eixos cartesianos conseguiremos um cálculo. Esta é a prova que o mundo não é o único possível. Os pontos podiam ser colocados de uma forma diferente. Leibniz demostra que o nosso mundo podia ser feito de forma diferente: existem infinitos mundos possíveis, mas pode ter regularidade.

É possível que existe liberdade e ordem: não é uma contradição. Em Leibniz Deus existe e escolhe de criar um mundo ordenado, mas livre. Deus escolheu o melhor dos mundos possíveis do ponto de vista do objetivo que Deus quer alcançar: esta é a ideia de Leibniz. Somente um mundo se realiza entre todos aqueles que podiam serem realizados. Este foi o único mundo que pode levar a alcançar o objetivo de Deus, que para nós é obscuro, E para alcançar estes objetivos o mundo passa também através do sofrimento.

 

VERDADE

1.      Verdade de razão: é o campo da lógica. O triangulo tem três latos. É uma verdade a priori, que basta a razão para demostrar isso. É uma verdade idêntica, dizem que uma coisa é igual a si mesma. São aplicados os princípios de identidade e de não-contradição. A frase explica algo que já nós conhecemos. Não posso dizer, de fato, que o triângulo não tem três lados. Aqui ordem e necessidade coincidem, mas é verdade somente no campo da lógica.

 

2.      Verdade de fato: campo da realidade. Cesare passou o Rubicão. Esta é uma verdade de fato e posso sempre pensar o seu contrário. Aqui não tem necessidade. Cesar podia passar o rio ou podia não passar o Rubicão. As verdades de fato não são idênticas em si mesmas. Pode acontecer ou pode não acontecer: são possibilidades que dizem de uma liberdade, que não existe na verdade de razão. Estas verdades são conhecíveis a posteriori e não a priori: esta é uma outra diferença entre verdade de fato e verdade de razão.

Aprofundando nos demos conta que as coisas não são tão separadas como aparece. As verdades da razão derivam da razão, são inatas. Para Locke nada é inato. Para Leibniz existem, pois as verdades de razão se baseiam sobre ideias inatas e no começo são confundidas e se tornam claras através da experiencias. Kant retomará a reflexão de Leibniz.

As verdades de fato derivadas da experiencia: Cesar passou o Rubicão. Cesar (A) Rubicão (B): A faz B. Cesar é aquele homem que passou o Rubicão: A é igual a A+B. Quando é que isso é verdade na matemática, quando B é igual a 0. O que significa quer é igual a 0, significa que a segunda parte da frase seja entendida já na primeira. O problema é que isso acontece nas verdades idênticas. A informação a mais é somente aparência. As verdades de fato não são muito diferentes das verdades de razão. Em Deus as duas verdades coincidem. As verdades são de fato para nós, que não sabemos aquilo que vai acontecer, mas Deus sabe tudo.

3.      A razão suficiente:  Um sujeito que tenha a disposição suficientes dados pode explicar porque um fenômeno se realiza numa maneira em vez que numa outra.

Aqui é o paradoxo da liberdade que se encontra no cristianismo.

 

COSMOLOGIA E FISICA

Leibniz acha que o mundo é diferente de como aparece. Leibniz achaque superando a aparência pode se encontrar uma verdade mais profunda. Atrás da superfície existe uma verdade profunda que deve ser descoberta. Leibniz continua a reflexão do ponto em que tinha chegado Descartes, que tinha estabelecido que Deus tinha dado ao mundo duas características: extensão e movimento. Segundo Leibniz o mundo é constituído de átomos que a um certo ponto não são divisíveis. Leibniz a um certo ponto ache que o atomismo é errado.

Lei da continuidade: na natureza não faz saltos. Duas características do mundo: energia, a força. O atomismo é absurdo. Leibniz estuda a natureza, as formigas. Se não existe um fundamento material, isso quer dizer que a matéria não pode ser fundamento das coisas. Deve ter algo de diferente. Leibniz ache que Descartes errou. É a força viva que se conserva, a energia cinética. Enquanto o movimento se transmitia através da matéria para Descartes, por Leibniz o fundamento do mundo é algo de imaterial.

A matéria não é raiz das coisas, mas também a matéria se fundamenta sobe a força, a energia. O movimento, o tempo, a matéria é uma maneira da energia de se manifestar. A matéria não existe em si, mas é um reflexo da energia.

Dois tipos de forças: passiva e ativa.

·      Passiva: resistência que a força opõe a energia.

·      Ativa: força que empurra as coisas.

A matéria é a manifestação da energia. a realidade é feita forças ativas e passivas. Somos a tentativa de nos realizarmos e, ao mesmo tempo, a energia passiva se opõe. Aquilo que freia a energia é a matéria. A matéria é a força como ela se manifesta. 

Leibniz supera o dualismo de Descartes entre rex cogitans e rex extensa. Este dualismo criava problemas. Segundo Leibniz Descares errou, pois, a matéria não existe, mas é somente uma maneira da força, da energia se manifestar. A rex extensa é na realidade rex cogitans. A raiz das coisas é espiritual.

 

MONADOLOGIA

Monade: Segundo Leibniz em cada matéria, evento tem a semente daquilo que poderia acontecer. Deus conhece a razão suficiente de todos os passos. Constituem o ser. Nós somos formados por monades. São substancias espirituais.

As substâncias individuais são as almas. Estas substâncias individuais contém os sinais de tudo aquilo que irá acontecer. Tudo está escrito na semente originaria.

Substâncias individuais: são interligadas entre elas. As substâncias individuais não contêm somente as sementes daquilo que irá acontecer pessoalmente, mas também no universo. Tudo está interligado.

1696: começa a falar de monades, que são substâncias espirituais.

Monade: átomo espiritual. O espírito é possível dividir até chegar a uma substância minimal, que é chamada monade, a menor parte de uma substância. Não tem forma e é eterna. Deus criou as monades e somente ele pode destruí-las. Monade não é a alma, é algo menor. É uma força. Nós somos formados de tantas monades. Todo corpo é formado de tantas monadas.

As monadas contêm os sinais daquilo que serão e também os sinais de todo o universo. As monadas são átomos fechados, não tem janelas, não comunicam com o externo, não tem relações.  Se a força corresponde as mondas então devem existir monadas com características diferentes. Tem uma hierarquia das monadas: existem monadas mais perfeitas de outras.

Também Deus é uma monada, é a monada mais perfeita.

Não tendo janelas a monada não consegue a influenciar o mundo externo, mas se representa o externo, o cosmo do próprio ponto de vista. Somente Deus tem uma representação perfeita de tudo.

Todas as coisas são constituídas de monadas. Os seres viventem são agregados de monadas, mas de diferentes níveis. Existe uma monada que tem unidos tudo: a monada dominante. O homem é algo de diferente. Existe uma monada superior que garante a unidade de todas as monadas. É a monada dominante, que Leibniz chama de alma. Isso vale para todos os seres viventes, ou seja, plantas e animais. Também Aristóteles falava isso.

 

A matéria é a monade na sua passividade. As monades não tem janelas, não se falam. Apesar disso, se representam o mundo, dentro delas tem uma imagem de tudo aquilo que existe. Para descartes entre alma e corpo a comunicação é continua. No sistema de Leibniz isso é mais complicado. Como é possível que aquilo que imagino corresponde a realidade. Este é um problema presente no sistema de Leibniz.

Percepção: capacidade de representar o mundo

Apetições: capacidade de passar de uma representação a outra.

A mondas tem as duas.  Algumas tem a apercepção, ou seja, a consciência das nossas percepções. Nas monadas das pedras, por exemplo, é presente o reflexo do mundo. Todos os corpos agem sobre de nós. As monadas são uma forma de forças, e sentem a realidade, percebem a realidade. Todas as monadas tem percepção.

O ser humano é feito de monadas e tem a monada dominante, eu percebo, se representa o mundo e se rende conta de perceber, ou seja, tem apercepção.

Leibniz fala de matéria prima e segunda.

Matéria prima: monadas elementares, privas de vida, são inferiores, monadas que percebem, mas não tem apercepção.

Monadas segundas: são os agregado de monadas, como o nosso corpo.

Toda monade tem em si a consciência de tudo aquilo que tem ao seu redor. No começo esta consciência é muito confundida. Quando a monada se desenvolve a percepção se torna mais evidente. Por isso Leibniz é um inatista. As monades conhecem o mundo porque é já dentro delas, apesar que no começo seja confuso. O nosso conhecimento não depende, então, da nossa experiencia, mas sim do conhecimento inato das monadas.

Exemplo: estou percebendo uma mesa na minha frente. Esta percepção não depende da minha experiencia, mas sim das monadas. O meu conhecimento é de tipo a priori, é uma passagem da percepção para uma apercepção. Tudo aquilo que nós faremos são já escritas dentro de nós. É uma forma do pensamento aristotélico de potência e ato.

Problema: como recebemos dados do externo?

Doutrina da harmonia preestabelecida: exemplo dos dois relógios. Deus e o artífice dos relógios. Como é possível que os dois andam juntos? Como é possível que a alma e o corpo sejam em sincronia? Rex cogitans e rex extensa.

Primeira hipótese: No homem a alam e corpo são como os dois relógios. Como fazem a caminhar juntos. Para descartes a solução foi a glândula pineal. Segundo Leibniz esta posição é pouco profunda e não explica o problema.

Segunda hipótese: ocasionalistas. Existe uma intervenção constante do construtor dos relógios. É um Deus que intervém constantemente. Segundo Leibniz alguns fenômenos acontecem sem a intervenção de Deus. ´uma visão redutiva de Deus.

Terceira hipótese: harmonia preestabelecida. Deus criou os relógios para que funcionem bem. Nós temos monades e estas são sempre em harmonia entre elas, porque Deus as construiu bem sem precisar intervir depois.

Nas monadas já tem escrito tudo aquilo que acontecerá: esta é a consequência da criação de Deus, que cria tudo com cuidado e ordem. Até quando não vivo o determinado evento, não o conheço. Tudo é já escrito, mas temos consciência quando acontece. Não somos necessitados, porque as coisas acontecem: é uma forma de inatismo potencial. Não aprendemos das coisas do mundo, mas a nossa vida é uma realização das nossas potencialidades. O mundo externo não tem nenhuma possibilidade de ensinar algo pra nós. É o innatismo radical. É importante lembrar que quando Leibniz escreve, na Inglaterra está se desenvolvendo o pensamento empirista, que sustenta o exato contrário daquilo que Leibniz afirmava. Os sentidos, para Leibniz, não são fonte de conhecimento.

 

 

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