terça-feira, 30 de janeiro de 2024

Isaac Newton (1642 – 1727)[1]

 




Foi um matemático, físico, astrônomo, teólogo e autor inglês (descrito em seus dias como um "filósofo natural") que é amplamente reconhecido como um dos cientistas mais influentes de todos os tempos e como uma figura-chave na Revolução Científica. Seu livro Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica (Princípios Matemáticos da Filosofia Natural), publicado pela primeira vez em 1687, lançou as bases da mecânica clássica. Newton também fez contribuições seminais à óptica e compartilha crédito com Gottfried Wilhelm Leibniz pelo desenvolvimento do cálculo infinitesimal.

Em Principia, Newton formulou as leis do movimento e da gravitação universal que criaram o ponto de vista científico dominante até serem substituídas pela teoria da relatividade de Albert Einstein. Newton usou sua descrição matemática da gravidade para provar as leis de movimento planetário de Kepler, explicar as marés, as trajetórias dos cometas, a precessão dos equinócios e outros fenômenos, erradicando a dúvida sobre a heliocentricidade do Sistema Solar. Demonstrou que o movimento dos objetos na Terra e nos corpos celestes poderia ser explicado pelos mesmos princípios. A inferência de Newton de que a Terra é um esferoide oblato foi posteriormente confirmada pelas medidas geodésicas de Maupertuis, La Condamine e outros, convencendo a maioria dos cientistas europeus da superioridade da mecânica newtoniana em relação aos sistemas anteriores.

Newton construiu o primeiro telescópio refletor prático e desenvolveu uma teoria sofisticada da cor com base na observação de que um prisma separa a luz branca nas cores do espectro visível. Seu trabalho sobre a luz foi coletado em seu livro altamente influente Ótica, publicado em 1704. Também formulou uma lei empírica do resfriamento, fez o primeiro cálculo teórico da velocidade do som e introduziu a noção de um fluido newtoniano. Além de seu trabalho sobre cálculo, como matemático Newton contribuiu para o estudo de séries de potências, generalizou o teorema binomial a expoentes não inteiros, desenvolveu um método para aproximar as raízes de uma função e classificou a maioria das curvas do plano cúbico.

Newton era membro do Trinity College e o segundo professor de matemática lucasiano na Universidade de Cambridge. Foi um cristão devoto, mas pouco ortodoxo, que rejeitava, em particular, a doutrina da Trindade. Também se recusava a receber ordens sagradas na Igreja da Inglaterra, o que era incomum para um membro da faculdade de Cambridge da época. Além de seu trabalho nas ciências matemáticas, Newton dedicou grande parte de seu tempo ao estudo da alquimia e da cronologia bíblica, mas a maior parte de seu trabalho nessas áreas permaneceu inédita até muito tempo após sua morte. Politicamente e pessoalmente vinculado ao partido Whig, Newton serviu dois breves mandatos como membro do Parlamento da Universidade de Cambridge, em 1689–1690 e 1701–02. Foi cavaleiro da rainha Ana em 1705 e passou as últimas três décadas de sua vida em Londres, servindo como diretor (1696–1700) e mestre (1700–1727) da Casa da Moeda Real, bem como presidente da Royal Society (1703–1727).

A teoria metodológica de Newton[2]

Fazendo questão de não confundir especulações hipotéticas com as explicações científicas sólidas, Newton explicitou que nenhuma hipótese ou explicação hipotética -- fosse ela ‘metafísica’ ou física, versasse sobre qualidades ocultas ou mecânicas -- tinha lugar adequado na ‘filosofia experimental. Contudo, o peculiar uso que Newton fez dos métodos indutivo e hipotéticodedutivo, numa ordem pré-determinada ao elaborar sua Física, a introdução da análise matemática, de modelos e de aproximações no estudo da natureza, seriam posteriormente reconhecidos e aclamados por muitos filósofos e historiadores da ciência - e copiado por tantos outros cientistas. Por sua vez, o historiador da ciência Cohen (2002, p.171), denominou essa utilização dos métodos citados, somados a outros aspectos de cunho epistemológicos que serão analisados ao longo deste capítulo, de “Estilo Newtoniano”. E o próprio Cohen que nos esclarece o alcance deste método:

 

(...) Newton conseguiu produzir um sistema matemático e princípios matemáticos que puderam então ser aplicados à Filosofia Natural, isto é, ao sistema do mundo e a suas regras e dados, tal como determinados pela experiência. Esse estilo permitiu que Newton tratasse problemas das ciências exatas como se fossem exercícios de matemática pura, e ligasse a experimentação e a observação à matemática de maneira singular e fecunda. (COHEN apud COHEN & WESTFALL, 2002, p.171).

 

Uma das principais características do “Estilo Newtoniano” seria, primeiramente, a matemática e depois, uma série de experimentos e não o contrário.

Acreditamos[3] que um dos pontos mais relevantes na concepção do “Estilo Newtoniano” fora o modo pelo qual o raciocínio matemático de Newton teria sido adequado à análise de problemas físicos e à construção e alteração de modelos, constructos e sistemas imaginários e não a pura interpretação dos dados empíricos. Chegamos a esta conclusão intermediária, baseados na orientação histórica de Fernandes e na compreensão parcial do método utilizado por Newton, conforme descrito por Cohen. No entanto, argumentamos que, para Newton, do mesmo modo que para seu antecessor Galileu, alguns conceitos matemáticos fundamentais teriam suas origens na própria natureza, pois “Se a irreversível ordem do fenômeno era ser constituído racionalmente, ou inteligivelmente, então ele [o fenômeno natural] tinha que ser expresso matematicamente.” (FERNANDES, 1985, p.37). Um dos mais representativos antecessores de Newton, Galileu, no Diálogo sobre os Dois Máximos Sistemas do Mundo Ptolomaico e Copernicano, chegou a afirmar que Deus teria se utilizado da geometria para descrever a natureza.



Desta forma, o que mais chamaria atenção no pensamento científico e no método newtoniano seria, então, a estreita interação da matemática com a sua Filosofia Natural - incluindo a Física e a metafísica. Segundo Smith (2002, p.148), Newton acreditava que os postulados fundamentais descritos nos Princípios Matemáticos de Filosofia Natural e os resultados finais da análise matemática baseada nesses postulados poderiam ser compatíveis com o mundo real – mundo físico -- revelado pelos experimentos e pela observação crítica. Para Newton, a matemática seria algo mais que um simples ferramental capaz de exprimir com clareza sua visão de mundo.

É importante destacar o fato de que a composição do “Estilo Newtoniano” não se limitava somente ao uso dos métodos indutivo e hipotético-dedutivo numa ordem pré-determinada, como alguns comentadores sugerem. O termo “Estilo Newtoniano” abraçava um complexo de procedimentos que, orquestrados conjuntamente, culminaram com a publicação das obras mais contundente de Newton: os Princípios Matemáticos de Filosofia Natural e a Ótica. Os métodos indutivo e hipotético-dedutivo seriam apenas algumas das características que comporiam o estilo original de Newton na descrição de sua Física, porém, outros muitos aspectos metodológicos diferentes apareceriam em sua ciência e a tornaria diferente das outras.

Um deles dizia espeito ao modo de se conceber, praticar e extrair conclusões de experimentos - o que deu a Newton o status de um grande físico experimental. De acordo com Cohen (2002, p.148), a Física Experimental, conforme concebida contemporaneamente, só teve início a partir da segunda

metade do século XVII, visto que, os ilustres antecessores de Newton -- Galileu e Descartes -- efetivamente não procederam do mesmo modo que este filósofo com relação à maneira de responder as questões colocadas a eles pela natureza.

Em primeiro lugar, historicamente falando, tudo indica que Galileu e Descartes realizaram somente “experimentos imaginários”, mesmo sendo estes de grande valia para ciência. Contudo, estes filósofos ainda estavam longe de serem identificados como físicos experimentais. A título de ilustração, sobre a validade e importância dos “experimentos imaginários”, Koyré afirmou: “As experiências imaginárias, que Mach chamará ‘experiências de pensamento’ (...) e sobre as quais Popper acaba de nos chamar atenção, desempenharam um papel muito importante na história do pensamento científico” (KOYRÉ, 1991, p.209). Porém, a “experiência da física” como entendida contemporaneamente, só começou a ser praticada a partir das publicações de Newton, o que não diminui em nada a valorosa contribuição de Galileu e Descartes. Em segundo lugar, na opinião de Smith (2002, p.159), a “ciência exata” descrita nos Princípios Matemáticos de Filosofia Natural não seria a mesma “ciência exata” de Galileu e Descartes, pois Newton conseguiu mostrar como o mundo seria se este fosse totalmente racional, mesmo não perdendo de vista a dimensão metafísica dos problemas revelados pela natureza. Para Smith, Galileu e Descartes, cada um a sua maneira, ainda continuavam, mesmo que discretamente, atrelados a aspectos escolásticos, isto é, ambos continuavam valorizando a “forte” influência da religiosidade e da escolástica na Filosofia Natural.

 


1672: Newton apresenta a Nova teoria acerca da luz e das cores. Aqui Newton formulava a teoria da natureza corpuscular da luz, segundo a qual os fenômenos luminosos encontravam sua explicação na emissão de partículas de diferentes grandezas: as partículas menores davam origem ao violeta e as maiores ao vermelho. A teoria corpuscular entrava em competição com a teoria ondulatória de Huygens. Por isso Newton publicará sua descoberta somente no 1705.

Em 1685 Newton começou a trabalhar sobre aquela que é considerada a maior obra cientifica: Philosophiae naturalis principia matemática. Neste texto YouTube apresenta uma demonstração matemática da hipótese copernicana como foi proposta por Kepler explicando todos os fenômenos dos movimentos celestes por meio da única hipótese de uma gravitação em direção centro do Sol decrescente segundo o inverso dos quadrados das distâncias em relação a ele.

 

Três regras metodológicas

 

Regra I: não devemos admitir mais causas para as coisas naturais do que aquelas que são tanto verdadeiras como suficientes para explicar suas aparências.

 

Regra II: por isso tanto quanto possível aos mesmos efeitos devemos atribuir as mesmas causas. Esta regra expressa outro postulado ontológico o da uniformidade da natureza. Ninguém pode controlar a reflexão da luz sobre os planetas, mas com base no fato de que a natureza se comporta uniformemente tanto na Terra como nos planetas, nos é possível dizer como a luz se comporta também sobre os planetas.

 

Regra III: as qualidades dos corpos que não admitem aumento nem diminui são de grau e que se descobre pertencerem a todos os corpos no interior do âmbito dos nossos experimentos, devem ser consideradas qualidades universais de todos os corpos.

 

A natureza é simples e uniforme. São esses os 2 pilares metafísicos que sustenta a metodologia de Newton. Uma vez fixados tais pressupostos Newton passa a estabelecer algumas qualidades fundamentais dos corpos, como a extensão, a dureza, a impenetrabilidade e o movimento. É por meio dos nossos sentidos que conseguimos estabelecer essas qualidades.

 

A gravitação universal

se é universalmente evidente a partir dos experimentos e das observações astronômicas que todos os corpos em torno da Terra gravida me em sua direção, proporcionalmente à quantidade de matéria que cada um deles contém singularmente, que de modo semelhante a Lua gravita na direção da Terra em proporção a quantidade da sua matéria; que por outro lado o nosso mar gravita em direção à lua que todos os planetas gravitam uns em direção aos outros e que de igual modo os cometas gravida me direção ao sol, então em com consequência dessa regra devemos admitir universalmente que todos os corpos são dotados de um princípio de gravitação recíproca. Por isso, o argumento extraído dos fenômenos conclui com maior força em favor da gravitação universal do que em favor de sua empenei para habilidade, sobre a qual não temos nenhum experimento em nenhuma forma de observação que possam ser efetuados sobre os corpos celestes. Newton não afirma que a gravitação é essencial aos corpos mas entendi unicamente a sua força de inércia. Esta é imutável. Mas a sua gravidade diminui em relação com o seu afastamento da Terra a natureza portanto é simples e uniforme. A partir dos sentidos das observações e dos experimentos podemos estabelecer algumas propriedades dos corpos: extensão, dureza, mobilidade, força, inercia.  

Essas qualidades são estabelecidas precisamente a partir dos sentidos indutivamente através daquele que é o único procedimento válido para alcançar e fundamentar as proposições da ciência: o método indutivo.

 

Regra IV: na filosofia experimental as proposições inferidas por indução geral dos fenômenos devem ser consideradas como estritamente verdadeiras o co muito próximas da verdade apesar das hipóteses contra áreas que possam ser imaginadas até quando se verifiquem outros fenômenos pelos quais se torne mais exatas ou então sejam submetidas à exceções.

 

Existência de Deus.

Segundo Newton esse sistema extremamente maravilho eu sou do Sol, dos planetas e dos cometas só pode ter se originado do projeto da potência de um ser inteligente e poderoso. EC as estrelas fixas são centros de outros sistemas análogos, tudo isso dado que foi formado pelo idêntico projeto, devi estar sujeito ao domínio do Uno sobretudo visto que a luz das estrelas fixas é da mesma natureza que a luz do Sol e que A luz passa de cada sistema a todos os outros sistemas. A ordem do mundo mostra com toda a evidência a existência de um Deus so mamente inteligente e poderoso.

 

As três leis newtonianas do movimento

Primeira lei: lei da inércia. Todo corpo perseverai em seu estado de quietude ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que seja forçado a mudar esse estado por força sobre ele exercidas.

 

Segunda lei: já formulada por Galileu: a mudança de movimento é proporcional à força matriz exercida e ocorre na direção da linha reta segundo a qual a força foi exercida.

 

 Terceira Lei: a toda ação se opõe sempre uma igual a reação, ou seja, as ações recíprocas de 2 corpos são sempre iguais e dirigidas em direção contrária.

 

A descoberta da lei da gravidade o grande feito de Newton. Sua ideia foi a de que existe uma força invisível que exerce controle sobre a matéria sem haver um contato físico direto. A palavra gravidade foi cunhada apartir da palavra latina gravitas, que significa “peso”. Com ela explicou com tanta precisão os movimentos das luas de Júpiter, de Saturno e da Terra, bem como os movimentos de todos os planetas ao redor do sol, que nos duzentos anos seguintes poucas melhorias significativas foram feitas em relação à sua obra. Essa força invisível está em ação entre as massas e é proporcional ao valor delas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. Isso significa que, se duas massas são separadas, a força da gravidade entre elas diminui de tal forma que, quando a distância chega a 10 vezes, a força é de 100 vezes (quadrado de dez) menor do que a atração inicial. No caso do Sol, que está 400 vezes mais distante da Terra do que a Lua, a fator inversamente proporcional redutor da força gravitacional fica em cerca de 4002 (16.000) – mas essa enorme redução é compensada pela massa imensamente maior do Sol em comparação à da Lua (a proporção de massa Sol-Lua é 30.000.000:1). Assim, a Terra continua orbitando o Sol. Toda essa explicação faz parte do terceiro livro1 do Principia que termina por explicar os movimentos precisos da Lua e ensinar que as marés oceânicas se devem à atração gravitacional da Lua e do Sol sobre as águas. Além disso, calcula a atração do Sol sobre os cometas.


BIBLIOGRAFIA

ISAC NEWTON, Principia, Livro I: Princípios Matemáticos de Filosofia Natural (Volume 1), Edusp, São Paulo, 2023.

ISAC NEWTON, Principia - Livros II e III: Princípios Matemáticos de Filosofia Natural - O Sistema do Mundo, Edusp, São Paulo 2008.

ISAC NEWTON, Ótica, Edusp, São Paulo 2002. 



[1] Biografia de Wikipedia

[2] Cfr. Reale – Antiseri, Historia da filosofia vol 3, São Paulo, Paulos 2004, p. 232-244.

[3] Cfr.: «Descrição do Método Utilizado por Newton na Elaboração de sua Física», in: https://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0410642_06_cap_02.pdf

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