(Anotações de Paolo Cugini)
O pensamento filosófico de Bacon representa a
tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de Instauratio magna (Grande
restauração). A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo
do estado em que se encontrava a ciência da época, acabariam por apresentar um
novo método que deveria superar e substituir o de Aristóteles. Esses tratados
deveriam apresentar um modo específico de investigação dos fatos, passando, a
seguir, para a investigação das leis e retornavam para o mundo dos fatos para
nele promover as ações que se revelassem possíveis. Bacon desejava uma reforma
completa do conhecimento. A tarefa era, obviamente, gigantesca e o filósofo produziu
apenas certo número de tratados. Não obstante, a primeira parte da Instauratio foi
concluída.
A reforma do conhecimento é justificada em uma crítica
à filosofia anterior (especialmente a Escolástica), considerada estéril por não
apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. O conhecimento
científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre
a natureza. A ciência antiga, de origem aristotélica, também é criticada.
Demócrito, contudo, era tido em alta conta por Bacon, que o considerava mais
importante que Platão e Aristóteles. A ciência deve restabelecer o imperium
hominis (império do homem) sobre as coisas. A filosofia verdadeira não é apenas
a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático.
Saber é poder. A mentalidade científica somente será
alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados
ídolos. O conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de
conquistar poder sobre a natureza.[
Bacon foi o profeta da técnica. A nova lógica da ciência.
Novo Órgão: é uma resposta á logica aristotélica do
Órgão. Organon em grego quer dizer instrumento e a lógica para Aristóteles
era o instrumento para enfrentar as outras disciplinas.
Para Bacon é
preciso uma nova logica, um Novo órgão. A nova logica não deve servir somente
para debater, mas deve servir para dominar o mundo e por isso, deve servir para
a ciência. De agora em diante a filosofia deve ir além das conversas acadêmicas,
deve se interessar da realidade.
Saber é poder: o conhecimento deve ter um novo
objetivo, saber deve ser finalizado ao poder. Precisamos conhecimentos que nos
ajudam a dominar a natureza. É preciso
renovar a filosofia e a ciência. Não podemos dominar a natureza se antes não a
obedecemos. Este é o sentido de um caminho de conhecimento autêntico.
Bacon utiliza métodos parecidos aos outros filósofos contemporâneos:
o experimento. Galileo recriava em laboratório aquilo que observava. Bacon
retoma este estilo. Não podemos ficar satisfeito de uma mera experiencia sensível,
mas é preciso aprofundar. Em Bacon é muito forte o aspecto experimental, mas
falta o elemento matemático, típico de Galileo. Bacon acha que o método experimental
de Aristóteles superficial, feito com muita pressa. Aristóteles não
interpretava a natureza e ia logo as conclusões, pois parece que tivesse já na
mente aquilo que queria dizer. O verdadeiro cientista se aproxima a natureza
para observá-la e não pular logo a conclusão.
Bacon propõe um exemplo. Compara o trabalho do
empirista como uma formiga, acumula dados e não produza nada. O
racionalista é aquilo que pensa e não observa e é parecido a arranha:
pensa de compreender o mundo a partir das teorias que ele mesmo cria. O
cientista aparece a uma abelha, porque a abelha pega da natureza e
transforma algo de novo. A ciência é uma observação finalizada a criar algo.
Conhecer para dominar: saber é poder.
Bacon analisa os preconceitos, que chama idola (fantasmas
da mente, preconceitos) e os classifica em internos e externos:
Internos:
Idola tribo: nós homes tem a tendencia a ter preconceitos e é típico
da nossa tribo, espécie humana. Por exemplo o homem percebe uma harmonia non
mundo que muitas vezes não existe. Somos impelidos a ver na natureza um fim, um
objetivo: este é um preconceito. O homem, além disso, tem a tendencia de
acompanhar as próprias fantasias, mais do que a realidade. O homem recusa na
natureza tudo aquilo que contradiz as suas inspirações. Estes preconceitos não
nos permitem de conhecer a natureza assim como ela é.
Idola Specus: Caverna. São preconceitos que derivam da nossa
educação e de encontros pessoais. Tem alguns que prefere os antigos e outros os
modernos. Temos tendencias inatas que dependem da nossa educação, de encontros
fortuitos, etc. São preconceitos da caverna porque é como se vivêssemos dentro
de uma caverna que destorce o sentido da realidade.
Externos:
Idola Fóri: são os preconceitos que derivam das palavras. Foro é o
espeço que na antiguidade era utilizado para debater. As vezes as palavras se impõem
sobre o raciocínio. Bacon faz o exemplo da palavra fortuna, que não existe, mas
no linguajar do povo é tido como existente. O mesmo ´a palavra leve, que quando
não é especificado fica ambíguo. As vezes o nosso argumentar é muito comprido porque
as palavras que utilizamos são vagas.
Idola Teatro: preconceitos criados dos mundos criados pelos filósofos.
Se somos aristotélicos temos a tendencia a olhar o mundo do jeito que Aristóteles
o observava, sem experimentar e avaliar se é isso mesmo, Bacon convida a
criticar as velhas filosofias.
Bacon indica três filosofias erradas:
a.
sofistica (Bacon classifica Aristóteles nesta
filosofia).
b.
Segunda
filosofia errada é a empírica, porque quer explicar toda a natureza com poucas
provas, pouco esforço. Parece ser uma critica a alquimia, muito em vigor
naquela época.
c.
Terceira
filosofia errada é a filosofia supersticiosa: Platão e os pitagóricos. A acusação
de misturar a religião com a filosofia. Bacon acusa Platão de ser um teólogo doido.
Olhar o passado para encontrar a verdade é uma atitude
errada, pois no âmbito da ciência são muito mais jovens de nós modernos, que
temos a nossa disposição os conhecimentos atuais, que eles não tinham. São
muito melhores os modernos dos antigos.
Idola é uma palavra latina que significa imagem,
fantasma que nos impedem de ver as coisas assim como elas são de verdade. Bacon
´convencido que os homes são condicionados por os preconceitos. Tem
preconceitos que nascem dentro de nós e outros fora de nós.
Os preconceitos hoje são muito estudados na filosofia.
Aprender a conhecer os nossos preconceitos ajuda a conhecer melhor a realidade
e a natureza das coisas.
O
metodo
Como fazer ciência, qual foi o método de Bacon? Galileo
sublinhava experiencias e demonstrações.
Os sentidos são desordenados. O intelecto produz
noções arbitrarias. O intelecto se não começa das sensações pode ficar perdido.
Todo método digno deve juntar os dois elementos: sensibilidade e raciocínio.
Segundo Bacon o método melhor para juntar sentidos e intelecto
é o método indutivo. A indução não é aquela aristotélica, que consistia na
enumeração de casos específicos e pode aparecer um caso contrário e desmanchar
a teoria. As pesquisas de Aristóteles, segundo Bacon, são determinadas de
poucos casos e, nesta maneira, as teorias deles corem o risco de serem negadas.
Indução cientifica: observação que se baseia sobre a eliminação de casos
particulares.
Cinco momentos:
1.
Observação
sistemática, não posso realizar a observação no mesmo lugar.
2.
Formulação
de uma primeira hipótese: a primeira colheita
3.
Criar
experimentos em laboratório para confirmar a hipótese
4.
Elaboração
de princípios gerais
5.
Procurar
aplicações técnicas da lei apontada.
É preciso que a ciência entre na técnica: saber é poder.
A indução é uma parte do método de Bacon. É preciso compreender como realizar a
observação sistemática. É preciso formular listas, taboas.
Três taboas
a.
Presença:
é preciso indicar quando o fenômeno estudado se apresenta. Bacon faz o exemplo
do calor. Aqui anotamos toda vez que o calor se apresenta.
b.
Ausência:
anotar quando o fenômeno estudado não se apresenta. Exemplo do calor:
percebemos que os raios da lua não têm calor.
c.
Graus:
anotar quando um fenômeno estudado se apresenta em graus diferentes, variações
do fenômeno, graus decrescentes. Vou escrever que perante a um fogo com muita
madeira tem mais calor que numa fogueira com menos madeira.
Nesta maneira a observação é mais aprofundada, sistemática,
que ajuda a sustentar a teoria apontada. Como se preenchem estas tabuas?
Para formular a hipótese devo passar através de uma
fase negativa. Descartamos as hipóteses incompatíveis. Só depois é possível
formular a hipótese que permaneceu firme.
A partir disso devo criar um ambiente para
experimentar a hipótese encontrada. A instância crucial é aquela que decide a
verdade da minha hipótese. Só agora é possível indicar a lei geral.
Consequência do método
É possível notar uma certa influência da alquimia. É preciso
que apareçam as forças invisíveis, espíritos que estão dentro da matéria que é
preciso que apareçam. Bacon, é sem dúvida filho do seu tempo.
No método de Bacon tem somente um elemento qualitativa
e não quantitativa. Falta a matemática. Este é dato menos moderno de Bacon, que
é ainda amarrado ao passado, á filosofia aristotélica que ele critica muito.
Quatro causas aristotélicas:
a.
Material
b.
Eficiente
c.
Formal
(imaterial)
d.
final
A causa final não parece ser objeto de ciência, porque não pode ser medida. Bacon recusa a causa eficiente e material. Para Bacon a causa mais importante é a causa formal, que parece parecida á natura química de um corpo, então, material. Atrás de cada fenômeno tem um processo latente e um material. Processo latente é uma lei que expressa o dinamismo da matéria.
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