sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

FRANCIS BACON (1561-1627)

 




 

(Anotações de Paolo Cugini)

 

 

O pensamento filosófico de Bacon representa a tentativa de realizar aquilo que ele mesmo chamou de Instauratio magna (Grande restauração). A realização desse plano compreendia uma série de tratados que, partindo do estado em que se encontrava a ciência da época, acabariam por apresentar um novo método que deveria superar e substituir o de Aristóteles. Esses tratados deveriam apresentar um modo específico de investigação dos fatos, passando, a seguir, para a investigação das leis e retornavam para o mundo dos fatos para nele promover as ações que se revelassem possíveis. Bacon desejava uma reforma completa do conhecimento. A tarefa era, obviamente, gigantesca e o filósofo produziu apenas certo número de tratados. Não obstante, a primeira parte da Instauratio foi concluída.

A reforma do conhecimento é justificada em uma crítica à filosofia anterior (especialmente a Escolástica), considerada estéril por não apresentar nenhum resultado prático para a vida do homem. O conhecimento científico, para Bacon, tem por finalidade servir o homem e dar-lhe poder sobre a natureza. A ciência antiga, de origem aristotélica, também é criticada. Demócrito, contudo, era tido em alta conta por Bacon, que o considerava mais importante que Platão e Aristóteles. A ciência deve restabelecer o imperium hominis (império do homem) sobre as coisas. A filosofia verdadeira não é apenas a ciência das coisas divinas e humanas. É também algo prático.

Saber é poder. A mentalidade científica somente será alcançada através do expurgo de uma série de preconceitos por Bacon chamados ídolos. O conhecimento, o saber, é apenas um meio vigoroso e seguro de conquistar poder sobre a natureza.[

Bacon foi o profeta da técnica. A nova lógica da ciência.

Novo Órgão: é uma resposta á logica aristotélica do Órgão. Organon em grego quer dizer instrumento e a lógica para Aristóteles era o instrumento para enfrentar as outras disciplinas.

 Para Bacon é preciso uma nova logica, um Novo órgão. A nova logica não deve servir somente para debater, mas deve servir para dominar o mundo e por isso, deve servir para a ciência. De agora em diante a filosofia deve ir além das conversas acadêmicas, deve se interessar da realidade.

Saber é poder: o conhecimento deve ter um novo objetivo, saber deve ser finalizado ao poder. Precisamos conhecimentos que nos ajudam a dominar a natureza.  É preciso renovar a filosofia e a ciência. Não podemos dominar a natureza se antes não a obedecemos. Este é o sentido de um caminho de conhecimento autêntico.

Bacon utiliza métodos parecidos aos outros filósofos contemporâneos: o experimento. Galileo recriava em laboratório aquilo que observava. Bacon retoma este estilo. Não podemos ficar satisfeito de uma mera experiencia sensível, mas é preciso aprofundar. Em Bacon é muito forte o aspecto experimental, mas falta o elemento matemático, típico de Galileo. Bacon acha que o método experimental de Aristóteles superficial, feito com muita pressa. Aristóteles não interpretava a natureza e ia logo as conclusões, pois parece que tivesse já na mente aquilo que queria dizer. O verdadeiro cientista se aproxima a natureza para observá-la e não pular logo a conclusão.

Bacon propõe um exemplo. Compara o trabalho do empirista como uma formiga, acumula dados e não produza nada. O racionalista é aquilo que pensa e não observa e é parecido a arranha: pensa de compreender o mundo a partir das teorias que ele mesmo cria. O cientista aparece a uma abelha, porque a abelha pega da natureza e transforma algo de novo. A ciência é uma observação finalizada a criar algo.

Conhecer para dominar: saber é poder.

Bacon analisa os preconceitos, que chama idola (fantasmas da mente, preconceitos) e os classifica em internos e externos:

Internos:

Idola tribo: nós homes tem a tendencia a ter preconceitos e é típico da nossa tribo, espécie humana. Por exemplo o homem percebe uma harmonia non mundo que muitas vezes não existe. Somos impelidos a ver na natureza um fim, um objetivo: este é um preconceito. O homem, além disso, tem a tendencia de acompanhar as próprias fantasias, mais do que a realidade. O homem recusa na natureza tudo aquilo que contradiz as suas inspirações. Estes preconceitos não nos permitem de conhecer a natureza assim como ela é.

Idola Specus: Caverna. São preconceitos que derivam da nossa educação e de encontros pessoais. Tem alguns que prefere os antigos e outros os modernos. Temos tendencias inatas que dependem da nossa educação, de encontros fortuitos, etc. São preconceitos da caverna porque é como se vivêssemos dentro de uma caverna que destorce o sentido da realidade.

 

Externos:

Idola Fóri: são os preconceitos que derivam das palavras. Foro é o espeço que na antiguidade era utilizado para debater. As vezes as palavras se impõem sobre o raciocínio. Bacon faz o exemplo da palavra fortuna, que não existe, mas no linguajar do povo é tido como existente. O mesmo ´a palavra leve, que quando não é especificado fica ambíguo. As vezes o nosso argumentar é muito comprido porque as palavras que utilizamos são vagas.

Idola Teatro: preconceitos criados dos mundos criados pelos filósofos. Se somos aristotélicos temos a tendencia a olhar o mundo do jeito que Aristóteles o observava, sem experimentar e avaliar se é isso mesmo, Bacon convida a criticar as velhas filosofias.

Bacon indica três filosofias erradas:

a.        sofistica (Bacon classifica Aristóteles nesta filosofia).

b.      Segunda filosofia errada é a empírica, porque quer explicar toda a natureza com poucas provas, pouco esforço. Parece ser uma critica a alquimia, muito em vigor naquela época.

c.       Terceira filosofia errada é a filosofia supersticiosa: Platão e os pitagóricos. A acusação de misturar a religião com a filosofia. Bacon acusa Platão de ser um teólogo doido.

Olhar o passado para encontrar a verdade é uma atitude errada, pois no âmbito da ciência são muito mais jovens de nós modernos, que temos a nossa disposição os conhecimentos atuais, que eles não tinham. São muito melhores os modernos dos antigos.

Idola é uma palavra latina que significa imagem, fantasma que nos impedem de ver as coisas assim como elas são de verdade. Bacon ´convencido que os homes são condicionados por os preconceitos. Tem preconceitos que nascem dentro de nós e outros fora de nós.

Os preconceitos hoje são muito estudados na filosofia. Aprender a conhecer os nossos preconceitos ajuda a conhecer melhor a realidade e a natureza das coisas.

 

O metodo

Como fazer ciência, qual foi o método de Bacon? Galileo sublinhava experiencias e demonstrações.

Os sentidos são desordenados. O intelecto produz noções arbitrarias. O intelecto se não começa das sensações pode ficar perdido. Todo método digno deve juntar os dois elementos: sensibilidade e raciocínio.

Segundo Bacon o método melhor para juntar sentidos e intelecto é o método indutivo. A indução não é aquela aristotélica, que consistia na enumeração de casos específicos e pode aparecer um caso contrário e desmanchar a teoria. As pesquisas de Aristóteles, segundo Bacon, são determinadas de poucos casos e, nesta maneira, as teorias deles corem o risco de serem negadas.

Indução cientifica: observação que se baseia sobre a eliminação de casos particulares.

Cinco momentos:

1.      Observação sistemática, não posso realizar a observação no mesmo lugar.

2.      Formulação de uma primeira hipótese: a primeira colheita

3.      Criar experimentos em laboratório para confirmar a hipótese

4.      Elaboração de princípios gerais

5.      Procurar aplicações técnicas da lei apontada.

É preciso que a ciência entre na técnica: saber é poder. A indução é uma parte do método de Bacon. É preciso compreender como realizar a observação sistemática. É preciso formular listas, taboas.

Três taboas

a.      Presença: é preciso indicar quando o fenômeno estudado se apresenta. Bacon faz o exemplo do calor. Aqui anotamos toda vez que o calor se apresenta.

b.      Ausência: anotar quando o fenômeno estudado não se apresenta. Exemplo do calor: percebemos que os raios da lua não têm calor.

c.       Graus: anotar quando um fenômeno estudado se apresenta em graus diferentes, variações do fenômeno, graus decrescentes. Vou escrever que perante a um fogo com muita madeira tem mais calor que numa fogueira com menos madeira.

Nesta maneira a observação é mais aprofundada, sistemática, que ajuda a sustentar a teoria apontada. Como se preenchem estas tabuas?

Para formular a hipótese devo passar através de uma fase negativa. Descartamos as hipóteses incompatíveis. Só depois é possível formular a hipótese que permaneceu firme.

A partir disso devo criar um ambiente para experimentar a hipótese encontrada. A instância crucial é aquela que decide a verdade da minha hipótese. Só agora é possível indicar a lei geral.

 

Consequência do método

É possível notar uma certa influência da alquimia. É preciso que apareçam as forças invisíveis, espíritos que estão dentro da matéria que é preciso que apareçam. Bacon, é sem dúvida filho do seu tempo.

No método de Bacon tem somente um elemento qualitativa e não quantitativa. Falta a matemática. Este é dato menos moderno de Bacon, que é ainda amarrado ao passado, á filosofia aristotélica que ele critica muito.

Quatro causas aristotélicas:

a.      Material

b.      Eficiente

c.       Formal (imaterial)

d.      final

A causa final não parece ser objeto de ciência, porque não pode ser medida. Bacon recusa a causa eficiente e material. Para Bacon a causa mais importante é a causa formal, que parece parecida á natura química de um corpo, então, material. Atrás de cada fenômeno tem um processo latente e um material. Processo latente é uma lei que expressa o dinamismo da matéria.

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