quinta-feira, 12 de outubro de 2023

Qual cristianismo na estação da pós-modernidade?

 


 

Esquema de aulas de filosófia da religião

 

Paolo Cugini

 

Problema: como anunciar o Evangelho numa época que saiu da cristandade?

 

Tem sentido sacramentalizar assim como se o Ocidente fosse ainda cristão?

 

Aquilo que aparece com sempre mais evidencia é uma cultura da indiferença pela qual todas as posições são iguais, e nenhuma tem o direito de se impor as outras.

 

No novo contexto cultural se fala de pertenças parciais. Deste jeito se reconhece a grandeza humana de Cristo, mas não a sua divindade.

 

Neste contexto cultural duas são as propostas:

 

1.      renunciar a uma explicita proposta de fé aos outros homens por parte dos crentes, para viver na sociedade secular como testemunho do evangelho 9cf. ir. De Charles de Foucauld).

2.      parresia: coragem e anuncio, sempre acompanhado do testemunho pessoal, na consciência que a verdade é sempre maior daqueles que a anunciam.

 

Igreja do silencio e Igreja da Palavra não se excluem.

 

Campanini G.: é necessária uma estratégia de pré-evangelização para despertar o pedido da fé. Somente se permanecerá uma busca de sentido, a busca sobre o sentido da vida haverá espaço também pela resposta cristã.

 

Os novos lugares da fé na pós-modernidade

 

É preciso multiplicar os lugares da busca, da pesquisa. É preciso rever as estruturas eclesiais.  

 

  1. A família cristã: é preciso valorizar a família como pequena Igreja; da centralidade da igreja á centralidade da casa.

 

 

  1. de uma pastoral de conservação, para uma pastoral que valorize os pequenos grupos de crentes, valorizando assim a vida comunitária. Para isso acontecer é preciso superar a centralidade das instituições. Necessidade de descentrar sempre mais a pastoral.

 

É preciso sair da complexidade das estruturas e amiúde dos documentos, para voltarmos á simplicidade dos evangelhos. Uma fé simples numa sociedade complexa: este é o grande desafio.

 

Oportunidades oferecidas na pós-modernidade:

 

  1. Mais condições econômicas, pelo menos no Ocidente, para ter mais tempo pela reflexão.
  2. Aumentou o nível geral de instrução.
  3. Mais possibilidade de acesso as fontes do saber e da cultura.
  4. A liberdade religiosa é mais respeitada na atualidade.
  5. A queda das ideologias permite um acesso mais imediato aos textos sagrados.

 

 

 

Algumas linhas básicas da conversão pastoral auspiciada:

 

  1. plena valorização da tarefa dos leigos
  2. a novidade do Evangelho pode aparecer somente através do testemunho dos cristãos
  3. o reconhecimento da fraqueza humana deve caminhar junto com a valorização da técnica. È aquilo que dizia Bonhoeffer, ou seja, aprender a reconhecer a presença de Deus não apenas no sofrimento, mas também na vida.

 

 

Na sociedade secular parece ter um lugar pela religião, mas não pela fé.

 

Mudou o relacionamento entre Sagrado e História. Na sociedade pós-moderna a religião não representa mais um momento de unificação nem um fator de identidade. A perca do centro se expressa através de dois diferentes movimentos:

 

v  Movimento de entrada. Hoje as propostas de valor são multíplices e não precisa ir muito longe para isso.

v  Movimento de saída. Na sociedade complexa vem menos a identificação da fé num lugar

 

Perigo: uma Igreja humanista mais do que teista. Uma fé que risca de perder a própria intensidade, radicalidade. Por isso estão se espalhando as pertenças parciais.

 

  1. A fé na pós-modernidade assume sempre mais conotações subjetivas. Neste sentido é preciso redescobrir o valor do dialogo eu-tu.
  2. redescobrimento da simplicidade. Necessidade de voltar ao núcleo da fé.
  3. Novas formas de radicamento: pequenos grupos de crentes (contra as grandes aglomerações).

 

Está se aproximando a estação de uma fé mais relacional, mais essencial na busca de relacionamentos mais informais, mais expostos aos riscos.

 

Lugares:

 

v  Esvaziamento das comunidades tradicionais de fieis

v  Agüentar a concorrência religiosa

v  Divulgar sempre mais que o cristianismo é o encontro com uma pessoa e não apenas com conteúdos.

v  Tornar-se sempre mais lugar de pergunta e não de respostas. Transformar a comunidade cristã no lugar da pergunta e não da resposta como era antigamente.

v  A Igreja da pós-modernidade deve privilegiar sempre mais a mobilidade, em vez da estrutura fixa.

v  Uma Igreja que não espera, mas vá ao encontro.

v  Uma Igreja que antes de falar, escuta.

v  Uma Igreja que antes de julgar a situação, se mergulha nela, partilha a experiência.

v  Perigo de uma nova clericalização.

 

Nem por isso a fé deve renunciar a uma visibilidade.

 

A passagem de uma fé estruturada para uma fé móvel que acompanha a viagem do homem pós-moderno, deve resgatar a dimensão do leigo do testemunho. A fé precisa de se encarnar para produzir frutos.

 

Talvez se abra a estação da Igreja do silencio e isso vale sobretudo pelas estruturas e as instituições visíveis do cristianismo.

 

Volta ao dúplice rigor da Transcendência e da Encarnação.

 

  1. Transcendência: como silencio;
  2. Encarnação: como Palavra.

 

Espalhar o anuncio nos novos areópagos: este é o grande desafio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

IMMANUEL KANT: Crítica da razão pratica 1788

    Kant foi influenciado por Rousseau sobre a necessidade de encontrar uma moral para o sujeito e o Estado. A filosofia crítica de Kant ten...