Esquema de aulas de
filosófia da religião
Paolo Cugini
Problema: como anunciar o Evangelho
numa época que saiu da cristandade?
Tem sentido sacramentalizar assim como se o Ocidente fosse ainda cristão?
Aquilo que aparece com sempre mais evidencia é uma cultura da
indiferença pela qual todas as posições são iguais, e nenhuma tem o direito de
se impor as outras.
No novo contexto cultural se fala de pertenças parciais. Deste jeito
se reconhece a grandeza humana de Cristo, mas não a sua divindade.
Neste contexto cultural duas são as propostas:
1.
renunciar a uma explicita
proposta de fé aos outros homens por parte dos crentes, para viver na sociedade
secular como testemunho do evangelho 9cf. ir. De Charles de Foucauld).
2.
parresia: coragem e anuncio, sempre
acompanhado do testemunho pessoal, na consciência que a verdade é sempre maior
daqueles que a anunciam.
Igreja do silencio e Igreja da Palavra não se excluem.
Campanini G.: é necessária uma
estratégia de pré-evangelização para despertar o pedido da fé. Somente se
permanecerá uma busca de sentido, a busca sobre o sentido da vida haverá espaço
também pela resposta cristã.
Os novos lugares da fé na
pós-modernidade
É preciso multiplicar os lugares da busca, da pesquisa. É preciso
rever as estruturas eclesiais.
- A família cristã: é preciso
valorizar a família como pequena Igreja; da centralidade da igreja á
centralidade da casa.
- de uma pastoral de conservação,
para uma pastoral que valorize os pequenos grupos de crentes, valorizando
assim a vida comunitária. Para isso acontecer é preciso superar a
centralidade das instituições. Necessidade de descentrar sempre mais a
pastoral.
É preciso sair da complexidade das estruturas e amiúde dos
documentos, para voltarmos á simplicidade dos evangelhos. Uma fé simples numa
sociedade complexa: este é o grande desafio.
Oportunidades oferecidas na pós-modernidade:
- Mais condições econômicas, pelo
menos no Ocidente, para ter mais tempo pela reflexão.
- Aumentou o nível geral de
instrução.
- Mais possibilidade de acesso as
fontes do saber e da cultura.
- A liberdade religiosa é mais
respeitada na atualidade.
- A queda das ideologias permite um
acesso mais imediato aos textos sagrados.
Algumas linhas básicas da conversão pastoral auspiciada:
- plena valorização da tarefa dos
leigos
- a novidade do Evangelho pode
aparecer somente através do testemunho dos cristãos
- o reconhecimento da fraqueza
humana deve caminhar junto com a valorização da técnica. È aquilo que
dizia Bonhoeffer, ou seja, aprender a reconhecer a presença de Deus não
apenas no sofrimento, mas também na vida.
Na sociedade secular parece ter um lugar pela religião, mas não pela
fé.
Mudou o relacionamento entre Sagrado e História. Na sociedade
pós-moderna a religião não representa mais um momento de unificação nem um
fator de identidade. A perca do centro se expressa através de dois diferentes
movimentos:
v Movimento de entrada. Hoje as propostas de valor são multíplices e
não precisa ir muito longe para isso.
v Movimento de saída. Na sociedade complexa vem menos a identificação
da fé num lugar
Perigo: uma Igreja humanista mais do que teista. Uma fé que risca de
perder a própria intensidade, radicalidade. Por isso estão se espalhando as
pertenças parciais.
- A fé na pós-modernidade assume sempre
mais conotações subjetivas. Neste sentido é preciso redescobrir o valor do
dialogo eu-tu.
- redescobrimento da simplicidade.
Necessidade de voltar ao núcleo da fé.
- Novas formas de radicamento:
pequenos grupos de crentes (contra as grandes aglomerações).
Está se aproximando a estação de uma fé mais relacional, mais
essencial na busca de relacionamentos mais informais, mais expostos aos riscos.
Lugares:
v Esvaziamento das comunidades tradicionais de fieis
v Agüentar a concorrência religiosa
v Divulgar sempre mais que o cristianismo é o encontro com uma pessoa
e não apenas com conteúdos.
v Tornar-se sempre mais lugar de pergunta e não de respostas.
Transformar a comunidade cristã no lugar da pergunta e não da resposta como era
antigamente.
v A Igreja da pós-modernidade deve privilegiar sempre mais a
mobilidade, em vez da estrutura fixa.
v Uma Igreja que não espera, mas vá ao encontro.
v Uma Igreja que antes de falar, escuta.
v Uma Igreja que antes de julgar a situação, se mergulha nela, partilha
a experiência.
v Perigo de uma nova clericalização.
Nem por isso a fé deve renunciar a uma visibilidade.
A passagem de uma fé estruturada para uma fé móvel que acompanha a
viagem do homem pós-moderno, deve resgatar a dimensão do leigo do testemunho. A
fé precisa de se encarnar para produzir frutos.
Talvez se abra a estação da Igreja do silencio e isso vale sobretudo
pelas estruturas e as instituições visíveis do cristianismo.
Volta ao dúplice rigor da Transcendência e da Encarnação.
- Transcendência: como silencio;
- Encarnação: como Palavra.
Espalhar o anuncio nos novos areópagos: este é o grande desafio.
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