O FUNDAMENTO TRANSCENDENTE DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
(Problema
de confundir, reduzir Deus com a minha experiência)
de Paolo Cugini
Aporia: o divino
como fundamento absoluto, aparece dependente da consciência religiosa que o põe.
A consciência
religiosa, do seu lado, não consegue garantir a absoluteza do divino, na base
exclusiva da própria experiência.
Perigo: Deus
pode se tornar uma projeção do homem – é a crítica de Fenerbach.
- A reflexão filosófica, não parece
capaz de expressar positivamente aquilo que consegue intuir.
- Só captando em um saber
pré-reflexivo, anterior à pesquisa racional, como um dato da experiência
vivida. Seria possível dar forma plenamente inteligível à alteridade de
Deus.
Experiência
religiosa: é o lugar não-teorético aonde a alteridade de Deus se testemunha de
si mesma como infinita plenitude de ser e valor, determinado no homem a
consciência existencial e antológica da própria limitação.
·
Sendo que a “diferença” se
manifesta ela é sabida e afirmada.
- Bertuleti: A idéia de manifestação pertence a
dimensão da verdade da experiência religiosa.
Para justificar a origem
transcendente da religião, é necessário averiguar a possibilidade antológica de
seu aparecer na imanência do mundo do homem.
- Welte: O infinito pode mostrar-se
positivamente no contexto da finitude, só se a sua manifestação se
inscreve entre as condições da finitude.
Conseqüência: o
além essente torna-se um essente para a experiência humana.
O eterno adquire
o seu tempo aonde a revelação aconteceu. (Ler p. 187)
Problema: como é
possível que o totalmente além se revela na plenitude sem perder na imanência a
Alteridade e a transcendência? (Eternidade no tempo tudo no profundo)
K. Rachner: O
problema é sobre o sentido da transcendência. Se esta é concebida na sua
separação absoluta com a alteridade então não existe possibilidade de
revelação. Se, pelo contrário, para a transcendência entendemos “o ato com o
qual se estabelece em relacionamento, sem que esta signifique unidade e
identidade dos seus termos, mas montando a alteridade.
Neste caso a
transcendência expressa o modo peculiar de se relacionar com o mundo.
É claro que a
manifestação do divino no mundo pode acontecer só através das mediações não
finitas.
Schimtz: Esta é
a dialética transcendência – de um lado Deus deve se servir desta realidade
para manter a própria transcendência sobre tudo o finito. (Ler p. 198).
Problema: Como
deve ser pensado o Absoluto porque seja possível a sua autocomunicação ao
existente finito, sem comprometer a sua absoluteza em tal relação?
Mesmo porque o
Absoluto manifesta já eternamente si mesmo a um dentro dá-se, necessariamente
igual a si mesmo enquanto constituído da sua autodiferenciação na figura
daquele que tudo recebe, este pode comunicar si mesmo também a um outro
radicalmente diferente de si, necessariamente colocado como finito para
distingui-lo da alteridade interdivina, sem que em tal ato seja comprometido a
própria absoluteza.
O OBJETO DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA
1. O divino e os
seus rostos
(ler e traduzir
p. 57-59)
2. As
características essenciais do Divino
a) Presença
O divino nas
religiões é testemunhado como uma presença.
·
O homem toma consciência desta
presença enquanto se manifesta como algo de diferente que surpreende.
·
Seja que o divino seja
percebido como força impessoal que envolve o cosmo, seja que se manifesta com
características pessoais, ele se mostra sempre como o “perante”, perante qual o homem é colocado e
não é possível ficar neutral.
b) Potencia
Salvífica
O Sagrado se
apresenta como potência (Kabad Dunamis). A manifestação da potência de Deus
transforma o homem e o seu mundo.
·
A erupção do Sagrado projeta um
ponto fixo no meio a atmosfera fluida do espaço. O centro é lei aonde existe
uma possibilidade de ruptura e de comunicação entre céu e terra.
É o simbolismo do centro p. 1.
O Sagrado é
salvação sobretudo de morte.
·
No universo o homem religioso capta
uma lei: a vida morre pra depois renascer. ler p. 62-63 - simbolismo da Lua.
Fundamento da
totalidade
·
O divino deu forma e
consistência ao mundo e à vida do homem.
Muduino: eterno
– dá forma ao universo, é lei a qual deve conformar-se o agir do homem.
Budismo: a lei
do buda e a sua mensagem de libertação é o durico absoluto inscrito na ordem do
mundo.
Taoísmo: tão é a
via na lei cíclica e unitária da natureza.
Confúcio: do céu
procede a ordem do mundo e da vida que resplandece na consciência.
Islan: Qualquer
ato público e privado começa com a formula no nome de Deus clemente e
misericordioso porque cada pensamento e projeto do homem pode substituir só se
vive no submisso a Allan.
Deus é senhor da
vida, fundamento e principio das coisas que são. ]
Sendo que o
divino é fundamento e plenitude do ser, o homem religioso sabe que não pode
viver fora dele.
As atribuições
do Ser Supremo
1)
Deus que tudo sabe
Onisciente
A
PROBLEMÁTICA GENEALOGICA DA EXPERIENCIA RELIGIOSA
·
Fruto da pesquisa:
A manifestação
do divino, media simbolicamente, é a
fonte da experiência religiosa.
·
Especificidade da religião: o
ato da experiência religiosa acontece (genealogicamente falando) por força da
distancia, no abandono.
Em cada realidade o conhecimento acontece na tomada de distancia.
Triplice Perceptiva: Índice
a)
Percepção da sua infinita
diferença qualitativa.
b)
Percepção do seu sumo valor.
c)
Percepção da sua santidade.
1)
Problema: é preciso pesquisar
as condições de possibilidade de conhecimento do divino na experiência.
2)
Problema: a abordagem hermeneutica
se for o único , não pode excluir a possibilidade de duvida racional.
3)
Problema: como pode o homem
religioso finito, ter certeza de ter conhecido o Sagrado na sua transcendência?
HUSSERL: O fenômeno é aquilo que se oferece a uma consciência.
I. L. Marion: Aquilo que aparece é aquilo que se oferece Adoração,
oração, Sacrifício, etc. são, nessa altura,
atado de direito.
Heidegger: O fenômeno é aquilo que se mostra a si mesmo, também só
para indícios – este é o ser – pode se apresentar a fenomenalidade porque seu
indicio o anuncia.
O invisível pode ser considerado um fenômeno autentico, Segundo Mounier,
nesta perspectiva a relação divina pode entrar no âmbito do fenômeno, e a
fenomenologia parece oferecer a pelo seu
conhecimento.
·
O dar-se fenômeno pressupõe,
sempre, um eu, qual ponto de referência do aparecer e qual seu pressuposto e
condição de possibilidade.
Porém se revelação divina é tal se não se deixa reduzir no horizonte
de possibilidade do eu.
Morion: é a este nível que encontramos a aporia.
Henry: a peculiar modalidade da revelação consiste uma ruptura de
descontinuidade entre a aparição inicial e aquilo que depois manifesta de ser
mesmo.
Problema: existe um fenômeno que se apresente com estas
características?
Marion: é o “fenômeno Saturado”.
Fenômeno aonde o fenômeno oferece, no sinal da revelação, muito mais
das intenções, dos significados elaborados pelo eu, saturado, assim o horizonte
da consciência.
Se tudo aquilo que se mostra se doa, nem tudo se dá, nem tudo se dá
de mesma maneira.
·
O fenômeno saturado representa
o arquétipo e vão a exceção dos fenômenos (ler p. 184).
Marion aponta 4 casos de fenômeno saturado:
·
Evento histórico
·
Carne
·
Ídolo
·
Ícone
A revelação é o modelo que os resume a todos numa mesma aparição.
·
A revelação, enquanto fenômeno
saturado, deve ser pensado como um dom sem reciprocidade, ou seja, e sem uma
condição transcendente que forneça a razão.
·
A transcendência da datidade,
parece reinar para uma doação originária do ser qual ato constitutivo da mesma
consciência fenomenológica; sobretudo se se faz valer o conceito de um fenômeno
saturante a intuição do eu.
(p. 185)
Max Scheler: (A
fenomenologia essencial da religião).
- A religião pertence
originariamente ao espírito humano.
Os atos religiosos são os atos mais imediatos e profundos da pessoa.
- Existe no homem um supernite (uma
excedência) de forças e de exigências espirituais, uma insuprimível tensão
ao absoluto – o homem é orientado a Deus.
Não existe ninguém que não tenha fé – existem somente formas
diferentes de idolatria.
- A experiência religiosa, expressa
aquilo que é mais especifico do ser humano.
- A religião é centrada no objeto
absoluto que se revela.
É a auto revelação de Deus que está na origem da experiência
religiosa.
O CONHECIMENTO DO DIVINO NO
HORIZONTE SIMBÓLICO
·
Segundo a fenomenologia da
religião os indícios são os símbolos.
·
Função conhitiva do símbolo
religioso.
A operação
simbólica vem para suprir s deficiência de conhecimento imediato da realidade
divina.
- Enquanto “médium”, aonde toma
forma a manifestação do Sagrado o símbolo é testamento e expressão de um
evento de encontro e de comunhão com a transcendência.
- Por isso o símbolo religioso é um
instrumento de conhecimento.
- A função do símbolo não é aquela
de promover um conhecimento só mental da realidade, mas de estabelecer uma
relação vital com o Sagrado.
- O valor cochecitivo do símbolo é
anafasico – a sua potência de significação encontra-se com a
intencionalidade relativa ao Sagrado.
O CONHECIMENTO SIMBÓLICO DO
DIVINO E A SUA ESPECÍFICA EVIDÊNCIA
- O conhecimento simbólico do divino
é de tipo intuitivo.
- A iraparia divina não se impõe ao
sujeito conhecente em modo objetivo, só para a evidência existem exusivel
de símbolo isso por dois motivos:
1)
O Sagrado, na sua manifestação,
não se identifica nem materialmente nem antologicamente com o símbolo, mas sim
intencionalmente.
2)
O elemento material do símbolo
não é revelador sem o contexto da experiência religiosa, aonde é envolvida a
interioridade do sujeito.
- nada entra na consciência sem ser
ativamente transformado em objeto consciente.
- No plano do espírito, receber é
sempre perceber, estruturar, articular.
- O conhecimento simbólico não tira
mas exige e supõe a atividade conhecitiva do sujeito, que se desenvolve
não de uma forma discursiva, mas intuitiva.
(Exemplo dos sacramentos hoje).
- CIRCULARIDADE CONHECITIVA: símbolo
– realidade significada
Se através dos
símbolos se abre o conhecimento da realidade simbolizada e se na luz desta
ultima, os mesmos símbolos são percebidos como tais e tornam-se relativos.
- Se trata de uma evidência
intuitiva:
Aquilo que na experiência religiosa é percebido imediatamente no
plano simbólico não é o ser de Deus, mas o sinal dele, inscrito na mediação
simbólica da intencionalidade relativa. Neste sentido tal evidência é mediada.
O CARATER REALÍSTICO DO
CONHECIMENTO SIMBÓLICO DO DIVINO
M. Scheler:
Considera a revelação religiosa como uma relação simbólica e, esta, como a
categoria genealógica mais adequada para entender de que maneira o divino possa
realmente revelar-se e ser conhecido através de um ser contingente, sem
recorrer a um processo lógico dedutivo.
Relação
simbólica – é uma relação antológica – tem o fundamento no objeto.
Relação lógica
- tem o fundamento no sujeito.
Exemplo:
conhecimento interpessoal do eu e das suas experiências (alegria, dor,
vergonha, etc.), que vão acontecer não por analogia, mas por percepção imediata
nas expressões corpóreas do rosto, dos gestos, das palavras.
- Na medida em que o homem se deixa
geniar do movimento intencional da mediação simbólica do evento
revelativo, é capaz de colher também a realidade do divino e da sua
comunicação.
M. Scheler: Tudo
aquilo que sabemos de Deus o sabemos necessariamente através de Deus.
- A conexão entre ato religioso e
fundamento divino não é do tipo dedutivo, mas intuitivo e claro é como o
relacionamento de uma ópera de arte e o seu autor.
- A razão filosófica, explicitado o
valor antológico dos atos religiosos pode concluir legitimamente à
existência do fundamento transcendente deles.
CONCLUSÃO: O conhecimento simbólico é o mais adequado para findar o
conhecimento do Sagrado na experiência religiosa.
O PRESSUPOSTO ONTOLOGICO DA
EXPERIENCIA RELIGIOSA
PROBLEMA: Existe
no homem uma disposição antropológica, em pressuposto transcendental, como
condição de possibilidade do fenômeno religioso?
1.
Schleiermacher (a doutrina da fé – 180)
- Necessidade da autonomia da
religião da metafísica e da moral.
- A religião faz parte da essência
do homem, apesar que se realize na historia., se tematizou as condições a priori de possibilidade de
tal experiência.
Pressuposto transcendental – “ o sentimento de absoluta dependência”
– religiosidade.
Este sentimento expressa a nossa criaturalidade e vos coloca
constantemente perante Deus.
·
Não é uma categoria
psicológica: a experiência religiosa faz parte da constituição da
autoconsciência – é o a priori religioso do espírito humano.
A.
Caraccielo: a religião é
entendida como uma estrutura da consciência humana.
Critica de
Hosseu – Ler p. 171
R. Otto (O
Sagrado)
·
No Sagrado (luminoso) nos
deparamos com um momento conhecitivo puramente a priori.
·
O luminoso entra na mais
profunda raiz conhecitiva da mesma alma, sem dúvida solicitada pelas
experiências empíricas sensíveis.
·
O Sagrado constitui uma
categoria puramente a priori, pois é necessário pressupor uma atividade
categorial da alma para sinalizar e reconhecer o Sagrado.
·
No espírito humano é desta
forma latente, uma predisposição a religião, que solicitada por estivardos
externos, desperta.
O luminoso, como
apriori da experiência religiosa, não é nem razão, nem vontade mas intuição e
sentimento.
Trata-se de um a
priori da intuição religiosa que perante a manifestação do Sagrado se expressa
como uma emoção e acompanha esta experiência como critério de identificação.
- Esta emoção se manifesta na
dialética de fascinaus e tremendeu, que provoca no homem o sentimento de
finitude, da dependência em relação ao Sagrado.
Missea Eliade –
O Sagrado não é uma etapa na historia da consciência, mas um elemento na
estrutura de tal consciência.
- Contradição desta teoria: O
Sagrado é transcendente – transcendental?
O
PRESSUPOSTO ONTOLOGICO DA RELIGIÃO
- A religião é elemento
constitutivo da transcendência
humana?
Resposta: A religião é a forma que atualiza a estrutura essencial da
transcendência humana.
- O pressuposto da religião não pode
ser procurado numa faculdade da emoção – é o mesmo homem o pressuposto da
religião. É neste nível que se abre uma perspectiva antropológica.
- A religião enquanto abertura ou
transcendente, não é algo que se tem, mas define o mesmo ser do homem. É a
tese de Zubiri (ler p. 176).
:
A religião não é um sentimento ou um
ato de conhecimento ou de obediência, mas o constitutivo antológico do
ser pessoal do homem.
O homem é antologicamente aberto ao SER.
CRIATURALIDADE:
Percepção de uma ligação de dependência radical – é um permanente e
antológico ser a Deus relacionados, que não compromete a absoluta de Deus, pois
é mesmo do absoluto colocar a realidade finita como distinta de si, sem
prejudicar a liberdade.
Cf. Robuer – p. 177.
Zubiri: O pressuposto
antológico de cada revelação está na antológica religação do homem ao
próprio fundamento transcendente.
A “religação” é autêntico pressuposto antológico de cada ato
religioso.
·
Só no encanto histórico com
deus, quando o homem se abre à relação religiosa, torna-se consciente de ser
desde sempre constitutivo partir de tal relação.
Antes existe uma inquieta busca de sentido, uma insuprimivel tensão
ao absoluto.
CONCLUSÃO: O
homem, pela sua mesma constituição originária e essencial é intrinsecamente
predisposto para acolher a manifestação do divino, um conteúdo por si mesmo
inacessível as próprias forças humanas.
A abertura
intencional a Deus não é simplesmente o encontro com uma realidade
exteriormente mediada para os seus símbolos, mas a explicitação consciente de
uma relação previa que é dada na sua mais profunda intensidade.
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