Anotações de Paolo Cugini sobre o texto:
BRIGHENTI, A. Teologia Pastoral. A inteligencia reflexa da ação evangelizadora. Vozes: Petrópolis, 2021.
A pastoral como realização do tríplice múnus
O CVII remete o tria múnera Ecclesiae a todo o
povo de Deus, “uma vez que Cristo profeta, sacerdote e rei é o cabeça do novo e
universal Povo de Deus (LG 13), um povo todo profético, régio e sacerdotal.
Conceber a ação pastoral como a ação do todos os cristãos é um dos passos mais
importantes da renovação teológico-pastoral.
Pastoral profética: marca a centralidade da Palavra na vida do cristão e
da Igreja. Isso comporta o anúncio do Evangelho, que se realiza na catequese.
Pastoral do serviço: a fé opera na caridade. Sem obras a fé é morta. O lava
pé é a ícone da Igreja. O exercício do ministério da diaconia por parte do
laicato não é executar tarefas delegadas pelo clero. Todo o serviço deve ser
realizado em prol da comunhão.
Pastoral litúrgica: a descaracterização da liturgia da
Igreja primitiva, plasmada numa diversidade de ritos no seio de uma assembleia
toda ela sacerdotal, começou já no século IV, com a passagens:
a.
das pequenas comunidades com celebrações nas
casas, para cerimonias massivas, em basílicas.
b.
da assembleia celebrante para o padre como
único ator da liturgia.
c.
Da
celebração eucarística como ceia do Senhor ao redor de uma mesa á missa como sacrifício
oferecido pelo sacerdote num altar de pedra;
d.
Da
simplicidade de celebrações domésticas aos rituais com os esplendores da corte
imperial;
e.
Das
vestes do cotidiano a ministros do altar revestidos das honras e indumentarias típicas
dos altos mandatários do império.
A missa, assim, deixa de ser um ato comunitário para
se converter numa devoção privada, tanto do sacerdote, quanto de cada um dos fiéis
em suas devoções particulares.
CVII: resgatou o sacerdócio comum dos fiéis e fez da
pastoral litúrgica um campo da ação de todos os batizados.
A primazia da caridade no exercício do tríplice múnus:
a caridade se remete ao amor que rompe com a logica da reciprocidade, da troca
interessada, da logica do mérito. A caridade leva a sair de si mesmo. Viver a
caridade com toda a humanidade no amor a Deus já a partir desta vida, é viver
em fraternidade, em uma sociedade justa e solidaria, sem exclusões.
Reino-Igreja-Mundo
Reino e mundo são constitutivos da Igreja. Da
servidora do Reino do mundo, a Igreja tinha-se ornado absorvedora do Reino e também
do mundo. Tornou-se uma Igreja autorreferencial, quando na realidade ela é
sacramento histórico salvífico de um Reino que não acontece somente na Igreja
como comunidade socialmente constituída pelos batizados.
O CVII lembrou que o Reino de Deus é mais amplo do que
a Igreja e está presente por além das suas fronteiras. A Igreja é uma das suas
mediações. Além do Reino de Deus não se restringir á comunidade dos discípulos de
Jesus também não acontece somente na esfera estritamente religiosa ou na
interioridade secreta da consciência. Ele se realiza na concretude da
realização do amor ao próximo.
História da Igreja e história da salvação não
coincidem, pois há salvação fora da Igreja porque há presença do Reino para
além das suas fronteiras.
A relação Igreja-Reino em virtude da Igreja estar marcada pelos limites do
humano e peregrinar na história, está caracterizada por tensão. A relação
Reino-Igreja chama os cristãos para colaborar com a edificação do Reino de Deus
presente para além das fronteiras da Igreja.
Limites de uma relação de distância e domínio.
Concretamente a atuação dos cristãos no mundo se dá
de duas formas:
a.
Pastoral
social: vai além da caridade assistencial e da promoção humana nos parâmetros de
uma ação social.
b.
Engajamento
dos cristãos no seio da sociedade.
O específico da caminhada eclesial latino-americana
Medelin: opção preferencial pelos pobres (Med 14,15).
Puebla: a Igreja deve ser cada vez mais dos pobres em virtude
da situação de pobreza em que o povo da AL vive (DP 1094).
Santo Domingo: insiste na necessidade de privilegiar o serviço
fraterno aos mais pobres (SD 180).
Aparecida: a opção preferencial para os pobres leva os cristãos
a criar estruturas que consolidem uma ordem social, econômica e política
inclusiva de todos (DAp 384, 406).
Salvação como libertação integral e as CEBs como
sacramento do reino são outros dois assuntos que marcam a caminhada eclesial latino-americana.
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