terça-feira, 2 de janeiro de 2024

A PASTORAL COMO O SER DA IGREJA

 




 Anotações de Paolo Cugini sobre o texto:

 BRIGHENTI, A. Teologia Pastoral. A inteligencia reflexa da ação evangelizadora. Vozes: Petrópolis, 2021.



A pastoral como realização do tríplice múnus

O CVII remete o tria múnera Ecclesiae a todo o povo de Deus, “uma vez que Cristo profeta, sacerdote e rei é o cabeça do novo e universal Povo de Deus (LG 13), um povo todo profético, régio e sacerdotal. Conceber a ação pastoral como a ação do todos os cristãos é um dos passos mais importantes da renovação teológico-pastoral.

Pastoral profética: marca a centralidade da Palavra na vida do cristão e da Igreja. Isso comporta o anúncio do Evangelho, que se realiza na catequese.

Pastoral do serviço: a fé opera na caridade. Sem obras a fé é morta. O lava pé é a ícone da Igreja. O exercício do ministério da diaconia por parte do laicato não é executar tarefas delegadas pelo clero. Todo o serviço deve ser realizado em prol da comunhão.

Pastoral litúrgica: a descaracterização da liturgia da Igreja primitiva, plasmada numa diversidade de ritos no seio de uma assembleia toda ela sacerdotal, começou já no século IV, com a passagens:

a.        das pequenas comunidades com celebrações nas casas, para cerimonias massivas, em basílicas.

b.       da assembleia celebrante para o padre como único ator da liturgia.

c.       Da celebração eucarística como ceia do Senhor ao redor de uma mesa á missa como sacrifício oferecido pelo sacerdote num altar de pedra;

d.      Da simplicidade de celebrações domésticas aos rituais com os esplendores da corte imperial;

e.       Das vestes do cotidiano a ministros do altar revestidos das honras e indumentarias típicas dos altos mandatários do império.

A missa, assim, deixa de ser um ato comunitário para se converter numa devoção privada, tanto do sacerdote, quanto de cada um dos fiéis em suas devoções particulares.

CVII: resgatou o sacerdócio comum dos fiéis e fez da pastoral litúrgica um campo da ação de todos os batizados.

A primazia da caridade no exercício do tríplice múnus: a caridade se remete ao amor que rompe com a logica da reciprocidade, da troca interessada, da logica do mérito. A caridade leva a sair de si mesmo. Viver a caridade com toda a humanidade no amor a Deus já a partir desta vida, é viver em fraternidade, em uma sociedade justa e solidaria, sem exclusões.

Reino-Igreja-Mundo

Reino e mundo são constitutivos da Igreja. Da servidora do Reino do mundo, a Igreja tinha-se ornado absorvedora do Reino e também do mundo. Tornou-se uma Igreja autorreferencial, quando na realidade ela é sacramento histórico salvífico de um Reino que não acontece somente na Igreja como comunidade socialmente constituída pelos batizados.

O CVII lembrou que o Reino de Deus é mais amplo do que a Igreja e está presente por além das suas fronteiras. A Igreja é uma das suas mediações. Além do Reino de Deus não se restringir á comunidade dos discípulos de Jesus também não acontece somente na esfera estritamente religiosa ou na interioridade secreta da consciência. Ele se realiza na concretude da realização do amor ao próximo.

História da Igreja e história da salvação não coincidem, pois há salvação fora da Igreja porque há presença do Reino para além das suas fronteiras.

A relação Igreja-Reino em virtude da Igreja estar marcada pelos limites do humano e peregrinar na história, está caracterizada por tensão. A relação Reino-Igreja chama os cristãos para colaborar com a edificação do Reino de Deus presente para além das fronteiras da Igreja.

Limites de uma relação de distância e domínio.

Concretamente a atuação dos cristãos no mundo se dá de duas formas:

a.       Pastoral social: vai além da caridade assistencial e da promoção humana nos parâmetros de uma ação social.

b.      Engajamento dos cristãos no seio da sociedade.

 

O específico da caminhada eclesial latino-americana

Medelin: opção preferencial pelos pobres (Med 14,15).

Puebla: a Igreja deve ser cada vez mais dos pobres em virtude da situação de pobreza em que o povo da AL vive (DP 1094).

Santo Domingo: insiste na necessidade de privilegiar o serviço fraterno aos mais pobres (SD 180).

Aparecida: a opção preferencial para os pobres leva os cristãos a criar estruturas que consolidem uma ordem social, econômica e política inclusiva de todos (DAp 384, 406).

Salvação como libertação integral e as CEBs como sacramento do reino são outros dois assuntos que marcam a caminhada eclesial latino-americana. 

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