terça-feira, 26 de dezembro de 2023

O CONHECIMENTO DO DIVINO NO ORIZONTE FENOMENOLOGICO

 




(aulas de filosofia da religião)

 

 Paolo Cugini

 

1)      Problema: é preciso pesquisar as condições de possibilidade de conhecimento do divino na experiência.

2)      Problema: a abordagem hermenêutico se for o único , não pode excluir a possibilidade de duvida racional.

3)      Problema: como pode o homem religioso finito, ter certeza de ter conhecido o Sagrado na sua transcendência?

 

Husserl: fenômeno é aquilo que se oferece a uma consciência. Segundo J.L. Marion esta idéia consente de trazer por dentro da pesquisa fenomenológica toda uma serie de fenômenos, como os religiosos, antes excluídos porque marcados por uma impossibilidade (cf. Kant).

 

I. L. Marion: Aquilo que aparece é, enquanto se oferece.” Tanta presença tanto ser” (Husserl). Heidegger retomará esta ideia revolucionária.   Adoração, oração, Sacrifício, etc. são, nessa altura, atos do de direito, na medida em que são dados á uma consciência.

 

Heidegger: O fenômeno é aquilo que se mostra a si mesmo, também só para indícios – este é o ser –, que apesar de permanecer ausente se oferece sem dato, pode se apresentar a fenomenalidade porque seu indicio o anuncia. Em Sere e Tempo Heidegger mostra a maneira em que podem mostrar-se fenômenos não aparentes, ou que aparecem por indícios (por exemplo, o ser-no-mundo apontado pela angústia, o nada sinalado pela consciência, a possibilidade de ser pela morte, etc.).

 

Portanto, também o invisível pode ser considerado um fenômeno autêntico. As vivencias da consciência religiosa oferecem intuitivamente, mas através de indício, objetos intencionais invisíveis diretamente.  Segundo Marion, nesta perspectiva a relação divina pode entrar no âmbito do fenômeno, e a fenomenologia parece oferecer pelo seu conhecimento.

 

·         O dar-se fenômeno pressupõe, sempre, um eu, qual ponto de referência do aparecer e qual seu pressuposto e condição de possibilidade.

 

Porém a revelação divina é tal se não se deixa reduzir no horizonte de possibilidade do eu.

 

Marion: é a este nível que encontramos a aporia.

 

Henry: a peculiar modalidade da revelação consiste em uma ruptura de descontinuidade entre a aparição inicial e aquilo que depois manifesta de ser mesmo.

 

Problema: existe um fenômeno que se apresente com estas características?

 

Marion: é o “fenômeno Saturado”.

Fenômeno onde o fenômeno oferece, no sinal da revelação, muito mais das intenções, dos significados elaborados pelo eu, saturando, assim, o horizonte da consciência. A este ponto a evidência da verdade não poderá mais ser reduzida fenomenologicamente á sua aparência, mas paradoxalmente será data daquilo que a supera.

 

Marion: a redução fenomenológica coloca entre parêntese a transcendência metafísica, mas não suspende a doação, aliás a provoca. Se tudo aquilo que se mostra se doa, nem tudo se dá, nem tudo se dá de mesma maneira.

 

·         O fenômeno saturado, por quanto paradoxal possa aparecer, representa o arquétipo e não a exceção dos fenômenos (ler p. 184). Aquilo que até agora teria impedido uma tal compreensão da realidade fenomênica é o preconceito filosófico que a verdade se realize subjetivamente através da evidência, considerada como a experiência da adequação entre intenção e intuição, operada por meio da consciência.  O fenômeno saturado de intuição, pelo contrario, doa muito mais de quanto a intenção previu (como acontece por exemplo na experiência estética), assim a relação de subjeção do fenômeno ao eu não somente é suspendida, mas invertida.

 

 

Marion aponta 4 casos de fenômeno saturado:

 

·         Evento histórico

·         Carne

·         Ídolo

·         Ícone

 

A revelação é o modelo que os resume a todos numa mesma aparição.

 

·         A revelação, enquanto fenômeno saturado, deve ser pensado como um dom sem reciprocidade, ou seja, sem uma condição transcendente que forneça a razão.

·         A transcendência da datidade, parece reinar para uma doação originária do ser qual ato constitutivo da mesma consciência fenomenológica; sobretudo se se faz valer o conceito de um fenômeno saturante a intuição do eu.

(p. 185)

 

Max Scheler: (A fenomenologia essencial da religião).

 

  • A religião pertence originariamente ao espírito humano.

Os atos religiosos são os atos mais imediatos e profundos da pessoa.

 

  • Existe no homem uma excedência de forças e de exigências espirituais, uma insuprimível tensão ao absoluto – o homem é orientado a Deus.

 

Não existe ninguém que não tenha fé – existem somente formas diferentes de idolatria.

 

  • A experiência religiosa, expressa aquilo que é mais específico do ser humano.
  • A religião é centrada no objeto absoluto que se revela.

 

É a autorrevelação de Deus que está na origem da experiência religiosa.

 

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