quinta-feira, 7 de março de 2024

Género

 




O sexólogo John Money introduziu a distinção terminológica entre sexo biológico e gênero como um papel social em 1955. Antes de seu trabalho, era incomum usar a palavra "gênero" para se referir a qualquer coisa, exceto categorias gramaticais. No entanto, o significado da palavra dado por Money não se generalizou até a década de 1970, quando as teorias feministas abraçaram o conceito da distinção entre o sexo biológico e a construção social de gênero. Hoje, a distinção é rigorosamente seguida em alguns contextos, principalmente nas ciências sociais e em documentos escritos pela Organização Mundial de Saúde (OMS)

Ao psicólogo e sexologista John Money é creditada a expressão papel de gênero (gender role em inglês) em 1955. "A expressão papel de gênero é usada para significar tudo o que a pessoa diz ou faz para evidenciar a si mesma como garoto ou homem, como garota ou mulher, respectivamente. Isso inclui, mas não é restrito a, sexualidade, no senso de erotismo." Elementos de tais papéis incluem vestimenta, modo de falar, gestos, profissão e outros fatores que não são limitados pelo sexo biológico. Por se presumir que os aspectos sociais de gênero são normalmente os aspectos de interesse na sociologia e disciplinas relacionadas, papel de gênero é normalmente abreviado por gênero. sem que haja ambiguidade neste contexto.

Muitas sociedades reconhecem apenas dois papéis de gênero — masculino ou feminino — e estes correspondem ao sexo biológico.

Filosofia

O livro O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, em 1949 abriu, através da Filosofia e Literatura, um debate político mais aprofundado, ao contestar o determinismo biológico e/ou desígnio divino, retomando a perspectiva hegeliana de que ser é tornar-se, resultando na ideia de que não se nasce mulher, mas se torna mulher. Ao distinguir o componente social do sexo feminino do seu aspecto biológico, Lucila Scavone destaca que "essa constatação lançou a primeira semente para os estudos de gênero, já que ela distingue o componente social do sexo feminino de seu aspecto biológico, ainda sem conceituar ‘gênero’.

as características e comportamentos que reputamos como naturais de um gênero são construções sociais e culturais e que, portanto, não podem ser interpretadas como determinados por aspectos biológicos.

 A filósofa Judith Butler analisa, de maneira crítica, a dicotomia entre sexo e gênero: para ela, os corpos sexuados podem ser base para uma variedade de gêneros e que o gênero não se limita apenas às duas possibilidades usuais. Esse desdobramento do conceito de gênero foi dado nos anos 1990, através da teoria queer, que questiona a normatividade heterossexual e ressalta o "aspecto socialmente contingente e transformável dos corpos e da sexualidade". Para Butler o gênero é uma performance que se dá em qualquer corpo, "portanto desconectado da ideia de que a cada corpo corresponderia somente um gênero". Butler percebe o corpo da mesma forma que o gênero, como um construto cultural, ressaltando o aspecto cultural/social da vinculação entre sexo e gênero. "Com a proposição de gênero como performance, Butler também vai solapar o peso metafísico da identidade (de gênero). Para ela, não há identidades que precedam o exercício das normas de gênero, é o exercício mesmo que termina por criar as normas. É a repetição das normas de gênero que promove isto, que no pensamento da desconstrução chamamos de "duplo gesto". A repetição das normas como performance se dá sempre ao mesmo tempo em que se dá a possibilidade de burlá-las, de fazê-las nem verdadeiras, nem falsas"

Não binariedade e fluidez

Pessoas que não se identificam como homens ou mulheres, ou se identificam com identidades masculinas parte do tempo e femininas outra parte do tempo, fogem a binariedade de gênero imposta pela sociedade.] Esses grupos costumam se identificar como gênero não-binário ou gênero fluido. Gênero fluido costuma ser aqueles que se identificam em momentos diferentes com identidades masculinas e outra parte do tempo com identidades femininas ou que se identificam com uma mistura de feminino e masculino. Gênero não binário é um termo geral para identidades de gênero que não são exclusivamente identidades masculinas ou femininas. Pessoas que se identificam como gênero não-binário se identificam com um terceiro genero, se identificam com mais de um gênero, nenhum gênero (agênero), ou se consideram gênero-fluído. 

No século XXI, essas identidades de gênero que fogem a binariedade vem ganhando cada vez mais espaço em âmbitos psicológicos, médicos e legais e aparecem cada vez mais em censos e pesquisas populacionais.

Pessoas intersexo, aqueles que nascem com um sexo biológico que foge a binariedade de gênero, costumam também ter identidades de gênero em conflito com a binariedade de gênero, especialmente devido a intervenções médicas tendo sido o padrão para bebês que não se encaixam nas classificações biológicas de homens ou mulheres. Por isso, é comum que esse grupo costume se identificar como gênero não-binário ou gênero fluido

 

Transgênero

Transgénero ou transgênero se refere aqueles que se identificam com um gênero que não corresponde ao seu sexo biológico e ao gênero que lhes foi atribuído ao nascer. Essa definição pode ser bem abrangente englobando aqueles que possuem comportamentos transgênero ocasionalmente como os ‘cross-dressers’, ou também aqueles que se identificam constantemente com um gênero diferente do que lhes foi atribuído ao nascer. O termo transgênero ou suas variações são encontrados na literatura desde 1969, mas o termo só foi aparecer na literatura da forma como conhecemos hoje em 1990, quando Judith Butler usou o termo em seu livro ‘Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade’.

Ser transgênero independe da orientação sexual e costuma ser acompanhado de disforia de gênero, uma condição psicológica marcada por desconforto persistente com características sexuais ou marcas de gênero que remetam ao gênero atribuído ao nascer. Além de psicoterapia, tratamentos hormonais ou cirurgias de redesignação sexual costumam ser os caminhos encontrados para lidar com essa disforia de gênero.

Cisgênero

Cisgênero se refere aqueles que se identificam com o seu sexo biológico e ao gênero que lhes foi atribuído ao nascer. Esses indivíduos não costumam ter qualquer disforia de gênero, mas não necessariamente se encaixam nos papeis de gênero que lhes foram impostos pela sociedade. O movimento feminista, por exemplo, inclui mulheres que se identificam como cisgênero, mas que lutam para redefinir as expectativas impostas as mulheres. A identificação como cisgênero, assim como com qualquer outra identidade de gênero, não é capaz de determinar a sexualidade de um indivíduo, uma vez que um indivíduo cisgênero pode se identificar como heterosexual, homosexual, bisexual ou qualquer outra sexualidade.

 Fonte: Wikipedia

 

 

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