O sexólogo John Money introduziu a distinção terminológica entre sexo
biológico e gênero como um papel social em 1955. Antes de seu trabalho, era incomum usar
a palavra "gênero" para se referir a qualquer coisa, exceto categorias gramaticais. No entanto, o significado da palavra dado por
Money não se generalizou até a década de 1970, quando as teorias feministas abraçaram o conceito da distinção entre o sexo
biológico e a construção social de gênero. Hoje, a distinção é rigorosamente
seguida em alguns contextos, principalmente nas ciências sociais e em
documentos escritos pela Organização
Mundial de Saúde (OMS)
Ao psicólogo e
sexologista John Money é creditada a expressão papel de gênero (gender role em inglês) em 1955. "A
expressão papel de gênero é usada para significar tudo o que a pessoa
diz ou faz para evidenciar a si mesma como garoto ou homem, como garota ou
mulher, respectivamente. Isso inclui, mas não é restrito a, sexualidade, no senso de erotismo." Elementos de tais papéis incluem
vestimenta, modo de falar, gestos, profissão e outros fatores que não são
limitados pelo sexo biológico. Por se presumir que os aspectos sociais de
gênero são normalmente os aspectos de interesse na sociologia e disciplinas
relacionadas, papel de gênero é normalmente abreviado por gênero. sem que
haja ambiguidade neste contexto.
Muitas sociedades reconhecem
apenas dois papéis de gênero — masculino ou feminino — e estes correspondem ao sexo biológico.
Filosofia
O
livro O segundo sexo, de Simone de Beauvoir, em 1949 abriu, através da
Filosofia e Literatura, um debate político mais aprofundado, ao contestar o
determinismo biológico e/ou desígnio divino, retomando a perspectiva hegeliana
de que ser é tornar-se, resultando na ideia de que não se nasce mulher, mas se
torna mulher. Ao distinguir o componente social do sexo feminino do seu aspecto
biológico, Lucila Scavone destaca que "essa constatação lançou a primeira
semente para os estudos de gênero, já que ela distingue o componente social do
sexo feminino de seu aspecto biológico, ainda sem conceituar ‘gênero’.
as características e
comportamentos que reputamos como naturais de um gênero são construções sociais
e culturais e que, portanto, não podem ser interpretadas como determinados por
aspectos biológicos.
A filósofa Judith
Butler analisa, de maneira crítica, a dicotomia entre sexo e gênero: para
ela, os corpos sexuados podem ser base para uma variedade de gêneros e que o
gênero não se limita apenas às duas possibilidades usuais. Esse
desdobramento do conceito de gênero foi dado nos anos 1990, através da teoria queer, que questiona a normatividade heterossexual e
ressalta o "aspecto socialmente contingente e transformável dos corpos e
da sexualidade". Para Butler o gênero é uma
performance que
se dá em qualquer corpo, "portanto desconectado da ideia de que a cada
corpo corresponderia somente um gênero". Butler percebe o corpo da
mesma forma que o gênero, como um construto cultural, ressaltando o aspecto
cultural/social da vinculação entre sexo e gênero. "Com a proposição de
gênero como performance, Butler também vai solapar o peso metafísico da
identidade (de gênero). Para ela, não há identidades que precedam o exercício
das normas de gênero, é o exercício mesmo que termina por criar as normas. É a
repetição das normas de gênero que promove isto, que no pensamento da
desconstrução chamamos de "duplo gesto". A repetição das normas como
performance se dá sempre ao mesmo tempo em que se dá a possibilidade de
burlá-las, de fazê-las nem verdadeiras, nem falsas"
Não
binariedade e fluidez
Pessoas
que não se identificam como homens ou mulheres, ou se identificam com
identidades masculinas parte do tempo e femininas outra parte do tempo, fogem a
binariedade de gênero imposta pela sociedade.] Esses grupos costumam se identificar como
gênero não-binário ou gênero fluido. Gênero fluido costuma ser aqueles que se
identificam em momentos diferentes com identidades masculinas e outra parte do
tempo com identidades femininas ou que se identificam com uma mistura de
feminino e masculino. Gênero não binário é um termo geral para identidades de
gênero que não são exclusivamente identidades masculinas ou femininas. Pessoas
que se identificam como gênero não-binário se identificam com um terceiro
genero, se identificam com mais de um gênero, nenhum gênero (agênero), ou se consideram
gênero-fluído.
No
século XXI, essas identidades de gênero que fogem a binariedade vem ganhando
cada vez mais espaço em âmbitos psicológicos, médicos e legais e aparecem cada
vez mais em censos e pesquisas populacionais.
Pessoas intersexo, aqueles que nascem com um
sexo biológico que foge a binariedade de gênero, costumam também ter
identidades de gênero em conflito com a binariedade de gênero, especialmente
devido a intervenções médicas tendo sido o padrão para bebês que não se
encaixam nas classificações biológicas de homens ou mulheres. Por isso, é comum que
esse grupo costume se identificar como gênero não-binário ou gênero fluido
Transgênero
Transgénero ou transgênero se refere
aqueles que se identificam com um gênero que não corresponde ao seu sexo
biológico e ao gênero que lhes foi atribuído ao nascer. Essa definição
pode ser bem abrangente englobando aqueles que possuem comportamentos
transgênero ocasionalmente como os ‘cross-dressers’, ou também aqueles que se
identificam constantemente com um gênero diferente do que lhes foi atribuído ao
nascer. O termo transgênero ou suas variações são encontrados na
literatura desde 1969, mas o termo só foi aparecer na
literatura da forma como conhecemos hoje em 1990, quando Judith Butler usou o
termo em seu livro ‘Problemas de gênero: feminismo e subversão de identidade’.
Ser
transgênero independe da orientação sexual e costuma ser acompanhado de
disforia de gênero, uma condição psicológica marcada por desconforto
persistente com características sexuais ou marcas de gênero que remetam ao
gênero atribuído ao nascer. Além de psicoterapia, tratamentos hormonais ou
cirurgias de redesignação sexual costumam ser os caminhos encontrados para
lidar com essa disforia de gênero.
Cisgênero
Cisgênero
se refere aqueles que se identificam com o seu sexo biológico e ao gênero que
lhes foi atribuído ao nascer. Esses indivíduos não costumam ter qualquer
disforia de gênero, mas não necessariamente se encaixam nos papeis de gênero
que lhes foram impostos pela sociedade. O movimento feminista, por exemplo,
inclui mulheres que se identificam como cisgênero, mas que lutam para redefinir
as expectativas impostas as mulheres. A identificação como cisgênero, assim
como com qualquer outra identidade de gênero, não é capaz de determinar a
sexualidade de um indivíduo, uma vez que um indivíduo cisgênero pode se
identificar como heterosexual, homosexual, bisexual ou qualquer outra
sexualidade.
Fonte: Wikipedia
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