Paolo Cugini
Pós-modernidade, etimologicamente falando, aponta por
aquilo que está além da modernidade, depois dela. Trata-se, de certa forma da
superação do modelo cultural moderno que, talvez, tenha o valor de uma derrota.
É o projeto da modernidade que é considerado concluído, aliás seria melhor
dizer derrotado e que, naturalmente, está levando a humanidade por um novo
rumo.
A crise do fundamento. No novo contexto cultural que
vem se delineando, caracterizado da crise da razão dedutiva e as consequentes
construções sistemáticas, fica patente que não é mais possível alicerçar o
pensamento sobre uma fundação única, última, normativa.
A crise do fundamento afeta a mesma ideia de
verdade. “A pergunta é: é preciso necessariamente renunciar à verdade ou é
possível chamar ‘novas razões’ menos pretensiosas, para tapar a falha sem que a
teoria perca o seu poder?”
Crise da razão forte quer dizer coragem de percorrer o
difícil percurso do depotenciamento, do enfraquecimento do ser, renunciando a
formulação dogmáticas, enveredando o caminho da hermenêutica.
Somente à luz do anúncio nietzschiano da morte
de Deus será possível desmascarar estas mistificações, ou seja, que as estruturas fortes da
metafísica não eram nada mais que gratificações concedidas ao pensamento na
época em que a técnica e a organização social não tinham ainda se desenvolvido
plenamente.
Essa diferença significa, antes de mais nada, que o
ser não é mas acontece, conforme o ensinamento heideggeriano de Ser e Tempo. O
ser que acontece se oferece ao pensamento de uma modalidade totalmente nova se
comparada com o ser das metafísicas fortes do pensamento Ocidental.
Num sentido ‘fraco’ verdade longe de ser uma
evidência, é o fruto de um processo de avaliação. Essa avaliação acontece no
plano dos acontecimentos históricos e por isso exige ser interpretada a toda
hora.
A verdade é fruto de uma interpretação — acrescenta
Vattimo — não porque é através do processo interpretativo que se alcança a
verdade […], mas porque é só no processo interpretativo, entendido antes de
mais nada no sentido aristotélico de hermeneia, expressão, formulação,
que a verdade se constitui
Repensar a metafísica, como é na intenção de Vattimo,
significa mexer com as estruturas de domínio formadas na época moderna, sejam
elas quais foram: políticas, culturais, religiosas.
Armando Matteo aponta cinco caminhos principais — que
ele chama de mentalidades — que a pós-modernidade está enveredando.
1.
A
primeira mentalidade que caracteriza a pós-modernidade é o anti-platonismo.
2.
Matteo
chama a segunda virada da cultura pós-moderna de anti-ideológica, caracterizada
pela crise da racionalidade moderna.
3.
A
terceira vertente que Matteo aponta neste novo quadro cultural é a mentalidade
antiaristotélica.
4.
A
quarta virada da cultura pós-moderna pode ser apontada na mentalidade
antiagostiniana.
5.
A
última virada que Matteo aponta neste novo quadro cultural é a mentalidade anti-romana.
Por modelo romano o autor entende a maneira centralizada de administrar o poder
político.
Nenhum comentário:
Postar um comentário