sexta-feira, 8 de março de 2024

CULTURA PÓS-MODERNA

 




 

Paolo Cugini

Pós-modernidade, etimologicamente falando, aponta por aquilo que está além da modernidade, depois dela. Trata-se, de certa forma da superação do modelo cultural moderno que, talvez, tenha o valor de uma derrota. É o projeto da modernidade que é considerado concluído, aliás seria melhor dizer derrotado e que, naturalmente, está levando a humanidade por um novo rumo.

A crise do fundamento. No novo contexto cultural que vem se delineando, caracterizado da crise da razão dedutiva e as consequentes construções sistemáticas, fica patente que não é mais possível alicerçar o pensamento sobre uma fundação única, última, normativa.

 A crise do fundamento afeta a mesma ideia de verdade. “A pergunta é: é preciso necessariamente renunciar à verdade ou é possível chamar ‘novas razões’ menos pretensiosas, para tapar a falha sem que a teoria perca o seu poder?”

Crise da razão forte quer dizer coragem de percorrer o difícil percurso do depotenciamento, do enfraquecimento do ser, renunciando a formulação dogmáticas, enveredando o caminho da hermenêutica.

 Somente à luz do anúncio nietzschiano da morte de Deus será possível desmascarar estas mistificações,  ou seja, que as estruturas fortes da metafísica não eram nada mais que gratificações concedidas ao pensamento na época em que a técnica e a organização social não tinham ainda se desenvolvido plenamente.

Essa diferença significa, antes de mais nada, que o ser não é mas acontece, conforme o ensinamento heideggeriano de Ser e Tempo. O ser que acontece se oferece ao pensamento de uma modalidade totalmente nova se comparada com o ser das metafísicas fortes do pensamento Ocidental.

Num sentido ‘fraco’ verdade longe de ser uma evidência, é o fruto de um processo de avaliação. Essa avaliação acontece no plano dos acontecimentos históricos e por isso exige ser interpretada a toda hora.

A verdade é fruto de uma interpretação — acrescenta Vattimo — não porque é através do processo interpretativo que se alcança a verdade […], mas porque é só no processo interpretativo, entendido antes de mais nada no sentido aristotélico de hermeneia, expressão, formulação, que a verdade se constitui

Repensar a metafísica, como é na intenção de Vattimo, significa mexer com as estruturas de domínio formadas na época moderna, sejam elas quais foram: políticas, culturais, religiosas.

Armando Matteo aponta cinco caminhos principais — que ele chama de mentalidades — que a pós-modernidade está enveredando.

1.      A primeira mentalidade que caracteriza a pós-modernidade é o anti-platonismo.

2.      Matteo chama a segunda virada da cultura pós-moderna de anti-ideológica, caracterizada pela crise da racionalidade moderna. 

3.      A terceira vertente que Matteo aponta neste novo quadro cultural é a mentalidade antiaristotélica.

4.      A quarta virada da cultura pós-moderna pode ser apontada na mentalidade antiagostiniana. 

5.      A última virada que Matteo aponta neste novo quadro cultural é a mentalidade anti-romana. Por modelo romano o autor entende a maneira centralizada de administrar o poder político.

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