segunda-feira, 4 de março de 2024

JEAN LUC MARION: DEUS SEM O SER

 





 

(Anotações de Paolo Cugini)

 

A modernidade é caracterizada do aniquilamento de Deus como problema. Porquê Deus não mora mais os nossos questionamentos? Porque a resposta ao problema da sua essência e da sua existência se torna indiferente.

Os novos deuses recebem justificação e existência somente da vontade de potência, a qual eles oferecem mil rostos sem crepúsculo porque sem eternidade, se não àquela de um nascimento eternamente retomado.

Problema:

Para subtrair Deus ao ídolo não seria necessário começar a pensá-lo de uma maneira diferente?

É possível liberar Deus do ser do ente?

É possível pensar além do ser?

A fé precisa do pensamento do ser?

 

Heidegger (seminário de Zurique -1953):

O termo ser é incompatível como o léxico teológico. O termo ser não é teológico.

Sendo que é a revelação a determinar a sua maneira de manifestação, a teologia não precisa de se defender perante a filosofia, pois não tem necessidade de interpretar um ‘ser’.

A filosofia é percebida pela fé como uma loucura.

“A filosofia primeira enquanto ontologia é teologia do ente que é verdadeiramente. Precisaria então falar de teiologia. A ciência do ente em quanto tal é em si mesma onto-teo-logia”( Heidegger, Caminhos interruptos)

Se trata do ente no seu Ser e não daquilo que a fé oferece à teologia autenticamente cristã. Existe uma diferença entre o deus da revelação e o deus da ontologia. Uma prova de Deus pode ser formulada com a maior logica do mundo e, ao mesmo tempo, não provar nada.

Um Deus que precisa que a própria existência seja provada é um Deus bem pouco divino e a prova da existência de Deus é uma grande blasfêmia” (Heidegger, Carta sobre o humanismo). A metafisica não precisa da teologia da fé para enunciar nomes divinos.

Segundo Heidegger a teologia não concerne “Deus”, mas o fato da fé no crucifixo. A teologia não põe em ato a ciência de “Deus”, mas a ciência da fé. Ela trata da fé do homem no evento de Cristo morto.

A fé é uma maneira de existência do ser humano

Marion:

Como dizer Deus, o Deus da revelação que não é deste mundo (Jo 18,36)? A metafisica nos acostumou a pensar Deus a partir do Ser.

Hipótese: aquilo que não pertence ao mundo não pode depender do Ser. Como deve ser escrito o Deus de uma teologia cristã, manifestada pela cruz de Cristo?

Liberar o Ser como tal significa libertar-se do Ser? O discurso sobre o Ser implica o discurso da diferença ontológica entre ente e Ser. É necessária uma regra nova que não seja a diferença, uma regra que não envie o ente ao Ser. É a indiferença ontológica. A diferença ontológica reconduz o ente ao Ser, desdobra o Ser em entes para completar o olhar reflexo de um no outro. Tela do Ser, no qual, através cada ente, o Ser se projeta sobre si mesmo. 

É necessário algo que coloque fora do jogo da diferença do Ser e do ente. A revelação bíblica ignora a diferença ontológica (cf. Gen 1, 24).

Romanos 4:17

 Como está escrito: "Eu o constituí pai de muitas nações". Ele é nosso pai aos olhos de Deus, em quem creu, o Deus que dá vida aos mortos e chama à existência coisas que não existem, como se existissem.

1 Coríntios 1:28

²⁸ E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são 

Deus escolhe os não entes para anular os entes. Para Deus aquilo que não é, é como se fosse.  Aquilo que é pode, por Deus, ser como se não fosse. O fato de ser um ente não garante sobre o nada.

1 Cor 1,28:  A sabedoria que vem de Deus provoca a confusão da sabedoria dos homens, que é alicerçada no discurso da diferença ontica entre ente e ser.  Esta sabedoria que ficou louca pela presença da sabedoria de Deus é a sabedoria dos gregos. Render doido o ente significa libertá-lo do ser. Possibilidade de dizer do ente sem recorrer ao Ser.

Deus não destrói, Ele revoga o julgamento do mundo. Revoga, considera como nada uma lei sem precisar de confutar.

Lc 15: é o único caso do NT onde é utilizado a palavra ousia.

 


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