segunda-feira, 5 de maio de 2025

Materialismo

 




A análise de Karl Marx é materialista porque considera vários fatores estruturais materiais como determinantes para o desenvolvimento da história humana e para a criação de uma ordem social (ou seja, não é um materialismo ontológico, mas um materialismo como abordagem epistemológico-científica aplicada à ciência da história, o materialismo histórico, precisamente), em particular os tecnológicos e os econômicos. Esta visão da história difere da dos idealistas, que colocam a política, a filosofia, a arte ou a religião na base das mudanças políticas e sociais, ou seja, o que Marx chama de elementos superestruturais.

Convencido da mutabilidade do mundo e de todas as suas fases, seguindo uma perspectiva histórica, mas não historicista, expressa à luz da inversão da dialética hegeliana, Marx afirma o caráter transitório do modo de produção capitalista. De acordo com a perspectiva marxista, de fato, é possível superá-la na direção de uma nova forma social superior.[4]. A possibilidade alternativa da ruína comum das classes em conflito também é considerada no Manifesto Comunista de Marx e Engels.

 

As afirmações fundamentais de Marx são as seguintes:

 

Os fundamentos econômicos de uma determinada sociedade — que são as maneiras pelas quais a riqueza é produzida e distribuída — geralmente determinam o ponto de vista dessa sociedade sobre a conduta e os relacionamentos de seus membros, mas essas condições sociais estão em processo de mudança e constituem o elemento dinâmico e mutável da história. Esses fundamentos constituem o que Marx chama de estrutura ou modo de produção, dentro do qual podemos distinguir dois aspectos: as forças produtivas (ou seja, o maior ou menor nível de especialização - portanto, a divisão do trabalho -; as técnicas utilizadas nos processos de produção) e as relações de produção, que fornecem o arcabouço legal e normativo dentro do qual essas forças operam e se desenvolvem.

Há uma evolução social, com novas sociedades, com bases econômicas diferentes, surgindo das antigas – por causa de certos elementos que se desenvolveram nestas últimas. Em particular, dentro de cada modo de produção, o desenvolvimento das forças produtivas, em determinado momento, entra em conflito com as relações jurídicas de produção, que, de estímulo inicial ao desenvolvimento, foram convertidas em cadeias. Esse contraste gera um período de convulsões revolucionárias, que lançam as bases para a definição de novas relações e, portanto, marcam a transição para um novo modo de produção. Mudanças na estrutura econômica, por sua vez, terão repercussões no nível superestrutural, na política, no direito e nas expressões culturais em sentido amplo.

A história, considerada como o desenvolvimento das relações de produção e distribuição (e das formas relativas de propriedade que representam seu reflexo jurídico), é uma sucessão de lutas de classes, todas de natureza política, pois, mesmo que surjam de interesses particulares, têm como objetivo final o controle do poder estatal. O capitalismo representa a forma antagônica máxima da luta de classes; o proletariado, uma classe oprimida, é também uma classe universal, na medida em que sua própria necessidade de libertação — particular — cruza e coincide com a necessidade de libertação do homem de toda forma de alienação e exploração — universal. Portanto, o proletariado, ao se libertar, de fato liberta toda a raça humana de todas as formas de subjugação econômica.

A história é o resultado da ação das condições sociais sobre o homem e da ação do homem sobre as condições sociais. 

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