A análise
de Karl Marx é materialista porque considera vários fatores estruturais
materiais como determinantes para o desenvolvimento da história humana e para a
criação de uma ordem social (ou seja, não é um materialismo ontológico, mas um
materialismo como abordagem epistemológico-científica aplicada à ciência da
história, o materialismo histórico, precisamente), em particular os
tecnológicos e os econômicos. Esta visão da história difere da dos idealistas,
que colocam a política, a filosofia, a arte ou a religião na base das mudanças
políticas e sociais, ou seja, o que Marx chama de elementos superestruturais.
Convencido
da mutabilidade do mundo e de todas as suas fases, seguindo uma perspectiva
histórica, mas não historicista, expressa à luz da inversão da dialética
hegeliana, Marx afirma o caráter transitório do modo de produção capitalista.
De acordo com a perspectiva marxista, de fato, é possível superá-la na direção
de uma nova forma social superior.[4]. A possibilidade alternativa da ruína
comum das classes em conflito também é considerada no Manifesto Comunista de
Marx e Engels.
As
afirmações fundamentais de Marx são as seguintes:
Os
fundamentos econômicos de uma determinada sociedade — que são as maneiras pelas
quais a riqueza é produzida e distribuída — geralmente determinam o ponto de
vista dessa sociedade sobre a conduta e os relacionamentos de seus membros, mas
essas condições sociais estão em processo de mudança e constituem o elemento
dinâmico e mutável da história. Esses fundamentos constituem o que Marx chama
de estrutura ou modo de produção, dentro do qual podemos distinguir dois
aspectos: as forças produtivas (ou seja, o maior ou menor nível de
especialização - portanto, a divisão do trabalho -; as técnicas utilizadas nos
processos de produção) e as relações de produção, que fornecem o arcabouço
legal e normativo dentro do qual essas forças operam e se desenvolvem.
Há uma
evolução social, com novas sociedades, com bases econômicas diferentes,
surgindo das antigas – por causa de certos elementos que se desenvolveram
nestas últimas. Em particular, dentro de cada modo de produção, o
desenvolvimento das forças produtivas, em determinado momento, entra em
conflito com as relações jurídicas de produção, que, de estímulo inicial ao
desenvolvimento, foram convertidas em cadeias. Esse contraste gera um período
de convulsões revolucionárias, que lançam as bases para a definição de novas
relações e, portanto, marcam a transição para um novo modo de produção.
Mudanças na estrutura econômica, por sua vez, terão repercussões no nível
superestrutural, na política, no direito e nas expressões culturais em sentido
amplo.
A história,
considerada como o desenvolvimento das relações de produção e distribuição (e
das formas relativas de propriedade que representam seu reflexo jurídico), é
uma sucessão de lutas de classes, todas de natureza política, pois, mesmo que
surjam de interesses particulares, têm como objetivo final o controle do poder
estatal. O capitalismo representa a forma antagônica máxima da luta de classes;
o proletariado, uma classe oprimida, é também uma classe universal, na medida
em que sua própria necessidade de libertação — particular — cruza e coincide
com a necessidade de libertação do homem de toda forma de alienação e
exploração — universal. Portanto, o proletariado, ao se libertar, de fato
liberta toda a raça humana de todas as formas de subjugação econômica.
A história
é o resultado da ação das condições sociais sobre o homem e da ação do homem
sobre as condições sociais.
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