sábado, 28 de dezembro de 2024

ARISTÓTELES (Aulas sintéticas e esquemáticas )

 




Paolo Cugini


Relacionamento entre Platão e Aristóteles

Em lugar do principio transcendente do Uno-Bem será preciso introduzir o Bem entendido como causa final de toda a realidade;

Em lugar das idéias transcendentes será preciso introduzir as Formas ou essências imanentes, entendendo-as como a estrutura inteligível de todo o real, e do sensível de modo particular.

Á concepção platônica do supra-sensível, entendido como realidade inteligível, A. substitui uma concepção do supra-sensível entendido como Inteligência.

Diferença: espírito poético e místico de Platão; 

Espírito cientifico de Aristóteles. É a ciência que se ocupa das realidades que estão acima da física. 


METAFÍSICA

Indaga as causas e os princípios primeiros ou supremos.

 Indaga o ser em quanto ser

Indaga a substância.

Indaga Deus e a substância supra-sensível.

Não é uma ciência dirigida a fins práticos e empíricos.

A M. é ciência que vale em si e para si, porque tem em si mesma o seu fim e é ciência livre por excelência.

A M. nasce de um puro amor ao saber, da necessidade, radicada na natureza humana , de conhecer o porquê ultimo.

A M. é a ciência que tende a apaziguar essa exigência humana do puro conhecimento. Por isso Aristóteles chamou a M. de ciência divina.

Portanto o homem que faz M. se aproxima de Deus. 


QUATRO CAUSAS

Causa formal: forma ou essência das coisas (alma para os animais).

Causa material: é aquilo de que é feita a coisa ( a matéria dos animais são carne e osso; da estatua é a madeira, etc.)

Causa eficiente ou motora: é aquilo de que provêm a mudança e o movimento das coisas (os pais são a causa eficiente dos filhos).

Causa final: constitui o fim e o escopo das coisas e das ações.


O SER E SEUS SIGNIFICADOS

Não pode ser entendido em modo unívoco, mas como gênero transcendente ou universal a maneira dos platônicos. 

O ser exprime originariamente uma multiplicidade de significados (ler M. G2,1003 a 33-b 6).

O ser é um conceito mais amplo e mais extenso do que o gênero e a espécie.

As varias coisas que são ditas ser,  exprimem sentidos diferentes do ser, mas ao mesmo tempo  implicam uma referência a algo que é uno: a substância.


O ser se diz no sentido acidental (o homem é musico).

Ser por si (substância).

Ser como verdadeiro. È o ser lógico: só subsiste na razão.

Ser como potência e ato


O ser transmitido por cada uma das figuras de categorias constitui um significado diferente do significado de cada uma das outras.

Tabua das categorias: Substância, Qualidade, Quantidade, Relação, Ação, Paixão, Lugar, Tempo, Ter, Jazer.

O ser segundo a potência e o ato não tem só um significado.

Também o ser como verdadeiro e como falso entende-se em diferentes modos.

Ser acidental. É um ser que depende de um outro ser.

Problema: existem somente substancias sensíveis ou também as supra-sensíveis? 

É o que a substância em geral: 

- é a matéria?

- é a forma?

- é o sínolo?


O Problema da substância

Substância é num sentido a forma, pois ela é a natureza interior das coisas. A forma, essência do homem, é a alma. 

Também a matéria é substância.

Composto, o sínolo, é a concreta união de matéria e forma. 

A substância é a titulo diverso tanto a forma como a matéria e o sínolo.

Só se pode chamar substância o que não inere a outro e não se predica do outro.

Substância só pode ser um ente que pode subsistir por si ou separadamente do resto dotado de uma forma de subsistência autônoma.

Substância é só o que é um algo determinado. Não pode ser substância um atributo geral.

Substância deve ser algo intrinsecamente unitário.

Só é substância o que é ato ou em ato.

A forma pode ser chamada de substância por excelência .

A Forma

O eidos aristotélico é um principio metafísico, uma condição ontológica, uma estrutura ontológica.

A substância de  A., como estrutura ontológica imanente da coisa, não pode absolutamente confundir-se com o universo abstrato.

O universal é o gênero que não tem uma realidade ontológica separada. 

O ATO E A POTÊNCIA

A matéria é potencialidade, ou seja capacidade de assumir ou receber uma forma.

A forma configura-se como ato, ou atuação da capacidade.

Todas as coisas que possuem matéria têm sempre, como tais, maior ou menor potencialidade.

Se existem seres imateriais, puras formas, eles serão ato puro. 

O ato é chamado por A. enteléquia. A alma é enteléquia do corpo.

O ato é condição, regra e fim da potencialidade. O ato é superior a potência porque é modo de ser das substâncias eternas.

Com a doutrina da potência e ato A. resolveu o problema do movimento  e o problema da unidade de matéria e de forma.

A. utilizou esta doutrina para demonstrar a existência de Deus e para compreender a sua natureza.

TEOLOGIA

Existem três gêneros de substância hierarquicamente  ordenadas: duas são de natureza sensível (aquelas que nascem e perecem; as S. substancia sensíveis porém incorruptíveis – céu, planetas, pois são constituídas de éter).

Acima destas existem as  S. imóveis , eternas e transcendentes ao sensível: Deus e outras S. motoras.

Deus é privo de matéria. 

Demonstração da existência do supra-sensível. 

O supra-sensível de ser incorrutível e imóvel.

Deus pensa o que há de mais excelente.

O que há de mias excelente?

Deus pensa a si mesmo.

Deus é pensamento de pensamento.

A. acreditou que Deus não bastava sozinho para explicar o movimento de todas as esferas das quais ele pensava serem os céus constituídos.

Existem 55 esferas celestes, conforme também o calculo de Calipo.

Deus, motor imóvel, move diretamente a primeira esfera e só indiretamente as outras. 

A. chamou Deus só o primeiro motor.

A. não percebeu a antítese unidade-multiplicidade do divino.

O Deus aristotélico não é criador das outras 55 inteligências. A. não deixou explicado a relação entre Deus essas substâncias.

As outras substâncias imóveis são hierarquicamente  inferiores ao Primeiro Motor Imóvel.

Deus pensa o mundo e os homens no mundo?

Deus não pode ter conhecimentos imperfeitos.

Os  indivíduos nas suas carências , limitações e deficiências não são conhecidos por Deus.

Os indivíduos empíricos são indignos do pensamento divino.

Deus é objeto de amor, mas não ama: só pode amar a si mesmo.

Os indivíduos não são objeto do amor divino.

Deus não se volta para os homens e muito menos para o homem individual. Deus não pode amar nenhum dos homens individuais.

Para que e fosse adiante era necessário conquistar o teorema da criação. 


FÍSICA

A física é a “filosofia segunda”, é a segunda ciência teorética: tem por objeto de pesquisa a realidade sensível, caracterizada pelo movimento. 

A física não é uma ciência quantitativa da natureza, mas qualitativa. 

Mais do que uma ciência se trata de uma ontologia do sensível.

Nem mesmo Platão soube estabelecer qual era a essência do movimento e o seu estatuto ontológico.

O movimento é um dato de fato originário que não pode ser posto em duvida (critica aos Eleatas).

O movimento em geral é a passagem do ser em potência ao ser em ato. 

O movimento se desenvolve no álveo do ser e é passagem de ser (em potência) a ser ( em ato).

Também o movimento refere-se á varias categorias. Da tabuas das categorias é possível deduzir as várias formas de mudança. 

A mudança segundo a substância é a geração e a corrupção;

Segundo a qualidade é a alteração;

Segundo a quantidade é o aumento e a diminuição;

Segundo o lugar é a translação.

Mudança é termo genérico que corresponde a estas quatro formas; movimento é termo que designa as últimas três, particularmente a última. 

Só os sinolos de matéria e forma podem mudar, porque a matéria implica potencialidade.

Os objetos estão num lugar.

A experiência mostra que existe um lugar natural ao qual cada um dos elementos tende, quando não encontra obstáculo: fogo e ar tendem para cima, terra e água para baixo. 

O em cima e o abaixo não são algo relativos a nós, mas algo objetivo, são determinações naturais.

O lugar não deve ser confundido com o recipiente: o primeiro é imóvel. O lugar é o recipiente imóvel, enquanto o recipiente é um lugar móvel.

O lugar é o primeiro limite imóvel do continente. Por isso não é pensável um lugar fora do universo, nem um lugar no qual esteja o universo. Por isso todas as coisas estão no céu, pois o céu entende-se, é o todo!

O movimento do céu como totalidade só será possível no sentido da circularidade sobre si mesmo, não havendo lugar para uma transição.

Da definição do lugar segue a impossibilidade do vazio.

O tempo é uma propriedade do movimento.

O tempo é continuo, pois acompanha o movimento que é continuo.

A percepção do antes e depois supõe a alma.

A. nega a existência do infinito em ato, pois ele existe só em potencia ou como potência (ex. numero).

Infinito é o espaço pois é divisível ao infinito.

Infinito também é o tempo pois transcorre e cresce sem fim.


PSICOLOGIA

A alma é enteléquia primeira de um corpo físico que tem a vida em potência.

Tripartição da alma.

vegetativa

sensitiva

racional 


ÉTICA

A felicidade é o fim ao qual conscientemente tendem todos os homens.

Tipo de felicidade:

prazeres: vida de escravos;

Honra: é algo de exterior;

O Bem Supremo por A. não pode ser objeto de felicidade para os homens pois é além das suas possibilidades. 

O verdadeiro bem do homem consiste na atividade da razão.

- Os verdadeiros bens dos homens são os bens espirituais, que consistem na virtude da sua alma: nisso o homem encontra a felicidade (ler texto 2). 

A felicidade consiste numa atividade da alma segundo a virtude. 

Virtude humana é só aquela na qual entra na atividade da razão.

Virtude ética: dominar as tendências e impulsos desmedidos; derivam em nós do habito .

Nunca há uma virtude ética quando há excesso ou falta: a virtude implica a proporção. A virtude ética é sempre mediana entre dois vícios, ou por falta ou por excesso. 

Virtude dianoética: virtude racional.

Duas funções da alma racional: a. conhece as coisas  contingentes; sabedoria

conhece as coisas imutáveis: sapiência.

Sabedoria: saber dirigir corretamente a vida do homem. Ajuda a indicar os meios para   alcançar os fins.

Sapiência: diz respeito aquilo que está acima do homem. Coincide com as ciências teoréticas.

A perfeita felicidade: assimilar-se a Deus significa contemplar o verdadeiro tal como Deus o contempla


POLÍTICA

O bem do estado é mais importante do bem do individuo.

O homem é incapaz de viver isolado. 

A vida moral só pode ser garantida pelas leis do Estado


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