Paolo Cugini
Relacionamento entre Platão e Aristóteles
Em lugar do principio transcendente do Uno-Bem será preciso introduzir o Bem entendido como causa final de toda a realidade;
Em lugar das idéias transcendentes será preciso introduzir as Formas ou essências imanentes, entendendo-as como a estrutura inteligível de todo o real, e do sensível de modo particular.
Á concepção platônica do supra-sensível, entendido como realidade inteligível, A. substitui uma concepção do supra-sensível entendido como Inteligência.
Diferença: espírito poético e místico de Platão;
Espírito cientifico de Aristóteles. É a ciência que se ocupa das realidades que estão acima da física.
METAFÍSICA
Indaga as causas e os princípios primeiros ou supremos.
Indaga o ser em quanto ser
Indaga a substância.
Indaga Deus e a substância supra-sensível.
Não é uma ciência dirigida a fins práticos e empíricos.
A M. é ciência que vale em si e para si, porque tem em si mesma o seu fim e é ciência livre por excelência.
A M. nasce de um puro amor ao saber, da necessidade, radicada na natureza humana , de conhecer o porquê ultimo.
A M. é a ciência que tende a apaziguar essa exigência humana do puro conhecimento. Por isso Aristóteles chamou a M. de ciência divina.
Portanto o homem que faz M. se aproxima de Deus.
QUATRO CAUSAS
Causa formal: forma ou essência das coisas (alma para os animais).
Causa material: é aquilo de que é feita a coisa ( a matéria dos animais são carne e osso; da estatua é a madeira, etc.)
Causa eficiente ou motora: é aquilo de que provêm a mudança e o movimento das coisas (os pais são a causa eficiente dos filhos).
Causa final: constitui o fim e o escopo das coisas e das ações.
O SER E SEUS SIGNIFICADOS
Não pode ser entendido em modo unívoco, mas como gênero transcendente ou universal a maneira dos platônicos.
O ser exprime originariamente uma multiplicidade de significados (ler M. G2,1003 a 33-b 6).
O ser é um conceito mais amplo e mais extenso do que o gênero e a espécie.
As varias coisas que são ditas ser, exprimem sentidos diferentes do ser, mas ao mesmo tempo implicam uma referência a algo que é uno: a substância.
O ser se diz no sentido acidental (o homem é musico).
Ser por si (substância).
Ser como verdadeiro. È o ser lógico: só subsiste na razão.
Ser como potência e ato
O ser transmitido por cada uma das figuras de categorias constitui um significado diferente do significado de cada uma das outras.
Tabua das categorias: Substância, Qualidade, Quantidade, Relação, Ação, Paixão, Lugar, Tempo, Ter, Jazer.
O ser segundo a potência e o ato não tem só um significado.
Também o ser como verdadeiro e como falso entende-se em diferentes modos.
Ser acidental. É um ser que depende de um outro ser.
Problema: existem somente substancias sensíveis ou também as supra-sensíveis?
É o que a substância em geral:
- é a matéria?
- é a forma?
- é o sínolo?
O Problema da substância
Substância é num sentido a forma, pois ela é a natureza interior das coisas. A forma, essência do homem, é a alma.
Também a matéria é substância.
Composto, o sínolo, é a concreta união de matéria e forma.
A substância é a titulo diverso tanto a forma como a matéria e o sínolo.
Só se pode chamar substância o que não inere a outro e não se predica do outro.
Substância só pode ser um ente que pode subsistir por si ou separadamente do resto dotado de uma forma de subsistência autônoma.
Substância é só o que é um algo determinado. Não pode ser substância um atributo geral.
Substância deve ser algo intrinsecamente unitário.
Só é substância o que é ato ou em ato.
A forma pode ser chamada de substância por excelência .
A Forma
O eidos aristotélico é um principio metafísico, uma condição ontológica, uma estrutura ontológica.
A substância de A., como estrutura ontológica imanente da coisa, não pode absolutamente confundir-se com o universo abstrato.
O universal é o gênero que não tem uma realidade ontológica separada.
O ATO E A POTÊNCIA
A matéria é potencialidade, ou seja capacidade de assumir ou receber uma forma.
A forma configura-se como ato, ou atuação da capacidade.
Todas as coisas que possuem matéria têm sempre, como tais, maior ou menor potencialidade.
Se existem seres imateriais, puras formas, eles serão ato puro.
O ato é chamado por A. enteléquia. A alma é enteléquia do corpo.
O ato é condição, regra e fim da potencialidade. O ato é superior a potência porque é modo de ser das substâncias eternas.
Com a doutrina da potência e ato A. resolveu o problema do movimento e o problema da unidade de matéria e de forma.
A. utilizou esta doutrina para demonstrar a existência de Deus e para compreender a sua natureza.
TEOLOGIA
Existem três gêneros de substância hierarquicamente ordenadas: duas são de natureza sensível (aquelas que nascem e perecem; as S. substancia sensíveis porém incorruptíveis – céu, planetas, pois são constituídas de éter).
Acima destas existem as S. imóveis , eternas e transcendentes ao sensível: Deus e outras S. motoras.
Deus é privo de matéria.
Demonstração da existência do supra-sensível.
O supra-sensível de ser incorrutível e imóvel.
Deus pensa o que há de mais excelente.
O que há de mias excelente?
Deus pensa a si mesmo.
Deus é pensamento de pensamento.
A. acreditou que Deus não bastava sozinho para explicar o movimento de todas as esferas das quais ele pensava serem os céus constituídos.
Existem 55 esferas celestes, conforme também o calculo de Calipo.
Deus, motor imóvel, move diretamente a primeira esfera e só indiretamente as outras.
A. chamou Deus só o primeiro motor.
A. não percebeu a antítese unidade-multiplicidade do divino.
O Deus aristotélico não é criador das outras 55 inteligências. A. não deixou explicado a relação entre Deus essas substâncias.
As outras substâncias imóveis são hierarquicamente inferiores ao Primeiro Motor Imóvel.
Deus pensa o mundo e os homens no mundo?
Deus não pode ter conhecimentos imperfeitos.
Os indivíduos nas suas carências , limitações e deficiências não são conhecidos por Deus.
Os indivíduos empíricos são indignos do pensamento divino.
Deus é objeto de amor, mas não ama: só pode amar a si mesmo.
Os indivíduos não são objeto do amor divino.
Deus não se volta para os homens e muito menos para o homem individual. Deus não pode amar nenhum dos homens individuais.
Para que e fosse adiante era necessário conquistar o teorema da criação.
FÍSICA
A física é a “filosofia segunda”, é a segunda ciência teorética: tem por objeto de pesquisa a realidade sensível, caracterizada pelo movimento.
A física não é uma ciência quantitativa da natureza, mas qualitativa.
Mais do que uma ciência se trata de uma ontologia do sensível.
Nem mesmo Platão soube estabelecer qual era a essência do movimento e o seu estatuto ontológico.
O movimento é um dato de fato originário que não pode ser posto em duvida (critica aos Eleatas).
O movimento em geral é a passagem do ser em potência ao ser em ato.
O movimento se desenvolve no álveo do ser e é passagem de ser (em potência) a ser ( em ato).
Também o movimento refere-se á varias categorias. Da tabuas das categorias é possível deduzir as várias formas de mudança.
A mudança segundo a substância é a geração e a corrupção;
Segundo a qualidade é a alteração;
Segundo a quantidade é o aumento e a diminuição;
Segundo o lugar é a translação.
Mudança é termo genérico que corresponde a estas quatro formas; movimento é termo que designa as últimas três, particularmente a última.
Só os sinolos de matéria e forma podem mudar, porque a matéria implica potencialidade.
Os objetos estão num lugar.
A experiência mostra que existe um lugar natural ao qual cada um dos elementos tende, quando não encontra obstáculo: fogo e ar tendem para cima, terra e água para baixo.
O em cima e o abaixo não são algo relativos a nós, mas algo objetivo, são determinações naturais.
O lugar não deve ser confundido com o recipiente: o primeiro é imóvel. O lugar é o recipiente imóvel, enquanto o recipiente é um lugar móvel.
O lugar é o primeiro limite imóvel do continente. Por isso não é pensável um lugar fora do universo, nem um lugar no qual esteja o universo. Por isso todas as coisas estão no céu, pois o céu entende-se, é o todo!
O movimento do céu como totalidade só será possível no sentido da circularidade sobre si mesmo, não havendo lugar para uma transição.
Da definição do lugar segue a impossibilidade do vazio.
O tempo é uma propriedade do movimento.
O tempo é continuo, pois acompanha o movimento que é continuo.
A percepção do antes e depois supõe a alma.
A. nega a existência do infinito em ato, pois ele existe só em potencia ou como potência (ex. numero).
Infinito é o espaço pois é divisível ao infinito.
Infinito também é o tempo pois transcorre e cresce sem fim.
PSICOLOGIA
A alma é enteléquia primeira de um corpo físico que tem a vida em potência.
Tripartição da alma.
vegetativa
sensitiva
racional
ÉTICA
A felicidade é o fim ao qual conscientemente tendem todos os homens.
Tipo de felicidade:
prazeres: vida de escravos;
Honra: é algo de exterior;
O Bem Supremo por A. não pode ser objeto de felicidade para os homens pois é além das suas possibilidades.
O verdadeiro bem do homem consiste na atividade da razão.
- Os verdadeiros bens dos homens são os bens espirituais, que consistem na virtude da sua alma: nisso o homem encontra a felicidade (ler texto 2).
A felicidade consiste numa atividade da alma segundo a virtude.
Virtude humana é só aquela na qual entra na atividade da razão.
Virtude ética: dominar as tendências e impulsos desmedidos; derivam em nós do habito .
Nunca há uma virtude ética quando há excesso ou falta: a virtude implica a proporção. A virtude ética é sempre mediana entre dois vícios, ou por falta ou por excesso.
Virtude dianoética: virtude racional.
Duas funções da alma racional: a. conhece as coisas contingentes; sabedoria
conhece as coisas imutáveis: sapiência.
Sabedoria: saber dirigir corretamente a vida do homem. Ajuda a indicar os meios para alcançar os fins.
Sapiência: diz respeito aquilo que está acima do homem. Coincide com as ciências teoréticas.
A perfeita felicidade: assimilar-se a Deus significa contemplar o verdadeiro tal como Deus o contempla
POLÍTICA
O bem do estado é mais importante do bem do individuo.
O homem é incapaz de viver isolado.
A vida moral só pode ser garantida pelas leis do Estado
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