Fraternidade e eucaristia 65. 1 De nossa parte, depois que assim foi lavado aquele
que creu e aderiu a nós, nós o levamos aos que se chamam irmãos, no lugar em
que estão reunidos, a fim de elevar fervorosamente orações em comum por nós
mesmos, por aquele que acaba de ser iluminado e por todos os outros espalhados
pelo mundo inteiro, suplicando que se nos conceda, já que conhecemos a verdade,
ser encontrados por nossas obras como homens de boa conduta e observantes do
que nos mandaram, e assim consigamos a salvação eterna. 2 Terminadas as
orações, nos damos mutuamente o ósculo da paz. 3 Depois àquele que preside aos
irmãos é oferecido pão e uma vasilha com água e vinho; pegando-os, ele louva e
glorifica ao Pai do universo através do nome de seu Filho e do Espírito Santo,
e pronuncia uma longa ação de graças, por ter-nos concedido esses dons que dele
provêm. Quando o presidente termina as orações e a ação de graças, todo o povo
presente aclama, dizendo: "Amém." 4 Amém, em hebraico, significa
"assim seja". 5 Depois que o presidente deu ação de graças e todo o
povo aclamou, os que entre nós se chamam ministros ou diáconos dão a cada um
dos presentes parte do pão, do vinho e da água sobre os quais se pronunciou a
ação de graças e os levam aos ausentes.
Teologia da eucaristia 66. 1 Este alimento se chama entre nós Eucaristia, da
qual ninguém pode participar, a não ser que creia serem verdadeiros nossos
ensinamentos e se lavou no banho que traz a remissão dos pecados e a
regeneração e vive conforme o que Cristo nos ensinou. 2 De fato, não tomamos
essas coisas como pão comum ou bebida ordinária, mas da maneira como Jesus
Cristo, nosso Salvador, feito carne por força do Verbo de Deus, teve carne e
sangue por nossa salvação, assim nos ensinou que, por virtude da oração ao
Verbo que procede de Deus, o alimento sobre o qual foi dita a ação de graças -
alimento com o qual, por transformação, se nutrem nosso sangue e nossa carne -
é a carne e o sangue daquele mesmo Jesus encarnado. 3 Foi isso que os Apóstolos
nas Memórias por eles escritas, que se chamam Evangelhos, nos transmitiram que
assim foi mandado a eles, quando Jesus, tomando o pão e dando graças, disse:
"Fazei isto em memória de mim, este é o meu corpo". E igualmente,
tomando o cálice e dando graças, disse: "Este é o meu sangue", e só
participou isso a eles. 4 E certo de que isso também, por arremedo, foi ensinado
pelos demônios perversos para ser feito nos mistérios de Mitra; com efeito, nos
ritos de um novo iniciado, apresenta-se pão e uma vasilha de água com certas
orações, como sabeis ou podeis informar-vos. Liturgia dominical
67. 1 Depois dessa primeira iniciação, recordamos
constantemente entre nós essas coisas e aqueles de nós que possuem alguma coisa
socorrem todos os necessitados e sempre nos ajudamos mutuamente. 2 Por tudo o
que comemos, bendizemos sempre ao Criador de todas as coisas, por meio de seu
Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo. 3 No dia que se chama do sol,
celebra-se uma reunião de todos os que moram nas cidades ou nos campos, e aí se
leem, enquanto o tempo o permite, as Memórias dos apóstolos ou os escritos dos
profetas. 4 Quando o leitor termina, o presidente faz uma exortação e convite
para imitarmos esses belos exemplos. 5 Em seguida, levantamo-nos todos juntos e
elevamos nossas preces. Depois de terminadas, como já dissemos, oferece-se pão,
vinho e água, e o presidente, conforme suas forças, faz igualmente subir a Deus
suas preces e ações de graças e todo o povo exclama, dizendo: "Amém".
Vem depois a distribuição e participação feita a cada um dos alimentos
consagrados pela ação de graças e seu envio aos ausentes pelos diáconos. 6 Os
que possuem alguma coisa e queiram, cada um conforme sua livre vontade, dá o
que bem lhe parece, e o que foi recolhido se entrega ao presidente. Ele o distribui
a órfãos e viúvas, aos que por necessidade ou outra causa estão necessitados,
aos que estão nas prisões, aos forasteiros de passagem, numa palavra, ele se
torna o provedor de todos os que se encontram em necessidade. 7 Celebramos essa
reunião geral no dia do sol, porque foi o primeiro dia em que Deus,
transformando as trevas e a matéria, fez o mundo, e também o dia em que Jesus
Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Com efeito, sabe se que o
crucificaram um dia antes do dia de Saturno e no dia seguinte ao de Saturno,
que é o dia do Sol, ele apareceu a seus apóstolos e discípulos, e nos ensinou
essas mesmas doutrinas que estamos expondo para vosso exame
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