Anotações de Paolo Cugini
A história da H.
A H. moderna desenvolveu-se na interpretação bíblica e nas investigações filológicas dos clássicos. Objetivo da H. é compreender a verdade que o texto contém.
Schleiermacher: G. reconhece o valor da H. de S. mas critica a intepretação psicológica dele, pois esta ênfase psicológica na interpretação implica que o assunto é ignorado na compreensão de um texto. G. sustenta que um ato divinatório da recriação é impossível.
Dilthey: erroneamente transcende a historicidade e finalidade da compreensão humana como experiencia vivida. O historiador está incrustado na história e isso significa que não pode escapar do círculo H. Além disso, D. repete as mesmas pressuposições falsas de S.
Preconceitos e autoridade da tradição
Debate sobe iluminismo e romantismo sobre o valor da tradição.
O caráter arremessado da compreensão significa que a tradição herdada forma o ponto de partida inicial para todos os atos da compreensão.
Tarefa de G.: demostrar como se pode obter a compreensão correta fundamentando as estruturas prévias da compreensão nas coisas em si.
G. utiliza a palavra preconceitos para designar as estruturas prévias da compreensão de H.
Em qualquer momento particular nossos preconceitos como nossas estruturas prévias da compreensão herdadas, incluem tudo o que sabemos consciente o inconscientemente.
Toda compreensão parte dos nossos preconceitos. O caráter arremessado da compreensão implica que todos os nossos preconceitos são herdados de nosso passado no processo de aculturação.
Pergunta epistemologicamente fundamental: qual é a base para a legitimidade dos preconceitos? O que diferencia preconceitos legítimos daqueles vários outros cuja superação é a tarefa indubitável da razão crítica?
A primeira tarefa de G. é reabilitar a autoridade da tradição para provar que podemos encontrar nela preconceitos legítimos.
Valor da autoridade: nós reconhecemos a autoridade de outras pessoas porque consideramos que o outro é superior a nós mesmos em juízo e percepção e por isso o juízo dele tem precedência. Este reconhecimento é um ato da razão.
As tradições legam juízos e costumes de uma geração a outra.
G. rejeita a antítese iluminista entre razão e tradição. Ele afirma que uma tradição precisa ser afirmada, acolhida, cultivada. El é preservação, que é um ato da razão.
G. discute o exemplo dos clássicos para demostrar a autoridade da tradição.
Importante: a temporalidade da compreensão descoberta nas estruturas previas da compreensão implica que todos os nossos preconceitos vieram do passado. Estamos sempre dentro de uma tradição. Por isso, a compreensão precisa começar de nossos preconceitos herdados, e trata apenas de alguns poucos deles, enquanto o resto constitui o pano de fundo não questionado da compreensão.
O círculo H. e a história efetiva
A tradição, enquanto linguagem herdada, oferece a antecipação do significado, enquanto o intérprete, através do seu juízo crítico, continua a formar a tradição.
Concepção prévia da completude (H.): o intérprete inicialmente precisa pressupor que o texto tem uma unidade imanente de significado.
A distância temporal entre um intérprete e o texto não é um golfo a ser atravessado w sim uma condição positiva e produtiva que permite a compreensão.
Um texto que foi preservado na tradição será valioso ou verdadeiro por duas razões:
a. Certas fontes de erros são excluídas automaticamente;
b. Novas fontes de compreensão emergem continuamente revelando elementos de significado insuspeitos.
O passado influencia a compreensão de duas formas:
a. Através da aculturação e do aprendizado de uma linguagem herdamos nosso conjunto de preconceitos que inicialmente guia a compreensão;
b. A tradição preserva uma série de interpretações de textos significativos que herdamos.
Nossa consciência é assim efetuada historicamente no sentido amplo nossos preconceitos herdados sempre constituem a base a partir da qual compreendemos.
Horizonte: denota tanto os limites momentâneos estabelecidos pelo horizonte quanto a ideia de que nosso horizonte se transformará enquanto nos movemos.
A vida de uma tradição é ela mesma o movimento de um grande horizonte dentro do qual meu próprio horizonte pode ser diferenciado de um horizonte passado como estágios no movimento contínuo da tradição.
A dialética da pergunta e da resposta
Gadamer relata três relações Eu/Tu possíveis a três formas diferentes de se relacionar com um texto.
a. O Eu trata o outro como um objeto onde o comportamento do TU é substituído em três categorias de comportamento típico pala torná-lo previsível.
b. Reconhece o outro como uma pessoa, mas afirma conhecer o outro a partir do ponto e vista dele e de conhecê-lo melhor do que ele próprio se conhece.
c. Experimenta o Tu realmente como Tu. O Eu escuta o outro e está aberto às suas reivindicações.
O modelo de G. para a compreensão é um diálogo sobre um tópico onde o objetivo é chegar a um acordo sobre esse tópico.
A forma logica de abertura para a compreensão de um texto é a pergunta. Fazer e responder perguntas forma um diálogo. Ao interpretar um texto o intérprete deve fazer com que o texto fale com outra pessoa em diálogo consigo.
G. descobre duas perguntas que são feitas:
a. é colocada ao intérprete pelo texto histórico. O texto será interpretado a partir do horizonte da pergunta colocada pela tradição.
b. Reconstrução histórica que se mistura com a pergunta que a tradição é para nós.
Gadamer desenvolve a H. filosófica a partir da descrição ontológica da compreensão de Heidegger.
Pergunta epistemológica: como podemos diferenciar os preconceitos legítimos através dos quais compreendemos corretamente dos preconceitos legítimos?
Resumo
A experiência H. começa quando o intérprete é questionado pela tradição sobre alguma coisa e busca encontrar uma resposta examinando um texto. O intérprete está inserido na tradição, já que ele herdou um conjunto de preconceitos que constitui seu horizonte de compreensão.
A compreensão ocorre quando ele consegue legitimar seus preconceitos fundamentando-o nas coisas em si.
O círculo hermenêutico da compreensão implica que um intérprete não pode fugir do efeito da história para um ponto de vista objetivo: ele deve fazer com que um texto fale expandindo seu horizonte de significado, escutando o que o texto tem a dizer.
Toda compreensão incluía aplicação do texto ao horizonte do intérprete através da projeção do horizonte do texto para seu próprio horizonte, agora expandido.
Compreensão: é o evento da fusão destes dois horizontes onde os preconceitos são legitimados e descobrimos uma resposta à pergunta original.
A linguagem e a experiência hermenêutica
A linguagem é o meio pelo qual compreendemos textos.
Compreender um texto: compreender o que o texto tem a dizer e não recriar como ele surgiu.
A linguagem é a revelação do mundo.
A universalidade da H.
A experiência H. é um evento da linguagem.
Ao se dirigir ao intérprete a tradição transfere aquilo que tem a dizer para o pensamento do intérprete. A interpretação traz algo novo para a linguagem ao escutar o que a tradição tem a dizer. Desta forma o intérprete preserva a tradição e aumenta seu efeito.
Importante: nós herdamos nossos preconceitos da tradição e eles constituem nosso horizonte linguístico de significado possível.
Cada interpretação correta só representa uma visão ou aspecto da coisa em si. Interpretações diferentes, mas corretas, de um texto em horizontes históricos diferentes são especulativas no sentido que esta multiplicidade de aspectos trata do mesmo assunto expresso no texto.
Gadamer demostrou que a linguagem é ao mesmo tempo o meio e o objeto da compreensão e que ela é o modo de ser da tradição.
No evento hermenêutico da compreensão a coisa em si se endereça ao intérprete.
Ser especulativo significa que o mesmo assunto chega à linguagem em interpretações diferentes, mas corretas.
A universalidade da H. é confirmada pelo fato de que qualquer compreensão do ser sobre a qual os intérpretes chegam a concordar ocorre na linguagem, e a compreensão da linguagem requer intepretação e aplicação, ou seja, a H.
O mundo revelado é a parte do ambiente que os seres humanos compreendem reflexivamente, pensam e interpretam em seu horizonte de linguagem. Uma linguagem particular, uma visão da linguagem, apresenta uma visão do mundo.
Toda compreensão começa com nossos preconceitos herdados.
Importante: uma intepretação ou preconceito brilha como interpretação evidente ou correta convence os interlocutores de sua veracidade.
O maior impedimento para reconhecer o que Gadamer propõe é nosso preconceito em favor do método científico.
A compreensão sempre ocorre dentro do círculo H., de onde não podemos fugir para uma posição objetiva.
O diálogo hermenêutico entre pergunta e resposta pode levar a um evento da verdade onde os interlocutores conseguem chegar a um acordo sobre o caráter evidente da verdade que eles experimentaram.
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