Paolo Cugini
1. Em busca de valores perdidos
Segundo Mounier, é necessário, preliminarmente,
recuperar alguns problemas de raciocínio filosófico há muito perdidos. Deve-se,
portanto, partir de uma reavaliação da pessoa não como semantema, mas como
valor, de modo a afastá-la da equivocidade que comumente a caracteriza.
Segundo Virgílio Melchiorre “uma tradição linguística muito antiga no
ocidente tende a identificar o conceito de pessoa com a de homem”[1]. Esta
identificação é justificada? E se for, em que sentido? Empírico ou ontológico?
A cultura anarquista, individualista e burguesa revela a falta de clareza e
lucidez sobre o valor autêntico da pessoa, acompanhada de uma falta de reflexão
nesta perspectiva. De fato, referindo-se concretamente a ela, não esclarece seu
significado e status ontológico. Em contraste com essas concepções, Mounier
concebe o termo homem como um gênero, que também contém em si o sentido de
pessoa. Isso pode ser argumentado de qualquer forma, mesmo a mais inusitada,
respeitando as atribuições logicamente possíveis. A pessoa, por outro lado, já
é um sinal de diferença em relação ao homem (como conceito). É essa parte de
mim que me distingue de todas as outras entidades contingentes e me faz Paolo
Bianchi e não Francesco Rossi ou uma mesa ou qualquer outra coisa. Assim, se
por um lado a pessoa difere do homem como conceito genérico, ao mesmo tempo
escapa à objetivação da coisa. A pessoa, sendo subjetividade e objetividade,
escapa à percepção completa. Por causa desse caráter indefinível e
imperceptível na totalidade, Mounier afirma que "a pessoa não é um
objeto"[2]
Para afirmar o valor central da estrutura da pessoa, Mounier se insere
no debate cultural de seu tempo que, nesse aspecto, propunha várias teorias
antropológicas. De um lado, o espiritismo, que nega a corporeidade como
elemento constitutivo fundamental do homem; do outro, o naturalismo, que nega a
espiritualidade como essencial na constituição ontológica do homem. Finalmente,
o dualismo de tipo cartesiano, que afirma a alma e o corpo como duas realidades
separadas dentro do mesmo indivíduo. Contrastando com essas posições, que
exaltam uma parte em detrimento da outra, Mounier afirma que "o homem é
corpo da mesma forma que é espírito, corpo inteiro e espírito inteiro"[3]. - crítica
teórica de tais posições. Sua intenção é evidentemente chamar a atenção para a
unidade-totalidade da pessoa, em clara referência à tradição cristã: "a
união da alma e do corpo é o pivô do pensamento cristão".[4] Com muita
clareza, percebe-se que o objetivo fundamental de Mounier não é construir um
sistema filosófico sobre o universo pessoal, mas salvaguardar e reavaliar a
pessoa de qualquer tentativa de falsificação e empobrecimento. Considerar a
pessoa do ponto de vista de sua singularidade, e não de fragmentação, abre um
caminho destinado a resgatar sua dignidade. Somente assim é possível afirmar a
singularidade da pessoa e é possível percebê-la como uma centralidade da qual
brotam todas aquelas energias e forças que vêm dela. Portanto, em uma dada
ação, "não é meu corpo ou meu espírito que intervém, mas é a pessoa, em
sua unidade e totalidade, que age"[5]
2.
O corpo: um valor ou um limite?
Com base no que foi dito até aqui, Mounier, contrariando as diversas
formas de idealismo e espiritualismo inferior, que consideram a matéria e a
corporeidade como uma simples negação do espírito, tende a uma reavaliação
global do corpo como autonomia e raiz da experiência mundana do homem. O corpo
não é simples negatividade e alteridade em relação ao espírito, nem sequer é um
instrumento informe do espírito. Nosso pensamento está, portanto, intimamente
ligado ao nosso corpo: "ao estimular meus sentidos [o corpo] me lança no
espaço, à medida que envelheço me faz conhecer o tempo, ao morrer me confronta
com a eternidade"[6]. Sem o
corpo seríamos para sempre destinados à solidão absoluta, não poderíamos de
forma alguma participar e desfrutar de toda a beleza que envolve o mundo em que
estamos historicamente localizados. Portanto, é somente pela corporeidade que a
pessoa está no mundo e no tempo. Mundo e tempo, que, por um lado, limitam o
homem, mas, precisamente por limitá-lo, o definem como sendo aberto ao mundo e
testemunha do tempo, também do tempo futuro como esperança. Os limites que o
corpo nos faz experimentar recaem na dimensão do dom, que deve ser aceito como
é, sem qualquer pretensão. Mounier, embora não desenvolva uma fenomenologia do
corpo vivido, lembra-nos que a primeira maneira pela qual a pessoa se faz
presente a si mesma e aos outros é o corpo: "o corpo faz pesar sua
escravidão, mas é a base de toda forma de consciência e dignidade espiritual,
mediador onipresente da vida do espírito"[7]. Assim,
graças à exterioridade do corpo, não ficamos fechados em nós mesmos,
arriscando, como Mounier nos dirá mais tarde sobre a interioridade, a loucura,
mas "através dele, escapo à solidão de um pensamento que seria apenas o
pensamento do meu próprio pensamento"[8]. Apesar
desse admirável esforço de resgate do corpo como valor, na cultura
contemporânea permanece maltratado, não porque é esquecido, mas porque é
colocado naquele pedestal que os iluministas reservaram para as habilidades
racionais do homem. No espaço de três séculos, assistimos assim a uma completa
inversão do discurso sobre a pessoa humana, em detrimento, porém, da mesma[9].
3.
A personalização da
natureza
O homem não é o único ser vivo a habitar esta terra. Milhões de espécies
animais e vegetais se movem e vivem ao lado dele. Todos nós sabemos as
diferenças entre nós e eles. Mounier, porém, ao falar da relação entre a pessoa
e a natureza, não se detém tanto nas diferenças dos dois mundos considerados,
mas sim nas consequências do uso das diferenças da pessoa no mundo. Com efeito,
após constatar que o homem é o único ser vivo dotado de consciência e,
portanto, plenamente consciente de habitar o universo, afirma, citando Marx,
que “o homem é um ser natural, mas um ser humano natural”[10]. Essa sua
diversidade, não pode mantê-la fechada em si mesma, mas precisa experimentá-la
transformando em humano o que encontra. A natureza oferece ao homem a
oportunidade de explorar suas habilidades criativas.
Assim nasce o que Mounier chama de “a personalização da natureza”[11], que
sublinha a relação característica e única da pessoa com a natureza. Para que
isso aconteça, é necessário, antes de tudo, deixar de considerar a natureza
como um dado "para afirmá-la como uma obra: uma obra pessoal em apoio a
toda personalização"[12]. Só assim a
pessoa pode deixar sua marca construtiva na natureza, que certamente não será
mais a mesma, mas será enriquecida, transformada, personalizada. Nesta
perspectiva, Mounier pode falar inequivocamente em “exploração da natureza”,
pois este termo, no universo pessoal, perde toda carga negativa, assumindo uma
carga positiva. No entanto, as coisas não são tão simples e lógicas como podem
parecer. A matéria, de fato, não é apenas inerte e firme, pronta para se deixar
dominar a cada momento. Ela muitas vezes se apresenta como uma rebelde hostil,
continuamente ameaçando investir o universo pessoal. É evidente que, mesmo a
personalização da natureza, entendida como a relação entre duas entidades que
não são perfeitas, mas finitas, não é fácil e harmoniosa. Requer um esforço
contínuo de luta, que nos ajuda a perseguir o processo de personalização mesmo
depois de experimentar o fracasso. Criatividade, esforço e luta são as
principais categorias utilizadas por Mounier para indicar a delicada relação
entre pessoa e natureza. O caminho que a pessoa deve percorrer é definido pelo
nosso "trágico otimismo, no qual encontra sua medida certa e um clima de
grandeza e luta"[13].
4.
Subjetividade
Falar em pessoa significa não apenas resgatar seu valor, mas também
apreender seus movimentos, dinâmicas internas e externas. Mounier descreve o
nível subjetivo da pessoa em suas três dimensões: recolhimento, transcendência
e liberdade.
A capacidade de refletir no
sentido do recolhimento é chamada pelo autor de "experiência vital"[14], sinal de que, se a pessoa não passar por esse
caminho, está destinada a morrer. Em que sentido, porém, deve ser entendido
este morrer? Precisamente porque não estamos sozinhos no mundo, mas vivemos em
contato contínuo com outras pessoas em uma realidade social, o perigo da
dispersão e desintegração das forças vitais do indivíduo, em diferentes níveis
de experiência, está sempre presente. Eis a
morte que Mounier prevê: a de uma pessoa tomada totalmente por seu fazer
continuo, sem entender o porquê. Por isso afirma que: "a vida pessoal
começa com a capacidade de romper o contato com o ambiente, para se recuperar,
se re-apropriar para retornar a um centro e alcançar a unidade"[15].
A reflexão assim compreendida por Mounier é, portanto, o momento da vida
pessoal em que a pessoa volta a si mesma para compreender o sentido de sua
ação. Para isso, pode parecer suficiente desenraizar-se do contexto social, deixar-se
levar com toda a serenidade e espontaneidade. A retirada que pretendemos não é
uma "viver fechado e barricado em si mesmo"[16]. A vida
começa, de fato, com um ato livre e voluntário da pessoa, que decide viver de
maneira digna da espécie a que pertence. Quando Mounier fala do recolhimento
como uma "conquista ativa"[17], certamente
percebe que não é algo dado como um movimento imediato do sujeito, mas, sendo
que constitui a primeira disponibilidade do homem para o valor, precisa ser
desejado. A importância dessa atitude de força de vontade, que nasce de uma
consciência pessoal e responsável, é esclarecida por Mounier quando descreve as
possibilidades do naufrágio presente na meditação.
Devemos estar atentos ao momento em que o peso vegetativo sufoca a
vivacidade do espírito, porque então tudo o que era simples e acolhedor na
intimidade pessoal torna-se fechado e exclusivo[18].
Não é difícil entrar nesse clima de “peso vegetativo”. É suficiente, na
verdade, desvincular e isolar o momento de reflexão da relação com o outro de
si mesmo, considerando este último negativo e limitante, para deturpar tudo.
Mounier sempre mostra uma forte preocupação nessa perspectiva. Ele vê sempre à
espreita a tentativa de considerar o movimento subjetivo de reflexão e o
movimento objetivo de abertura ao mundo como divididos, separados. Para ele,
são dois movimentos inseparáveis, que, aliás, formam uma relação dialética.
Somente permanecendo nesta perspectiva pessoal é possível compreender o valor
do momento reflexivo, que não tem nada a ver com a falsa segurança. São
páginas, estas de Mounier, dirigidas a quem pretende viver a existência pessoal
assumindo toda a responsabilidade necessária para levar uma vida digna. Na
estrada que o autor acaba de abrir, alguns termos de sabor antigo, mas
extremamente atuais, como modéstia, sentimento de intimidade e privacidade,
ganham vida e significado.
A modéstia - argumenta Mounier - é o
sentimento que a pessoa tem de não ser plenamente realizada por suas próprias
expressões e de ser minada em suas profundezas por aquele que mudaria sua
existência manifestada por sua existência total[19].
A modéstia é um primeiro fruto positivo da pessoa que entrou em si
mesma. Certamente, aqueles que seguem este caminho escapam completamente de
todos aqueles que tentam classificá-lo, torná-los um número, junto com muitos
outros. A reflexão da pessoa, entendida pelo autor como um momento de entrada
em si mesmo, leva à descoberta de tesouros escondidos em sua interioridade, que
uma vez trazidos à luz e incorporados na vida pessoal, não aceitam ser
maltratados. A pessoa que caminha nesse sentido tem plena consciência do valor
que sua existência adquire, que não pode ser comparado e equiparado a nenhum
outro objeto. É o caminho da reflexão que leva a recuperar o sentido profundo
da própria dignidade pessoal e a irredutibilidade da pessoa à matéria.
Outro fruto da reflexão é "o sentimento de intimidade que expressa
a alegria de encontrar suas fontes interiores e se refrescar nelas"[20]. Mounier
diz "refrescar-se nelas" e não se deter nelas, como poderia ser
facilmente interpretado. Isso significa que a reflexão é fundamental para a
vida pessoal, mas não se pode adaptar a ela. Poderia significar que uma
perversão interveio. O sentimento de intimidade surge, portanto, quando
vivenciamos a reflexão em seu sentido original dado pelo autor "para
melhor dar o salto" e não para "sufocar a vivacidade do
espírito"[21].
Nessa perspectiva, adquire sentido e interesse o discurso que Mounier
realiza na dimensão privada. Pode parecer bastante ambíguo e incoerente falar
sobre essa área de nossa vida neste momento da discussão. As perplexidades
surgem, sobretudo, pela carga fortemente negativa que a cultura lhe atribui
hoje[22]. O autor o
define como: “o espaço entre minha vida íntima e a pública, no qual me esforço
para manter também na sociabilidade do meu ser, a calma interior, a intimidade
comunicada de pessoa a pessoa”[23]. Não
fechamento em si mesmo, mas possibilidade de reflexão, mesmo vivendo imersos na
vida social. Poder encontrar um espaço privado em nossa vida cotidiana
significa, segundo Mounier, ter compreendido um ponto importante do viver.
Significa, também, a condição de possibilidade pela qual permanecemos intactos
na ação e não totalmente alterados com a necessidade, depois, de buscar nossa
identidade. Enfim, é somente na dimensão desse espaço privado que podemos
compreender nosso ser no meio e com os outros, para relançar as possibilidades
de existência.
As ideias contidas nestas páginas não são novas, mas certamente devem
estar ligadas à mais antiga tradição cristã. O próprio Jesus Cristo, no Sermão
da Montanha (Mt 5,1-12), pede aos ouvintes da sua palavra que sejam sal para
ter sabor e depois poder ser luz. Nesta linha, certamente, não podemos esquecer
aquele grande pai da Igreja que é Santo Agostinho. Ele argumentou que “in
interiore homine veritas est"[24] e se estas
palavras saíram da boca de uma pessoa que, durante toda a sua vida, não fez
nada além de buscar essa verdade, talvez valha a pena ouvi-la.
Esse movimento reflexivo da
pessoa, se nele termina, não corre o risco de se tornar um veneno mortal,
transformando-se no mais radical narcisismo ou individualismo? Esta questão não
incomoda muito Mounier, pois, continuando o discurso sobre o universo pessoal
com extrema coerência, sem nunca esquecer a marca cristã em que se inspira, põe
em questão a transcendência. Se quisermos sair da nossa concha, se quisermos
parar de nos desprezar ou nos exaltar, para encontrar a dimensão certa de nós
mesmos, precisamos nos abrir para o transcendente. "O sentido mais
adequado da pessoa só pode ser encontrado na totalidade do ser apenas em um
horizonte de universalidade"[25]. Emerich
Coreth nos lembra que: “nosso espírito, embora finito e capaz de conhecer e
conceber apenas de maneira finita, sempre teve como objetivo o ilimitado do ser
em geral; significa que o horizonte do ser está aberto a ele como princípio”[26]. É verdade,
porém, que desde a consciência dessa qualificação particular da estrutura
pessoal até sua utilização plena e adequada, há muita diferença. De fato, para
alcançar a transcendência, é necessário o que o autor chama de “salto dialético
e expressivo”[27]. Mounier
não explica muito o que quer dizer com essa afirmação. No entanto, parece claro
que é necessário um esforço voluntário por parte da pessoa, para permanecer em
sintonia com a transcendência. Ela não fica fora de nossa existência concreta,
mas se manifesta e se torna perceptível na atividade produtiva, onde a pessoa
está engajada, com toda a sua complexidade.
A transcendência escapa, portanto, a qualquer tentativa de fixação e
demonstração empírica: "sua certeza se expressa na simplicidade da vida
pessoal e desmorona com suas quedas"[28]. Esse
discurso, que parece muito significativo, corre o risco de permanecer abstrato
e pouco relevante para a realidade, se não se acrescenta uma característica
fundamental: a direção. De fato, que sentido pode ter a vida pessoal, não
instintiva como a de um animal, sem um objetivo? Nesta perspectiva, a ação
humana corre o risco de se dispersar e se desintegrar. Onde, no entanto,
encontrar esse propósito? Mounier indica a pessoa suprema, isto é, Deus, como a
direção da transcendência. Daqui fica muito evidente que, para o nosso autor,
dizer transcendência não é o mesmo que dizer Deus. Com o primeiro termo,
Mounier entende a capacidade de apreender o que está além da realidade, vagar
no infinito sem, porém, percebê-lo de forma total. É por meio dessa característica
particular, que o distancia qualitativamente de todos os outros seres vivos,
que a pessoa pode caminhar para Deus e absolutizar seu caráter finito.
Falando em transcendência, certamente não podemos deixar de lado o
discurso sobre os valores, que, para Mounier, parece ser muito importante, dada
a quantidade de páginas que a eles dedica. O autor os considera como o termo do
movimento de transcendência, e que são recolhidos no apelo da pessoa suprema.
Os valores denotam que a pessoa não é uma realidade em si mesma, “mas quem
pode, do ponto de vista de sua condição, abraçar o universo e prolongar
definitivamente o vínculo que o liga a ele”[29]. Os valores
são, então, impessoais, e tendem a incorporar-se a um sujeito concreto, que os
torna seus ao transformá-los. Em última análise, os valores dão sentido à nossa
abertura ao ser: podemos considerá-los como trilhos, faróis, que nos ajudam a
caminhar em direção ao objetivo.
Não existimos a não ser a partir do
momento em que formamos um quadro interior de valores ou ideais, sabendo que
nem mesmo a ameaça de morte poderá prevalecer sobre eles. É porque desarmam
essas cidadelas interiores que as técnicas modernas de degradação, os sucessos
devidos ao dinheiro, as renúncias burguesas e a intimidação partidária são como
as armas de fogo”[30].
No entanto, para nós os valores são de uma importância tão vital que não
podemos abandoná-los, mas sempre e em todos os momentos devemos encontrar
forças para lutar contra aquelas superestruturas que nos atrapalham. Além
disso, se, como pertencente à nossa estrutura ontológica, temos essa aspiração
transcendente, que se move e se desenvolve através de impessoais chamados
valores, vale a pena usá-la, mesmo apenas para nos distanciarmos, de forma
qualificada, do animal. Todo esse discurso sobre a aspiração transcendente
operada por nosso autor adquire sentido na estrutura subjetiva da pessoa. A
possibilidade de se abrir ao transcendente por meio de valores leva a pessoa a
não se fechar em si mesma, mas a se projetar no mundo com os outros.
5.
Liberdade
O homem é levado a considerar a validade das coisas a partir das
qualificações externas, da tangibilidade. Os neopositivistas pensavam dessa
maneira, ao ponto de considerar algo sensato em virtude de sua comprovação em
nível prático.[31] Logo
perceberam, porém, que esse discurso, embora racional, tinha algumas lacunas.
Eles descobriram que existem declarações sensatas que não podem ser verificadas
cientificamente. Assim, na esteira de suas pesquisas no campo linguístico,
perceberam que era necessário identificar o sistema linguístico, para que
determinada palavra pudesse adquirir todo o seu significado, sem cair em
ambiguidade. Um exemplo concreto de seu argumento é dado pela palavra Deus.
Após longos estudos, que a princípio levaram à afirmação do absurdo desse
semantema, os neopositivistas chegaram à conclusão de que o termo Deus só
poderia ter sentido pleno exclusivamente no interior de uma linguagem
religiosa. O mesmo acontece com quem está prestes a falar de liberdade, que não
é tangível nem palpável, pois escapa a qualquer tentativa científica de
catalogação. Também para o conceito de liberdade é preciso buscar o contexto do
discurso, a unidade de investigação pela qual seja possível falar sobre ele de
forma inequívoca, mas sensata. Mounier encontra esse alcance na pessoa:
"quando a liberdade é isolada da estrutura total da pessoa, se acaba
sempre por conduzi-la a alguma aberração"[32].
Antes de afirmar a liberdade, é preciso que uma consciência a coloque.
Esse movimento não ocorre nas profundezas da psique, mas na ação. Percebemos
que somos livres, não só porque primeiro fizemos um raciocínio lógico, mas,
sobretudo, pela forma como vivemos no mundo com os outros. Portanto:
É a pessoa que se torna livre,
depois de ter escolhido ser livre. E nada no mundo pode dar-lhe a segurança de
ser livre, se ela não se decidir corajosamente para a experiência da
liberdade"[33].
Mounier sublinha a importância da vontade, para a qual a liberdade não
permanece algo externo ao universo pessoal, mas tem seu início e seu sentido
mais total a partir de um ato volitivo, de um ego que decide por ela. Com esse
tipo de argumento, o nosso autor se coloca em aguda contradição com algumas
correntes filosóficas, como a anarquia e o existencialismo ateu - muito
populares no período em que Mounier elabora a reflexão sobre a pessoa -, que
consideram a liberdade um simples jorro dando-lhe um valor absoluto, sem
limites. A ponta de lança desse conceito é Jean-Paul Sartre, que considera o
homem lançado no mundo, forçado a escolher sua própria vida e destino,
tornando-se inteiramente responsável por si mesmo. Essas considerações levam à
sua famosa afirmação: “o homem está condenado a ser livre”[34]. Em tal
concepção, que eleva a liberdade à plenitude total e absoluta, que nada pode
limitar, nem mesmo uma consciência pensante, estamos bem conscientes da
importância da reflexão mounieriana. Com efeito, se o homem está
verdadeiramente condenado a ser livre, a liberdade preexiste a toda
consciência. Assim, uma pergunta se torna bastante legítima: no universo
pessoal quem é o sujeito, a liberdade ou a pessoa? Somos nós que escolhemos ser
livres e viver livremente, ou é a liberdade que se apodera de nós, tornando-nos
seus escravos? A estas questões urgentes, Mounier responde assim:
aquele que se sente condenado à sua
própria liberdade, uma liberdade absurda e ilimitada, para poder se afastar
dela, não tem mais do que condenar os outros e você [...] Liberdade não está
indissoluvelmente ligada ao ser pessoal como uma condenação, mas lhe é
oferecida como um presente: ele pode aceitá-lo ou recusá-lo[35].
Ao dizer isso, Mounier confirma a afirmação feita anteriormente,
devolvendo a liberdade a uma pessoa consciente. Continuando nesse caminho,
nosso autor percebe que o discurso corre o risco de se tornar terrivelmente
perigoso e de direção única; por isso, considera importante propor alguns
esclarecimentos adicionais. Falar em liberdade, devolvendo seu sentido
exclusivamente à faculdade de escolha de um ego, torna-se mais reducionista do
que nunca; na verdade, significa "encorajar aquela tendência do indivíduo
a se retrair em si mesmo, que o torna obtuso e indisponível"[36]. Aquele que
vive de forma livre é possível reconhecê-lo por sua disponibilidade e abertura,
que o levam a viver responsavelmente no mundo com os outros. Este fato pode nos
ajudar a entender como a liberdade é estritamente condicionada e limitada na
nossa situação concreta. A constatação de que nosso ser livre deve lidar com os
limites que vêm da nossa natureza e do mundo e que, consequentemente, nem tudo
é possível, é uma grande conquista. Assim, mesmo a liberdade, inserida no
universo pessoal, auxilia o indivíduo em seu caminho de "personalização do
mundo e de si mesmo"[37].
6. Objetividade
Depois de observar a estrutura subjetiva da pessoa, Mounier faz uma
pausa para considerar os termos do movimento da pessoa em direção ao outro, a
partir de si mesma. A pessoa não pode crescer subjetivamente para permanecer
fechada em si mesma. É por natureza aberta ao outro, em viagem com o outro.
Neste ponto, pode-se esperar um longo discurso sobre a importância da linguagem
no universo pessoal. Mounier, por outro lado, para definir o movimento da
pessoa em direção ao outro, fala de comunicação. Essa capacidade nasce com a
própria pessoa e o homem não pode recusá-la, com o risco de comprometer sua
própria existência. "A pessoa não existe senão na medida em que se dirige
aos outros [...] Eu só existo na medida em que existo para os outros"[38]. Sua recusa
mais total é para com aqueles que consideram a pessoa um mundo fechado a si
mesmo, sozinho em sua viagem, onde o outro é sentido como um obstáculo
insuportável, e não um amigo e um convite para crescer no amor.
Partindo dessas considerações, Mounier afirma que: “a primeira
experiência da pessoa é a experiência da segunda pessoa: o tu, portanto, o nós
vem antes do eu ou, pelo menos, o acompanha”[39]. Quando
viemos ao mundo, o primeiro encontro ("a primeira experiência") é com
o outro em si, e é com isso que temos que lidar, pois não podemos ignorá-lo ou
fugir dele. Mounier, portanto, considera o tu não um limite, mas um
constitutivo fundamental da própria estrutura ontológica da pessoa. No entanto,
a comunicação, justamente por nascer com a pessoa, apresenta obstáculos que não
podem ser esquecidos. Encontramos, de fato, dentro de nós e no mesmo “tu” algo
que:
escapa até mesmo ao nosso mais
disposto esforço de comunicação. Não só isso, mas muitas vezes a comunicação é
bloqueada pela necessidade de possuir e subjugar. Todo vizinho é
necessariamente um tirano ou um escravo. A presença do outro atrapalha minha liberdade[40].
Diante
dessas grandes dificuldades, há dois tipos de reação. Há quem reage recusando
qualquer encontro, para se defender do perigo de ser atropelado pelo outro,
entrincheirando-se em si mesmo, erguendo um muro intransponível de indiferença
e defesa[41]. Por outro
lado, porém, há pessoas que, até aceitando os limites que este reserva,
respeitando a sua própria abertura ao outro, procura-o para tecer uma relação
pessoal com ele. Mounier é o porta-voz desta última forma de agir, e chegará a
traçar as estruturas e os fundamentos de uma comunidade personalista. Neste
ponto, parece importante sublinhar que só a partir da comunicação podemos
compreender o sentido da reflexão. O próprio Mounier, no seu livro O personalismo, antes de falar de interioridade, fala de
comunicação.
7. Ação
A
comunicação, como primeiro movimento de objetivação, leva à ação como
consequência lógica. Falar de ação no universo pessoal não é, para Mounier, um
apêndice, nem, muito menos, uma coisa secundária; na verdade, ela “ocupa uma posição
central na pessoa”[42], colocada
em uma perspectiva de liberdade (esta última entendida no sentido que acaba de
ser dado pelo autor). De fato, que sentido teria falar em ação se tudo o que
acontece no mundo já estivesse predeterminado? É, portanto, de fundamental
urgência reconectar-se com o senso de responsabilidade da pessoa e com a
dignidade que nela se encontra. Cada tipo de ação, a mais elevada ou a mais
inesperada, contém em si um caráter histórico, pois sempre surge de uma
consciência localizada aqui e agora, em um contexto social específico. Pode-se
dizer, com Mounier, que uma ação é tanto mais eficaz quanto mais nasce de uma
consciência particular, envolvida no drama de sua época.
Para a salvação da própria pessoa, reconhecida ontologicamente aberta ao
ser, é necessário buscar um sentido para o qual a ação deve tender. O maior
risco que corre quem não encontra um sentido é a insignificância, o anonimato,
que pode levar ao abandono em nível prático ou, ao contrário, a uma ação
implacável e desesperada. Diante dessas urgências, Mounier tenta delinear as
dimensões que caracterizam a ação. Em primeiro lugar, há uma ação econômica
pela qual o homem, em virtude de seus esforços e de seu trabalho, transforma as
coisas: ele cai no domínio da ciência, da tecnologia e da indústria; seu
critério é a eficácia. Segue a ação ética que “visa formar aquele que age, sua
capacidade, suas faculdades, sua unidade pessoal”[43]. Sua norma
é, portanto, a autenticidade. A ação contemplativa, por sua vez, enriquece o
universo com nossos valores: têm caráter profético e seus fins são a perfeição
e a universalidade; resulta da síntese da ação econômica e da ação moral. A
última é a ação social, entendida no sentido mais amplo. Esta transforma os
homens, aproximando-os uns dos outros.
Neste ponto, parece importante sublinhar que Mounier, ao identificar
estas quatro dimensões, não quer cristalizar e fossilizar a ação, delimitando o
seu espaço e possibilidades. Por outro lado, pode representar uma tentativa de
indicar algumas características e necessidades fundamentais das quais não se
pode fugir. Precisamente pelo que acabamos de dizer, “pode acontecer que algum
tipo de ação envolva principalmente apenas uma das dimensões consideradas,
enquanto as outras se harmonizam com ela”[44]. É
significativo notar como o nosso autor sempre tenta desviar o leitor de
considerar a pessoa como uma máquina, facilmente programável e,
consequentemente, previsível em cada movimento. De fato, mesmo neste caso, após
as afirmações positivas sobre o universo pessoal, Mounier mostra a atitude do
homem que age de forma contrária àquela descrita acima, em virtude de sua
singularidade e imprevisibilidade.
Dando continuidade ao discurso, na busca de determinar de forma cada vez
mais precisa e aprofundada a ação, Mounier passa a apreender sua extensão,
identificando-a no campo que vai do "pólo político ao polo profético"[45]. Em virtude
dessa intuição, afirma que "o homem de ação completo é aquele que carrega
dentro de si essa dupla polaridade e faz malabarismos entre um pólo e
outro"[46]. Esse tipo
de homem tão completo só pode ser encontrado em nível teórico, mas na vida
cotidiana é muito difícil. É somente na vida social que encontramos pessoas,
algumas dotadas de temperamento político, outras dotadas de temperamento
profético. É por nossa razão fundamental, que esses dois tipos de homens não
existem isolados, mas "mutuamente articulados: senão o profeta, entregue a
si mesmo, se volta para a maldição inútil e o estrategista se perde em sua
manobra"[47].
Perguntamos agora: que estrutura atribuir à ação? O autor nos mostra que ela é
incalculável e imprevisível no plano prático: não escolhemos as situações de
partida que incitam nossa ação; pelo contrário, provocam-nos quando menos
esperamos e de forma diferente do que previam os nossos esquemas[48]. A
liberdade, que pertence ao universo pessoal, também deve enfrentar esses
obstáculos humanos sem desmoronar e degradar. De fato, “a força criadora da
pessoa surge da tensão fecunda que ela suscita entre a imperfeição da causa e
sua absoluta fidelidade aos valores que estão em jogo”[49].
Este caráter dialético do empenho do homem, que não é linear e
previsível como o do animal, ajuda-o a não ceder ao fanatismo pela sua causa e
a libertar-se de tantas ingenuidades e ilusões, para tentar caminhar mesmo por
caminhos cheios de imprevistos. Insegurança, risco e privação: essas são as
características que tornam grandes as ações humanas. Mounier define a estrutura
da ação descrita como dramática. É, de fato, um movimento contínuo de altos e
baixos, um uso contínuo de novas energias criativas capazes de nunca parar, mas
sempre em direção à realização de uma ação verdadeiramente humana.
Da leitura destas páginas, a realidade que mais aparece é a forte
desaprovação que Mounier tem para com aqueles que se retiram da ação. Destes, o
autor identifica duas categorias: em primeiro lugar, aqueles que, em nome de um
absoluto, não totalmente compreendido, recusam uma ação social ativa para
buscar a perfeição. Para Mounier, esta inquietante preocupação com a pureza,
muitas vezes expressa também um narcisismo superior, uma preocupação
egocêntrica pela integridade individual, desvinculada do drama da comunidade,
de um compromisso concreto e ativo: eles estão destinados a permanecer crianças
para sempre. Mounier, como um verdadeiro homem de ação, parece querer nos dizer
que a realidade deve ser encarada como ela é, em sua beleza, mas também na sua
dureza e drama; aliás, é em virtude disso que temos a oportunidade de crescer
como adultos, retirando de nossa mente ilusões e castelos, criados em um
momento da vida em que essa realidade era a única possível.
A pessoa adquire sua autenticidade quando volta a si mesma, ou quando
sai de si ao encontro do outro? A esta pergunta Mounier responde que:
a existência pessoal é sempre tensa
entre dois movimentos: um de interiorização, outro de exteriorização; ambos lhe
são essenciais, ambos podem sufocá-la e dissipá-la[50].
Não oposição, portanto, mas reciprocidade. É na integração dos dois
movimentos que a pessoa encontra a sua justa dimensão. É fácil compreender as
degenerações que podem provocar a exaltação de um ou de outro fator em questão,
ou seja, o fechamento mais total ou a perda completa das capacidades
reflexivas. A pessoa está sempre em busca de um equilíbrio que lhe dê a
possibilidade de viver no mundo totalmente responsável por sua própria ação
personalizante. Interioridade e objetividade marcam os pólos extremos do
universo pessoal; é dentro deles que a pessoa experimenta sua própria
realização. Encontramos esta estreita relação dialética em cada elemento do
universo pessoal, sinal de que o risco de realçar um aspecto em detrimento do
outro está sempre à espreita. Precisamente por isso, Mounier nos adverte que:
não devemos desprezar demais a vida exterior, porque sem ela a vida
interior torna-se absurda; assim como, sem a vida interior, mesmo a exterior
delira[51].
Mas como fazer isso? Como conciliar essas duas realidades, esses dois
movimentos dentro de seu próprio mundo pessoal? Em virtude dessa tão alardeada
singularidade e imprevisibilidade que caracteriza a pessoa, teria sido
extremamente inconsistente formular "receitas" sobre como o
equilíbrio certo pode ser alcançado no menor tempo possível. Essa é uma meta
que só a vida pode nos ensinar como alcançar. São muitos os lembretes e apelos
que Mounier envia à pessoa no decorrer do trabalho, para convidá-la a não se
deter à mesa da vida, mas a levar a sério sua própria existência vivendo-a.
[1] MELCHIORRE, V. Pubblico e privato: aspetti ideologico culturali, in “La famiglia
crocevia della tensione fra pubblico e privato. Vita e Pensiero, Milano
1979 p. 49.
[2]
MOUNIER, E., Il Personalismo, cit., p. 12 Neste ponto julgamos importante sublinhar que, mesmo
após este esclarecimento sobre os termos homem e pessoa (entre outras coisas
não tão marcado pelo autor), Mounier continua a utilizá-los com indiferença.
[3] MOUNIER, E.
Il Personalismo, cit. pág. 29.
[4] MOUNIER, E. Che
cos’è Il personalismo? cit, pag. 30.
[5] Hoje, certamente, também graças a
Mounier, esse discurso é fortemente reavaliado e recuperado dentro da
antropologia filosófica. A esse respeito, é muito significativa a expressão que
Emerick Coreth usa para explicar a interação entre a vida corporal e a vida
espiritual: "espírito como alma do corpo e corpo como meio do
espírito" (in CORETH, E., Antropologia
filosofica, Morcelliana Brescia 1978).
[6]
. MOUNIER, E., Personalismo, cit. P.
39.
[7]
Ibid. Para compreender o peso dessas afirmações tão cheias de significado,
basta compará-las com o que nos dizem o antropólogo Emerick Coreth e o próprio
Papa João Paulo II. A primeira considera o corpo o "lugar onde trabalho,
cresço, me afirmo... O corpo revela o espírito aos outros" (in
"Antropologia Filosófica" cit., p. 144). João Paulo II, em seus
discursos da quarta-feira e em algumas de suas encíclicas (ver "Redemptor Hominis ”e“ Laborem exercens ”) afirma que o homem é esse
corpo e que é a manifestação do espírito. O próprio Concílio Vaticano II se
pronunciou a favor da tomada de consciência do corpo como valor: "o homem
sintetiza em si mesmo, por sua condição corporal, os elementos do mundo
material, para que, por meio dele, atinjam seu ápice e tomem voz para louvar o
Criador em liberdade. Então não é lícito ao homem desprezar a vida corporal”
(Gaudium et Spes 14).
[8] . MOUNIER, E., Personalismo, cit. p. 39.
[9] Ibidem.
[10] Ibidem, p. 32.
[11] MOUNIER, Che
cos’è il personalismo? cit. pag. 39.
[12]
Idem, p. 40.
[13]
MOUNIER, E. Personalismo, cit. pág.
44. Sobre esse discurso complexo, um pensador marxista contemporâneo, Roger
Garaudy, expressou certa perplexidade. Na verdade, ele o considera bastante
confuso, porque, primeiro, a matéria é exaltada e, em um segundo momento, é
considerada passiva e inerte (Cfr. GARAUDY, R., Prospettiva dell’uomo, Borla, Torino, 1972, p. 173). A crítica é excessiva. De fato, o esforço que Mounier faz é
apresentar os dois aspectos do problema para poder tirar as conclusões mais
objetivas possíveis. Não confusão, portanto, mas uma tentativa de potencializar
a relação entre a pessoa e a matéria.
[14]
Idem, p. 64.
[15]
Ibidem.
[16]
Idem, p. 67.
[17] MOUNIER, Che
cos’è il personalismo? cit. pag. 65.
[18] Ivi, p. 68.
[19] MOUNIER, E.,
Personalismo, cit. p 66.
[20] Idem, p. 67.
[21] MOUNIER, Che
cos’è il personalismo? cit. p. 46.
[22]
Sobre o privado e seu significado na cultura contemporânea, recomendamos ver:
AA.VV., La famiglia crocevia della tensione fra pubblico e privato” Vita e
Pensiero Milano 1979, em modo especial o artigo de Pietro Scoppola sobre os
aspectos históricos – políticos deste problema, pagg. 24
– 43.
[23]
MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 67.
[24]
Cf. AGOSTINHO, De vera religione, Mursia,
Milano 2012.
[25]
CORETH, E., Filosofia Antropologica,
cit. p. 85.
[26]
Ibidem.
[27] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 105.
[28]
Ibidem.
[29]
Idem, p. 107.
[30]
Idem, p. 109.
[31] Cf. AA.VV., La
concezione scientifica del mondo, Laterza, Bari 1997.
[32]
MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 89.
[33]
Ibidem.
[34]
Cf. SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo,
Vozes, Petrópolis 2014.
[35] MOUNIER, E.,
Personalismo, cit. p 91.
[36] Idem, p. 99.
[37]
MOUNIER, E. Che cos’è il personalismo? cit. pag. 96.
[38]
Idem, p. 49.
[39]
Ibidem.
[40]
MOUNIER, E., Personalismo, cit. p
45-46.
[41] Uma atitude bastante semelhante a esta e à do Espírito Livre, figura apresentada por
Nietzsche em "Humano demasiado humano". De fato, em virtude de sua
própria busca de conhecimento, ele vive principalmente na solidão desenraizada
da história (Cf. NIETZSCHE, F., Umano
troppo umano, Adelphi 1982, af. 429, 427, 291).
[42] MOUNIER, E. Manifesto,
cit. p. 43.
[43] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p. 127.
[44]
Idem, p. 126.
[45]
Idem, p.132.
[46]
Ibidem.
[47]
Idem, p. 133.
[48]
Cf. idem, p. 134.
[49]
Ibidem.
[50]
MOUNIER, E. Manifesto, cit. p. 74.
[51]
Cf. MOUNIER, E. Personalismo, cit.p.
76.
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