terça-feira, 5 de dezembro de 2023

O CONCEITO DE PESSOA EM EMMANUEL MOUNIER

 

 




 

Paolo Cugini

 

1.      Em busca de valores perdidos

 

Segundo Mounier, é necessário, preliminarmente, recuperar alguns problemas de raciocínio filosófico há muito perdidos. Deve-se, portanto, partir de uma reavaliação da pessoa não como semantema, mas como valor, de modo a afastá-la da equivocidade que comumente a caracteriza.

Segundo Virgílio Melchiorre “uma tradição linguística muito antiga no ocidente tende a identificar o conceito de pessoa com a de homem”[1]. Esta identificação é justificada? E se for, em que sentido? Empírico ou ontológico? A cultura anarquista, individualista e burguesa revela a falta de clareza e lucidez sobre o valor autêntico da pessoa, acompanhada de uma falta de reflexão nesta perspectiva. De fato, referindo-se concretamente a ela, não esclarece seu significado e status ontológico. Em contraste com essas concepções, Mounier concebe o termo homem como um gênero, que também contém em si o sentido de pessoa. Isso pode ser argumentado de qualquer forma, mesmo a mais inusitada, respeitando as atribuições logicamente possíveis. A pessoa, por outro lado, já é um sinal de diferença em relação ao homem (como conceito). É essa parte de mim que me distingue de todas as outras entidades contingentes e me faz Paolo Bianchi e não Francesco Rossi ou uma mesa ou qualquer outra coisa. Assim, se por um lado a pessoa difere do homem como conceito genérico, ao mesmo tempo escapa à objetivação da coisa. A pessoa, sendo subjetividade e objetividade, escapa à percepção completa. Por causa desse caráter indefinível e imperceptível na totalidade, Mounier afirma que "a pessoa não é um objeto"[2]

Para afirmar o valor central da estrutura da pessoa, Mounier se insere no debate cultural de seu tempo que, nesse aspecto, propunha várias teorias antropológicas. De um lado, o espiritismo, que nega a corporeidade como elemento constitutivo fundamental do homem; do outro, o naturalismo, que nega a espiritualidade como essencial na constituição ontológica do homem. Finalmente, o dualismo de tipo cartesiano, que afirma a alma e o corpo como duas realidades separadas dentro do mesmo indivíduo. Contrastando com essas posições, que exaltam uma parte em detrimento da outra, Mounier afirma que "o homem é corpo da mesma forma que é espírito, corpo inteiro e espírito inteiro"[3]. - crítica teórica de tais posições. Sua intenção é evidentemente chamar a atenção para a unidade-totalidade da pessoa, em clara referência à tradição cristã: "a união da alma e do corpo é o pivô do pensamento cristão".[4] Com muita clareza, percebe-se que o objetivo fundamental de Mounier não é construir um sistema filosófico sobre o universo pessoal, mas salvaguardar e reavaliar a pessoa de qualquer tentativa de falsificação e empobrecimento. Considerar a pessoa do ponto de vista de sua singularidade, e não de fragmentação, abre um caminho destinado a resgatar sua dignidade. Somente assim é possível afirmar a singularidade da pessoa e é possível percebê-la como uma centralidade da qual brotam todas aquelas energias e forças que vêm dela. Portanto, em uma dada ação, "não é meu corpo ou meu espírito que intervém, mas é a pessoa, em sua unidade e totalidade, que age"[5]

2.       O corpo: um valor ou um limite?

Com base no que foi dito até aqui, Mounier, contrariando as diversas formas de idealismo e espiritualismo inferior, que consideram a matéria e a corporeidade como uma simples negação do espírito, tende a uma reavaliação global do corpo como autonomia e raiz da experiência mundana do homem. O corpo não é simples negatividade e alteridade em relação ao espírito, nem sequer é um instrumento informe do espírito. Nosso pensamento está, portanto, intimamente ligado ao nosso corpo: "ao estimular meus sentidos [o corpo] me lança no espaço, à medida que envelheço me faz conhecer o tempo, ao morrer me confronta com a eternidade"[6]. Sem o corpo seríamos para sempre destinados à solidão absoluta, não poderíamos de forma alguma participar e desfrutar de toda a beleza que envolve o mundo em que estamos historicamente localizados. Portanto, é somente pela corporeidade que a pessoa está no mundo e no tempo. Mundo e tempo, que, por um lado, limitam o homem, mas, precisamente por limitá-lo, o definem como sendo aberto ao mundo e testemunha do tempo, também do tempo futuro como esperança. Os limites que o corpo nos faz experimentar recaem na dimensão do dom, que deve ser aceito como é, sem qualquer pretensão. Mounier, embora não desenvolva uma fenomenologia do corpo vivido, lembra-nos que a primeira maneira pela qual a pessoa se faz presente a si mesma e aos outros é o corpo: "o corpo faz pesar sua escravidão, mas é a base de toda forma de consciência e dignidade espiritual, mediador onipresente da vida do espírito"[7]. Assim, graças à exterioridade do corpo, não ficamos fechados em nós mesmos, arriscando, como Mounier nos dirá mais tarde sobre a interioridade, a loucura, mas "através dele, escapo à solidão de um pensamento que seria apenas o pensamento do meu próprio pensamento"[8]. Apesar desse admirável esforço de resgate do corpo como valor, na cultura contemporânea permanece maltratado, não porque é esquecido, mas porque é colocado naquele pedestal que os iluministas reservaram para as habilidades racionais do homem. No espaço de três séculos, assistimos assim a uma completa inversão do discurso sobre a pessoa humana, em detrimento, porém, da mesma[9].

3.      A personalização da natureza

O homem não é o único ser vivo a habitar esta terra. Milhões de espécies animais e vegetais se movem e vivem ao lado dele. Todos nós sabemos as diferenças entre nós e eles. Mounier, porém, ao falar da relação entre a pessoa e a natureza, não se detém tanto nas diferenças dos dois mundos considerados, mas sim nas consequências do uso das diferenças da pessoa no mundo. Com efeito, após constatar que o homem é o único ser vivo dotado de consciência e, portanto, plenamente consciente de habitar o universo, afirma, citando Marx, que “o homem é um ser natural, mas um ser humano natural”[10]. Essa sua diversidade, não pode mantê-la fechada em si mesma, mas precisa experimentá-la transformando em humano o que encontra. A natureza oferece ao homem a oportunidade de explorar suas habilidades criativas.

Assim nasce o que Mounier chama de “a personalização da natureza”[11], que sublinha a relação característica e única da pessoa com a natureza. Para que isso aconteça, é necessário, antes de tudo, deixar de considerar a natureza como um dado "para afirmá-la como uma obra: uma obra pessoal em apoio a toda personalização"[12]. Só assim a pessoa pode deixar sua marca construtiva na natureza, que certamente não será mais a mesma, mas será enriquecida, transformada, personalizada. Nesta perspectiva, Mounier pode falar inequivocamente em “exploração da natureza”, pois este termo, no universo pessoal, perde toda carga negativa, assumindo uma carga positiva. No entanto, as coisas não são tão simples e lógicas como podem parecer. A matéria, de fato, não é apenas inerte e firme, pronta para se deixar dominar a cada momento. Ela muitas vezes se apresenta como uma rebelde hostil, continuamente ameaçando investir o universo pessoal. É evidente que, mesmo a personalização da natureza, entendida como a relação entre duas entidades que não são perfeitas, mas finitas, não é fácil e harmoniosa. Requer um esforço contínuo de luta, que nos ajuda a perseguir o processo de personalização mesmo depois de experimentar o fracasso. Criatividade, esforço e luta são as principais categorias utilizadas por Mounier para indicar a delicada relação entre pessoa e natureza. O caminho que a pessoa deve percorrer é definido pelo nosso "trágico otimismo, no qual encontra sua medida certa e um clima de grandeza e luta"[13].

4.      Subjetividade

 

Falar em pessoa significa não apenas resgatar seu valor, mas também apreender seus movimentos, dinâmicas internas e externas. Mounier descreve o nível subjetivo da pessoa em suas três dimensões: recolhimento, transcendência e liberdade.

  A capacidade de refletir no sentido do recolhimento é chamada pelo autor de "experiência vital"[14],  sinal de que, se a pessoa não passar por esse caminho, está destinada a morrer. Em que sentido, porém, deve ser entendido este morrer? Precisamente porque não estamos sozinhos no mundo, mas vivemos em contato contínuo com outras pessoas em uma realidade social, o perigo da dispersão e desintegração das forças vitais do indivíduo, em diferentes níveis de experiência, está sempre presente. Eis a morte que Mounier prevê: a de uma pessoa tomada totalmente por seu fazer continuo, sem entender o porquê. Por isso afirma que: "a vida pessoal começa com a capacidade de romper o contato com o ambiente, para se recuperar, se re-apropriar para retornar a um centro e alcançar a unidade"[15].

A reflexão assim compreendida por Mounier é, portanto, o momento da vida pessoal em que a pessoa volta a si mesma para compreender o sentido de sua ação. Para isso, pode parecer suficiente desenraizar-se do contexto social, deixar-se levar com toda a serenidade e espontaneidade. A retirada que pretendemos não é uma "viver fechado e barricado em si mesmo"[16]. A vida começa, de fato, com um ato livre e voluntário da pessoa, que decide viver de maneira digna da espécie a que pertence. Quando Mounier fala do recolhimento como uma "conquista ativa"[17], certamente percebe que não é algo dado como um movimento imediato do sujeito, mas, sendo que constitui a primeira disponibilidade do homem para o valor, precisa ser desejado. A importância dessa atitude de força de vontade, que nasce de uma consciência pessoal e responsável, é esclarecida por Mounier quando descreve as possibilidades do naufrágio presente na meditação.

Devemos estar atentos ao momento em que o peso vegetativo sufoca a vivacidade do espírito, porque então tudo o que era simples e acolhedor na intimidade pessoal torna-se fechado e exclusivo[18].

Não é difícil entrar nesse clima de “peso vegetativo”. É suficiente, na verdade, desvincular e isolar o momento de reflexão da relação com o outro de si mesmo, considerando este último negativo e limitante, para deturpar tudo. Mounier sempre mostra uma forte preocupação nessa perspectiva. Ele vê sempre à espreita a tentativa de considerar o movimento subjetivo de reflexão e o movimento objetivo de abertura ao mundo como divididos, separados. Para ele, são dois movimentos inseparáveis, que, aliás, formam uma relação dialética. Somente permanecendo nesta perspectiva pessoal é possível compreender o valor do momento reflexivo, que não tem nada a ver com a falsa segurança. São páginas, estas de Mounier, dirigidas a quem pretende viver a existência pessoal assumindo toda a responsabilidade necessária para levar uma vida digna. Na estrada que o autor acaba de abrir, alguns termos de sabor antigo, mas extremamente atuais, como modéstia, sentimento de intimidade e privacidade, ganham vida e significado.

A modéstia - argumenta Mounier - é o sentimento que a pessoa tem de não ser plenamente realizada por suas próprias expressões e de ser minada em suas profundezas por aquele que mudaria sua existência manifestada por sua existência total[19].

A modéstia é um primeiro fruto positivo da pessoa que entrou em si mesma. Certamente, aqueles que seguem este caminho escapam completamente de todos aqueles que tentam classificá-lo, torná-los um número, junto com muitos outros. A reflexão da pessoa, entendida pelo autor como um momento de entrada em si mesmo, leva à descoberta de tesouros escondidos em sua interioridade, que uma vez trazidos à luz e incorporados na vida pessoal, não aceitam ser maltratados. A pessoa que caminha nesse sentido tem plena consciência do valor que sua existência adquire, que não pode ser comparado e equiparado a nenhum outro objeto. É o caminho da reflexão que leva a recuperar o sentido profundo da própria dignidade pessoal e a irredutibilidade da pessoa à matéria.

Outro fruto da reflexão é "o sentimento de intimidade que expressa a alegria de encontrar suas fontes interiores e se refrescar nelas"[20]. Mounier diz "refrescar-se nelas" e não se deter nelas, como poderia ser facilmente interpretado. Isso significa que a reflexão é fundamental para a vida pessoal, mas não se pode adaptar a ela. Poderia significar que uma perversão interveio. O sentimento de intimidade surge, portanto, quando vivenciamos a reflexão em seu sentido original dado pelo autor "para melhor dar o salto" e não para "sufocar a vivacidade do espírito"[21]

Nessa perspectiva, adquire sentido e interesse o discurso que Mounier realiza na dimensão privada. Pode parecer bastante ambíguo e incoerente falar sobre essa área de nossa vida neste momento da discussão. As perplexidades surgem, sobretudo, pela carga fortemente negativa que a cultura lhe atribui hoje[22]. O autor o define como: “o espaço entre minha vida íntima e a pública, no qual me esforço para manter também na sociabilidade do meu ser, a calma interior, a intimidade comunicada de pessoa a pessoa”[23]. Não fechamento em si mesmo, mas possibilidade de reflexão, mesmo vivendo imersos na vida social. Poder encontrar um espaço privado em nossa vida cotidiana significa, segundo Mounier, ter compreendido um ponto importante do viver. Significa, também, a condição de possibilidade pela qual permanecemos intactos na ação e não totalmente alterados com a necessidade, depois, de buscar nossa identidade. Enfim, é somente na dimensão desse espaço privado que podemos compreender nosso ser no meio e com os outros, para relançar as possibilidades de existência.

As ideias contidas nestas páginas não são novas, mas certamente devem estar ligadas à mais antiga tradição cristã. O próprio Jesus Cristo, no Sermão da Montanha (Mt 5,1-12), pede aos ouvintes da sua palavra que sejam sal para ter sabor e depois poder ser luz. Nesta linha, certamente, não podemos esquecer aquele grande pai da Igreja que é Santo Agostinho. Ele argumentou que “in interiore homine veritas est"[24] e se estas palavras saíram da boca de uma pessoa que, durante toda a sua vida, não fez nada além de buscar essa verdade, talvez valha a pena ouvi-la.

 Esse movimento reflexivo da pessoa, se nele termina, não corre o risco de se tornar um veneno mortal, transformando-se no mais radical narcisismo ou individualismo? Esta questão não incomoda muito Mounier, pois, continuando o discurso sobre o universo pessoal com extrema coerência, sem nunca esquecer a marca cristã em que se inspira, põe em questão a transcendência. Se quisermos sair da nossa concha, se quisermos parar de nos desprezar ou nos exaltar, para encontrar a dimensão certa de nós mesmos, precisamos nos abrir para o transcendente. "O sentido mais adequado da pessoa só pode ser encontrado na totalidade do ser apenas em um horizonte de universalidade"[25]. Emerich Coreth nos lembra que: “nosso espírito, embora finito e capaz de conhecer e conceber apenas de maneira finita, sempre teve como objetivo o ilimitado do ser em geral; significa que o horizonte do ser está aberto a ele como princípio”[26]. É verdade, porém, que desde a consciência dessa qualificação particular da estrutura pessoal até sua utilização plena e adequada, há muita diferença. De fato, para alcançar a transcendência, é necessário o que o autor chama de “salto dialético e expressivo”[27]. Mounier não explica muito o que quer dizer com essa afirmação. No entanto, parece claro que é necessário um esforço voluntário por parte da pessoa, para permanecer em sintonia com a transcendência. Ela não fica fora de nossa existência concreta, mas se manifesta e se torna perceptível na atividade produtiva, onde a pessoa está engajada, com toda a sua complexidade.

A transcendência escapa, portanto, a qualquer tentativa de fixação e demonstração empírica: "sua certeza se expressa na simplicidade da vida pessoal e desmorona com suas quedas"[28]. Esse discurso, que parece muito significativo, corre o risco de permanecer abstrato e pouco relevante para a realidade, se não se acrescenta uma característica fundamental: a direção. De fato, que sentido pode ter a vida pessoal, não instintiva como a de um animal, sem um objetivo? Nesta perspectiva, a ação humana corre o risco de se dispersar e se desintegrar. Onde, no entanto, encontrar esse propósito? Mounier indica a pessoa suprema, isto é, Deus, como a direção da transcendência. Daqui fica muito evidente que, para o nosso autor, dizer transcendência não é o mesmo que dizer Deus. Com o primeiro termo, Mounier entende a capacidade de apreender o que está além da realidade, vagar no infinito sem, porém, percebê-lo de forma total. É por meio dessa característica particular, que o distancia qualitativamente de todos os outros seres vivos, que a pessoa pode caminhar para Deus e absolutizar seu caráter finito.

Falando em transcendência, certamente não podemos deixar de lado o discurso sobre os valores, que, para Mounier, parece ser muito importante, dada a quantidade de páginas que a eles dedica. O autor os considera como o termo do movimento de transcendência, e que são recolhidos no apelo da pessoa suprema. Os valores denotam que a pessoa não é uma realidade em si mesma, “mas quem pode, do ponto de vista de sua condição, abraçar o universo e prolongar definitivamente o vínculo que o liga a ele”[29]. Os valores são, então, impessoais, e tendem a incorporar-se a um sujeito concreto, que os torna seus ao transformá-los. Em última análise, os valores dão sentido à nossa abertura ao ser: podemos considerá-los como trilhos, faróis, que nos ajudam a caminhar em direção ao objetivo.

Não existimos a não ser a partir do momento em que formamos um quadro interior de valores ou ideais, sabendo que nem mesmo a ameaça de morte poderá prevalecer sobre eles. É porque desarmam essas cidadelas interiores que as técnicas modernas de degradação, os sucessos devidos ao dinheiro, as renúncias burguesas e a intimidação partidária são como as armas de fogo”[30].

No entanto, para nós os valores são de uma importância tão vital que não podemos abandoná-los, mas sempre e em todos os momentos devemos encontrar forças para lutar contra aquelas superestruturas que nos atrapalham. Além disso, se, como pertencente à nossa estrutura ontológica, temos essa aspiração transcendente, que se move e se desenvolve através de impessoais chamados valores, vale a pena usá-la, mesmo apenas para nos distanciarmos, de forma qualificada, do animal. Todo esse discurso sobre a aspiração transcendente operada por nosso autor adquire sentido na estrutura subjetiva da pessoa. A possibilidade de se abrir ao transcendente por meio de valores leva a pessoa a não se fechar em si mesma, mas a se projetar no mundo com os outros.

5.      Liberdade

O homem é levado a considerar a validade das coisas a partir das qualificações externas, da tangibilidade. Os neopositivistas pensavam dessa maneira, ao ponto de considerar algo sensato em virtude de sua comprovação em nível prático.[31] Logo perceberam, porém, que esse discurso, embora racional, tinha algumas lacunas. Eles descobriram que existem declarações sensatas que não podem ser verificadas cientificamente. Assim, na esteira de suas pesquisas no campo linguístico, perceberam que era necessário identificar o sistema linguístico, para que determinada palavra pudesse adquirir todo o seu significado, sem cair em ambiguidade. Um exemplo concreto de seu argumento é dado pela palavra Deus. Após longos estudos, que a princípio levaram à afirmação do absurdo desse semantema, os neopositivistas chegaram à conclusão de que o termo Deus só poderia ter sentido pleno exclusivamente no interior de uma linguagem religiosa. O mesmo acontece com quem está prestes a falar de liberdade, que não é tangível nem palpável, pois escapa a qualquer tentativa científica de catalogação. Também para o conceito de liberdade é preciso buscar o contexto do discurso, a unidade de investigação pela qual seja possível falar sobre ele de forma inequívoca, mas sensata. Mounier encontra esse alcance na pessoa: "quando a liberdade é isolada da estrutura total da pessoa, se acaba sempre por conduzi-la a alguma aberração"[32].

Antes de afirmar a liberdade, é preciso que uma consciência a coloque. Esse movimento não ocorre nas profundezas da psique, mas na ação. Percebemos que somos livres, não só porque primeiro fizemos um raciocínio lógico, mas, sobretudo, pela forma como vivemos no mundo com os outros. Portanto:

É a pessoa que se torna livre, depois de ter escolhido ser livre. E nada no mundo pode dar-lhe a segurança de ser livre, se ela não se decidir corajosamente para a experiência da liberdade"[33].

Mounier sublinha a importância da vontade, para a qual a liberdade não permanece algo externo ao universo pessoal, mas tem seu início e seu sentido mais total a partir de um ato volitivo, de um ego que decide por ela. Com esse tipo de argumento, o nosso autor se coloca em aguda contradição com algumas correntes filosóficas, como a anarquia e o existencialismo ateu - muito populares no período em que Mounier elabora a reflexão sobre a pessoa -, que consideram a liberdade um simples jorro dando-lhe um valor absoluto, sem limites. A ponta de lança desse conceito é Jean-Paul Sartre, que considera o homem lançado no mundo, forçado a escolher sua própria vida e destino, tornando-se inteiramente responsável por si mesmo. Essas considerações levam à sua famosa afirmação: “o homem está condenado a ser livre”[34]. Em tal concepção, que eleva a liberdade à plenitude total e absoluta, que nada pode limitar, nem mesmo uma consciência pensante, estamos bem conscientes da importância da reflexão mounieriana. Com efeito, se o homem está verdadeiramente condenado a ser livre, a liberdade preexiste a toda consciência. Assim, uma pergunta se torna bastante legítima: no universo pessoal quem é o sujeito, a liberdade ou a pessoa? Somos nós que escolhemos ser livres e viver livremente, ou é a liberdade que se apodera de nós, tornando-nos seus escravos? A estas questões urgentes, Mounier responde assim:

aquele que se sente condenado à sua própria liberdade, uma liberdade absurda e ilimitada, para poder se afastar dela, não tem mais do que condenar os outros e você [...] Liberdade não está indissoluvelmente ligada ao ser pessoal como uma condenação, mas lhe é oferecida como um presente: ele pode aceitá-lo ou recusá-lo[35].

Ao dizer isso, Mounier confirma a afirmação feita anteriormente, devolvendo a liberdade a uma pessoa consciente. Continuando nesse caminho, nosso autor percebe que o discurso corre o risco de se tornar terrivelmente perigoso e de direção única; por isso, considera importante propor alguns esclarecimentos adicionais. Falar em liberdade, devolvendo seu sentido exclusivamente à faculdade de escolha de um ego, torna-se mais reducionista do que nunca; na verdade, significa "encorajar aquela tendência do indivíduo a se retrair em si mesmo, que o torna obtuso e indisponível"[36]. Aquele que vive de forma livre é possível reconhecê-lo por sua disponibilidade e abertura, que o levam a viver responsavelmente no mundo com os outros. Este fato pode nos ajudar a entender como a liberdade é estritamente condicionada e limitada na nossa situação concreta. A constatação de que nosso ser livre deve lidar com os limites que vêm da nossa natureza e do mundo e que, consequentemente, nem tudo é possível, é uma grande conquista. Assim, mesmo a liberdade, inserida no universo pessoal, auxilia o indivíduo em seu caminho de "personalização do mundo e de si mesmo"[37].

 

6.      Objetividade

 

Depois de observar a estrutura subjetiva da pessoa, Mounier faz uma pausa para considerar os termos do movimento da pessoa em direção ao outro, a partir de si mesma. A pessoa não pode crescer subjetivamente para permanecer fechada em si mesma. É por natureza aberta ao outro, em viagem com o outro. Neste ponto, pode-se esperar um longo discurso sobre a importância da linguagem no universo pessoal. Mounier, por outro lado, para definir o movimento da pessoa em direção ao outro, fala de comunicação. Essa capacidade nasce com a própria pessoa e o homem não pode recusá-la, com o risco de comprometer sua própria existência. "A pessoa não existe senão na medida em que se dirige aos outros [...] Eu só existo na medida em que existo para os outros"[38]. Sua recusa mais total é para com aqueles que consideram a pessoa um mundo fechado a si mesmo, sozinho em sua viagem, onde o outro é sentido como um obstáculo insuportável, e não um amigo e um convite para crescer no amor.

Partindo dessas considerações, Mounier afirma que: “a primeira experiência da pessoa é a experiência da segunda pessoa: o tu, portanto, o nós vem antes do eu ou, pelo menos, o acompanha”[39]. Quando viemos ao mundo, o primeiro encontro ("a primeira experiência") é com o outro em si, e é com isso que temos que lidar, pois não podemos ignorá-lo ou fugir dele. Mounier, portanto, considera o tu não um limite, mas um constitutivo fundamental da própria estrutura ontológica da pessoa. No entanto, a comunicação, justamente por nascer com a pessoa, apresenta obstáculos que não podem ser esquecidos. Encontramos, de fato, dentro de nós e no mesmo “tu” algo que:

escapa até mesmo ao nosso mais disposto esforço de comunicação. Não só isso, mas muitas vezes a comunicação é bloqueada pela necessidade de possuir e subjugar. Todo vizinho é necessariamente um tirano ou um escravo. A presença do outro atrapalha minha liberdade[40].

Diante dessas grandes dificuldades, há dois tipos de reação. Há quem reage recusando qualquer encontro, para se defender do perigo de ser atropelado pelo outro, entrincheirando-se em si mesmo, erguendo um muro intransponível de indiferença e defesa[41]. Por outro lado, porém, há pessoas que, até aceitando os limites que este reserva, respeitando a sua própria abertura ao outro, procura-o para tecer uma relação pessoal com ele. Mounier é o porta-voz desta última forma de agir, e chegará a traçar as estruturas e os fundamentos de uma comunidade personalista. Neste ponto, parece importante sublinhar que só a partir da comunicação podemos compreender o sentido da reflexão. O próprio Mounier, no seu livro O personalismo,  antes de falar de interioridade, fala de comunicação.

7.       Ação

A comunicação, como primeiro movimento de objetivação, leva à ação como consequência lógica. Falar de ação no universo pessoal não é, para Mounier, um apêndice, nem, muito menos, uma coisa secundária; na verdade, ela “ocupa uma posição central na pessoa”[42], colocada em uma perspectiva de liberdade (esta última entendida no sentido que acaba de ser dado pelo autor). De fato, que sentido teria falar em ação se tudo o que acontece no mundo já estivesse predeterminado? É, portanto, de fundamental urgência reconectar-se com o senso de responsabilidade da pessoa e com a dignidade que nela se encontra. Cada tipo de ação, a mais elevada ou a mais inesperada, contém em si um caráter histórico, pois sempre surge de uma consciência localizada aqui e agora, em um contexto social específico. Pode-se dizer, com Mounier, que uma ação é tanto mais eficaz quanto mais nasce de uma consciência particular, envolvida no drama de sua época.

Para a salvação da própria pessoa, reconhecida ontologicamente aberta ao ser, é necessário buscar um sentido para o qual a ação deve tender. O maior risco que corre quem não encontra um sentido é a insignificância, o anonimato, que pode levar ao abandono em nível prático ou, ao contrário, a uma ação implacável e desesperada. Diante dessas urgências, Mounier tenta delinear as dimensões que caracterizam a ação. Em primeiro lugar, há uma ação econômica pela qual o homem, em virtude de seus esforços e de seu trabalho, transforma as coisas: ele cai no domínio da ciência, da tecnologia e da indústria; seu critério é a eficácia. Segue a ação ética que “visa formar aquele que age, sua capacidade, suas faculdades, sua unidade pessoal”[43]. Sua norma é, portanto, a autenticidade. A ação contemplativa, por sua vez, enriquece o universo com nossos valores: têm caráter profético e seus fins são a perfeição e a universalidade; resulta da síntese da ação econômica e da ação moral. A última é a ação social, entendida no sentido mais amplo. Esta transforma os homens, aproximando-os uns dos outros.

Neste ponto, parece importante sublinhar que Mounier, ao identificar estas quatro dimensões, não quer cristalizar e fossilizar a ação, delimitando o seu espaço e possibilidades. Por outro lado, pode representar uma tentativa de indicar algumas características e necessidades fundamentais das quais não se pode fugir. Precisamente pelo que acabamos de dizer, “pode acontecer que algum tipo de ação envolva principalmente apenas uma das dimensões consideradas, enquanto as outras se harmonizam com ela”[44]. É significativo notar como o nosso autor sempre tenta desviar o leitor de considerar a pessoa como uma máquina, facilmente programável e, consequentemente, previsível em cada movimento. De fato, mesmo neste caso, após as afirmações positivas sobre o universo pessoal, Mounier mostra a atitude do homem que age de forma contrária àquela descrita acima, em virtude de sua singularidade e imprevisibilidade.

Dando continuidade ao discurso, na busca de determinar de forma cada vez mais precisa e aprofundada a ação, Mounier passa a apreender sua extensão, identificando-a no campo que vai do "pólo político ao polo profético"[45]. Em virtude dessa intuição, afirma que "o homem de ação completo é aquele que carrega dentro de si essa dupla polaridade e faz malabarismos entre um pólo e outro"[46]. Esse tipo de homem tão completo só pode ser encontrado em nível teórico, mas na vida cotidiana é muito difícil. É somente na vida social que encontramos pessoas, algumas dotadas de temperamento político, outras dotadas de temperamento profético. É por nossa razão fundamental, que esses dois tipos de homens não existem isolados, mas "mutuamente articulados: senão o profeta, entregue a si mesmo, se volta para a maldição inútil e o estrategista se perde em sua manobra"[47]. Perguntamos agora: que estrutura atribuir à ação? O autor nos mostra que ela é incalculável e imprevisível no plano prático: não escolhemos as situações de partida que incitam nossa ação; pelo contrário, provocam-nos quando menos esperamos e de forma diferente do que previam os nossos esquemas[48]. A liberdade, que pertence ao universo pessoal, também deve enfrentar esses obstáculos humanos sem desmoronar e degradar. De fato, “a força criadora da pessoa surge da tensão fecunda que ela suscita entre a imperfeição da causa e sua absoluta fidelidade aos valores que estão em jogo”[49].

Este caráter dialético do empenho do homem, que não é linear e previsível como o do animal, ajuda-o a não ceder ao fanatismo pela sua causa e a libertar-se de tantas ingenuidades e ilusões, para tentar caminhar mesmo por caminhos cheios de imprevistos. Insegurança, risco e privação: essas são as características que tornam grandes as ações humanas. Mounier define a estrutura da ação descrita como dramática. É, de fato, um movimento contínuo de altos e baixos, um uso contínuo de novas energias criativas capazes de nunca parar, mas sempre em direção à realização de uma ação verdadeiramente humana.

Da leitura destas páginas, a realidade que mais aparece é a forte desaprovação que Mounier tem para com aqueles que se retiram da ação. Destes, o autor identifica duas categorias: em primeiro lugar, aqueles que, em nome de um absoluto, não totalmente compreendido, recusam uma ação social ativa para buscar a perfeição. Para Mounier, esta inquietante preocupação com a pureza, muitas vezes expressa também um narcisismo superior, uma preocupação egocêntrica pela integridade individual, desvinculada do drama da comunidade, de um compromisso concreto e ativo: eles estão destinados a permanecer crianças para sempre. Mounier, como um verdadeiro homem de ação, parece querer nos dizer que a realidade deve ser encarada como ela é, em sua beleza, mas também na sua dureza e drama; aliás, é em virtude disso que temos a oportunidade de crescer como adultos, retirando de nossa mente ilusões e castelos, criados em um momento da vida em que essa realidade era a única possível.

A pessoa adquire sua autenticidade quando volta a si mesma, ou quando sai de si ao encontro do outro? A esta pergunta Mounier responde que:

a existência pessoal é sempre tensa entre dois movimentos: um de interiorização, outro de exteriorização; ambos lhe são essenciais, ambos podem sufocá-la e dissipá-la[50].

Não oposição, portanto, mas reciprocidade. É na integração dos dois movimentos que a pessoa encontra a sua justa dimensão. É fácil compreender as degenerações que podem provocar a exaltação de um ou de outro fator em questão, ou seja, o fechamento mais total ou a perda completa das capacidades reflexivas. A pessoa está sempre em busca de um equilíbrio que lhe dê a possibilidade de viver no mundo totalmente responsável por sua própria ação personalizante. Interioridade e objetividade marcam os pólos extremos do universo pessoal; é dentro deles que a pessoa experimenta sua própria realização. Encontramos esta estreita relação dialética em cada elemento do universo pessoal, sinal de que o risco de realçar um aspecto em detrimento do outro está sempre à espreita. Precisamente por isso, Mounier nos adverte que:

não devemos desprezar demais a vida exterior, porque sem ela a vida interior torna-se absurda; assim como, sem a vida interior, mesmo a exterior delira[51].

Mas como fazer isso? Como conciliar essas duas realidades, esses dois movimentos dentro de seu próprio mundo pessoal? Em virtude dessa tão alardeada singularidade e imprevisibilidade que caracteriza a pessoa, teria sido extremamente inconsistente formular "receitas" sobre como o equilíbrio certo pode ser alcançado no menor tempo possível. Essa é uma meta que só a vida pode nos ensinar como alcançar. São muitos os lembretes e apelos que Mounier envia à pessoa no decorrer do trabalho, para convidá-la a não se deter à mesa da vida, mas a levar a sério sua própria existência vivendo-a.

 



[1] MELCHIORRE, V. Pubblico e privato: aspetti ideologico culturali, in “La famiglia crocevia della tensione fra pubblico e privato. Vita e Pensiero, Milano 1979 p. 49.

[2] MOUNIER, E., Il Personalismo, cit., p. 12 Neste ponto julgamos importante sublinhar que, mesmo após este esclarecimento sobre os termos homem e pessoa (entre outras coisas não tão marcado pelo autor), Mounier continua a utilizá-los com indiferença.

[3] MOUNIER, E.  Il Personalismo, cit. pág. 29.

[4] MOUNIER, E. Che cos’è Il personalismo? cit, pag. 30.

[5] Hoje, certamente, também graças a Mounier, esse discurso é fortemente reavaliado e recuperado dentro da antropologia filosófica. A esse respeito, é muito significativa a expressão que Emerick Coreth usa para explicar a interação entre a vida corporal e a vida espiritual: "espírito como alma do corpo e corpo como meio do espírito" (in CORETH, E., Antropologia filosofica, Morcelliana Brescia 1978).

[6] . MOUNIER, E., Personalismo, cit. P. 39.

[7] Ibid. Para compreender o peso dessas afirmações tão cheias de significado, basta compará-las com o que nos dizem o antropólogo Emerick Coreth e o próprio Papa João Paulo II. A primeira considera o corpo o "lugar onde trabalho, cresço, me afirmo... O corpo revela o espírito aos outros" (in "Antropologia Filosófica" cit., p. 144). João Paulo II, em seus discursos da quarta-feira e em algumas de suas encíclicas (ver "Redemptor Hominis ”e“ Laborem exercens ”) afirma que o homem é esse corpo e que é a manifestação do espírito. O próprio Concílio Vaticano II se pronunciou a favor da tomada de consciência do corpo como valor: "o homem sintetiza em si mesmo, por sua condição corporal, os elementos do mundo material, para que, por meio dele, atinjam seu ápice e tomem voz para louvar o Criador em liberdade. Então não é lícito ao homem desprezar a vida corporal” (Gaudium et Spes 14).

[8] . MOUNIER, E., Personalismo, cit. p. 39.

[9] Ibidem.

[10] Ibidem, p. 32.

[11] MOUNIER, Che cos’è il personalismo? cit. pag. 39.

[12] Idem, p. 40.

[13] MOUNIER, E. Personalismo, cit. pág. 44. Sobre esse discurso complexo, um pensador marxista contemporâneo, Roger Garaudy, expressou certa perplexidade. Na verdade, ele o considera bastante confuso, porque, primeiro, a matéria é exaltada e, em um segundo momento, é considerada passiva e inerte (Cfr. GARAUDY, R., Prospettiva dell’uomo, Borla, Torino, 1972, p. 173). A crítica é excessiva. De fato, o esforço que Mounier faz é apresentar os dois aspectos do problema para poder tirar as conclusões mais objetivas possíveis. Não confusão, portanto, mas uma tentativa de potencializar a relação entre a pessoa e a matéria.

[14] Idem, p. 64.

[15] Ibidem.

[16] Idem, p. 67.

[17] MOUNIER, Che cos’è il personalismo? cit. pag. 65.

[18] Ivi, p. 68.

[19] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 66.

[20] Idem, p. 67.

[21] MOUNIER, Che cos’è il personalismo? cit. p. 46.

[22] Sobre o privado e seu significado na cultura contemporânea, recomendamos ver: AA.VV., La famiglia crocevia della tensione fra pubblico e privato” Vita e Pensiero Milano 1979, em modo especial o artigo de Pietro Scoppola sobre os aspectos históricos – políticos deste problema, pagg. 24 – 43.

[23] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 67.

[24] Cf. AGOSTINHO, De vera religione, Mursia, Milano 2012.

[25] CORETH, E., Filosofia Antropologica, cit. p. 85.

[26] Ibidem.

[27] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 105.

[28] Ibidem.

[29] Idem, p. 107.

[30] Idem, p. 109.

[31] Cf. AA.VV., La concezione scientifica del mondo, Laterza, Bari 1997.

[32] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 89.

[33] Ibidem.

[34] Cf. SARTRE, J.P. O existencialismo é um humanismo, Vozes, Petrópolis 2014.

[35] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 91.

[36] Idem, p. 99.

[37] MOUNIER, E. Che cos’è il personalismo? cit. pag. 96.

[38] Idem, p. 49.

[39] Ibidem.

[40] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p 45-46.

[41] Uma atitude bastante semelhante a esta e à do Espírito Livre, figura apresentada por Nietzsche em "Humano demasiado humano". De fato, em virtude de sua própria busca de conhecimento, ele vive principalmente na solidão desenraizada da história (Cf. NIETZSCHE, F., Umano troppo umano, Adelphi 1982, af. 429, 427, 291).

[42] MOUNIER, E. Manifesto, cit. p. 43.

[43] MOUNIER, E., Personalismo, cit. p. 127.

[44] Idem, p. 126.

[45] Idem, p.132.

[46] Ibidem.

[47] Idem, p. 133.

[48] Cf. idem, p. 134.

[49] Ibidem.

[50] MOUNIER, E. Manifesto, cit. p. 74.

[51] Cf. MOUNIER, E. Personalismo, cit.p. 76.


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