quarta-feira, 30 de outubro de 2024

terça-feira, 15 de outubro de 2024

PATROLOGIA: TERCEIRA PROVA - 21 outubro 2024

 




 

Comentar um texto daqueles indicados, ou elaborar uma reflexão sobre um dos temas indicados.

 

Textos

1.      Carta a Diogneto: https://paideiafca.blogspot.com/2023/08/carta-diogneto.html

 

2.      Justino: a eucaristia: https://paideiafca.blogspot.com/2024/08/justino-de-roma-apologia-i-150-dc.html

 

3.      Agostinho: a eucaristia: https://paideiafca.blogspot.com/2024/08/santo-agostinho-homilia-272.html

 

4.      Agostinho: tarde te amei: https://paideiafca.blogspot.com/2024/09/tarde-te-amei-santo-agostinho-354-430-dc.html

 

5.      Agostinho, a cidade de Deus (pag. 95-102): https://www.academia.edu/83211143/A_Cidade_de_Deus_vol_1_I_VIII_by_Santo_Agostinho

 

6.      Didachè: https://paideiafca.blogspot.com/2024/08/a-didaque.html

 

7.      Credo dos Apostolos e Niceno-costantinopolitano: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/credo-dos-apostolos-e-niceno.html  

 

8.      Filo de Alexandria: artigo que foi analisado na sala

 

 

Temas

1.      Do Cristo do Novo Testamento ao Cristo da Igreja: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/do-cristo-do-novo-testamento-ao-cristo.html

 

2.      A desescatologisação do Kerigma: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/cristologia-e-escatologia-chamada.html

 

 

3.      Kerigma e dogma: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/kerygma-e-dogma-continuidade-ou.html

 

4.      Cristologia e história da salvação: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/cristologia-e-historia-da-salvacao.html

 

 

5.      Cristologia e soteriologia: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/cristologia-e-soteriologia.html

 

6.      Helenização e deselenização da cristologia: https://paideiafca.blogspot.com/2024/07/helenizacao-e-deselenizacao-da.html

 

 

QUESTÕES DO ANTROPOCENO - EVENTO ONLINE

 





 Série de debates [online]: Questões do Antropoceno

 Atividade [online]: Povos da Amazônia: resistências, alianças e alternativas populares

 Data: 19/10/2024 (sábado)

 Horário: 10h [Horário de Brasília]

 Debatedora: Profa. Dra. Ivânia Vieira (UFAM)

 Inscrição: https://forms.office.com/r/huJ159ufNV

 

Transmissão:

 Canal do Youtube do CEPAT

https://www.youtube.com/@CEPATcentrosocial

 Canal do Youtube do SARES

https://www.youtube.com/@SARESAMAZONIA   

 Canal do Youtube da UEM – Diversitas

https://www.youtube.com/@DiversitasUEM   

 Sítio do IHU

https://www.ihu.unisinos.br/   

 

 Mais informações: https://encurtador.com.br/XQxIA

domingo, 6 de outubro de 2024

Aristóteles - De Anima

 

 


 

 

Apresentação, tradução e notas de Maria Cecília Gomes dos Reis

 

“Síntese Paolo Cugini, digitação Winne Muryanne”

 

Livro 1

 

Capítulo1

 

Pois para coisas distintas há princípios distintos, como, por exemplo, para os números e as superfícies.

Em todo caso, é necessário decidir primeiro o qual dos gêneros a alma pertence e o que é – quero dizer, se ela é algo determinado e substância, ou se é uma qualidade, uma quantidade ou mesmo alguma outra das categorias já distinguidas -, e, ainda, se está entre os seres em potencia ou, antes, se é uma certa atualidade. Pois isso faz diferença e não pouca. É preciso examinar também se ela é divisível em parte sou não, e se e qualquer alma é de mesma forma; e, no caso de não ser de mesma forma, se a diferença é de espécie ou de gênero. (pag.45-46)

Há ainda a dificuldade de saber se afecções da alma são todas comuns àquilo que possui alma ou se há também alguma afecção própria a alma tão-somente. E embora não seja fácil, é necessário compreender isto. Revela-se que, na maioria dos casos, a alma nada sofre ou faz sem o corpo, como, por exemplo, irritar-se, persistir, ter vontade e perceber em geral; por outro Aldo, parece ser próprio e ela particularmente o pensar. Não obstante, se também o pensar é um tipo de imaginação ou se ele não pode ocorrer sem a imaginação, então nem mesmo o pensar poderia deixar de existir sem o corpo. Enfim, se alguma das funções ou afecções é próprio a alma, ela poderia existir separada; mas se nada lhe é próprio, a alma não seria separável. (pag.47)

            As afecções da alma são assim inseparáveis da matéria natural dos animais, na medida em que de fato subsistem neles coisa tais como animo e temor, e não são como a linha e a superfície.

No exame da alma, é necessário, ao mesmo tem em que se expõem as dificuldades cuja solução deverá ser encontrada à medida que se avança recolher[1] as opiniões e todos os predecessores que afirmaram algo a respeito dela, aproveitando-se o que está bem formulado e evitando aquilo que não está. (pag.49)

 O ponto de partida da investigação é apresentar aquilo que mais parece pertencer à alma por natureza. Ora, há a opinião de que o animado difere do inanimado especialmente em dois aspectos: o movimento e a percepção sensível. E, em relação à alma, são mais ou menos esses dois que recebemos de nossos predecessores. Alguns, com efeito, dizem que alma é, primordialmente, o que faz morrer. E julgado que não pode mover outra coisa o que não estiver ele mesmo em movimento, supuseram a alma entre as coisas que estão em movimento. (pag.49)

            Assim, por um lado, todos aqueles que deram atenção especial ao faro de que o animado se move supuseram que a alma é por excelência aquilo, que faz mover. Aqueles, por outro lado, que se detiveram no fato de que o animado conhece e percebe os seres, identificaram a alma aos princípios: seja a uma pluralidade deles, seja a um único. (pag.51)

             E como havia também a opinião de que a alam é o que pode tanto mover conhecer, alguns então a combinaram a partir de ambos aspectos, declarando que alma é um número que move a si mesmo.

Mas, em relação aos princípios – quais e quantas são eles -. Há diferenças especialmente entre aqueles que os concebem como corpóreos e aqueles que os concebem como incorpóreos, e ainda discordam desses aqueles que os combinaram e declararam que os princípios procedem de ambos os tipos. Há ainda diferenças em relação à multiplicidade, pois uns assumem um único principio, outros um numero Mario. De acordo com isso discorrem também sobre a alma, pois supunham que o que é por natureza fonte de movimento deve estar entre os primeiros princípios – e não sem razão, Donde alguns terem a opinião de que a alma é fogo, pois o fogo é composto de partículas sutis e é o mais incorpóreo dos elementos e, além disso, em sentido primordial, tanto é movido como move tudo o mais. (pag.52)

Todos, com efeito, definem a alma pro assim dizer pro três atributos: o movimento, a percepção sensível e a natureza incorpórea; e cada um deles remonta aos princípios. Por isso também aqueles que definem a alma pelo conhecer fazem dela ou um elemento ou algo proveniente dos elementos, afirmado coisas parecidas uns e outros, exceto um: pois dizem que o semelhante é conhecido pelo semelhante e, uma vez que a alma conhece tudo, constituem-na a partir de todos os princípios. Assim, todos aqueles que dizem haver uma única causa e um único elemento também afirmam que a alma é única, pro exemplo, fogo ou ar. Outros, por sua vez, ao afirmarem que são inúmeros os princípios, também fazem da alma algo múltiplo.

No entanto, senso assim, como conhecerá e por que causa, nem ele disse, nem fica claro a partir de suas palavras. Por outro lado, aqueles que colocam pares de contrários como princípios, também constituem a alma a partir de pares de contrários. E aqueles que colocam como principio um dos contrários - por exemplo, quente, frio ou outro semelhante – estabelecem de maneira similar que também a alma é um desses contrários. Por isso, eles se guiam pelas designações: aqueles que dizem que a alma é o quente, afirmam que também por isso foi assim nomeado; aqueles que dizem que a alma é o frio pretendem que seu nome vem de “resfriamento” e de “respiração”. Estas são, portanto, as opiniões transmitidas a respeito da alma e as causas pelas quais foram ditas. (pag.54)

É preciso examinar primeiro o que diz respeito ao movimento, pois talvez não somente seja falso que a substancia da alma é tal como afirmam os que dizem que ela é o que faz mover a se mesmo ou que pode movem, como talvez seja algo impossível subsistir movimento na alma. (pag.54-55)

Posto que há quatro movimentos – locomoção, alteração, decaimento e crescimento -, a alma se moveria ou por um único deles, ou por mais de um, ou ainda por todos. Se ela é movida, mas não por acidente, o movimento seria atribuído a ela por natureza e, assim, também por natureza o lugar: pois todos os movimentos mencionados ocorrem em um lugar. Se a substancia da alam é mover-se a si mesma, o movimento será atribuído a ela não por acidente, como ocorre com o branco ou com o comprimento de três côvados, que também se movem, mas por acidente – porque aquele a que são atribuídos é movido, isto é, o corpo. E por isso eles não têm lugar; mas para a alma haverá lugar, se é que por natureza participa do movimento.

406a22. Além disso, se é por natureza a alma se move, também por coerção poderá ser movida; e, se é movida por coerção, também o eu movimento será por natureza. E da mesma maneira no que concerne ao repouso; pois, para onde se move por natureza, também ali repousa por natureza, e, de maneira similar, para onde é movida por coerção, também ali repousa por coerção.  Mas quais seriam os movimentos e os repousos por coerção da alma, não é fácil explicar nem mesmo para os que gostam de fantasiar. (pag.55-56)

Alguns dizem que a alma é uma espécie de harmonia, que a harmonia é mistura e composição de contrários e que o corpo é constituído a partir de contrários.

Todavia, a harmonia é uma certa razão ou composição dos mistos, mas a alma não pode ser nem uma coisa, nem outra. Além disso, o mover não é fruto da harmonia, e é, por assim dizer, particularmente isso que todos atribuem a alma. Convém mais falar de harmonia em relação à saúde – e as virtudes corporais em geral – do que em relação à alma. Isso ainda seria mais evidente se alguém tentasse atribuir às afecções e fondue da alma a alguma harmonia; pois seria difícil conciliá-las. (pag.60)

Dizemos que um dos gêneros dos seres é a substancia. E substância, primeiro, no sentido de matéria – que por si mesmo mão é algo determinado-, e ainda fim, no sentido do composto de ambas. A matéria, por sua vez, é potência ao passo que a forma é atualidade, e isto de dois modos: seja como ciência, seja como o inquirir.

E há a opinião de que, sobretudo os corpos são substancia entre os quais se encontram os corpos naturais, que são princípios dos demais. Dos corpos naturais, alguns têm vida, outros não, e dizemos que a vida é a nutrição por si mesmo, o crescimento e do decaimento. Assim, todo corpo natural que participa da vida é substância, no sentido de substância composta.

E uma vez que essa substância também é um corpo de tal tipo – que tem vida-, a alma não é corpo, pois o corpo não é um dos predicados do substrato, antes ele é o substrato e a matéria. É necessário, então, que a alma seja substancia como forma do corpo natural que e potencia tem vida. E a substancia é atualidade. Portanto, é de um copo de tal tipo que a alma é atualidade.  Mas esta se diz de dois modos – primeiro como ciência; pois ao substituir a alma há tanto o sono como a vigília; e a vigília algo análogo ao inquirir, o sono, a possui a ciência, mas não estar a exercê-la; e, no quer concerne a um mesmo individuo, a ciência é anterior quanto ao devir. E por isso a alma é a primeira atualidade de um corpo natural que tem em potencia vida. (pag.71-72)

Está, então, enunciado em geral o que é a alma. Pois ela é a substancia segundo a determinação, ou seja, o que é, para um corpo de tal tipo, ser o que é. Se um instrumento fosse um corpo natural – por exemplo, o machado -, a sua substancia seria o que é ser para o machado, e isto seria a sua ama. Separado disso, ele não seria mais um machado, exceto por harmonímia. Mas, na verdade, é um machado, pois a alma não é a determinação e o que é ser o que é para um corpo desse tipo, mas sim de um corpo natural tal que tenha em si mesmo um principio de movimento e repouso. (pag.72)

Portanto, está bastante claro que a alma – ou algumas partes dela, se ela for pro natureza partível – não é separada do corpo; pois em alguns casos a atualidade é das partes elas mesmas. Não obstante, por não serem atualidade de corpo algum, nada impede que pelo menos algumas partes sejam separadas. Mas ainda não está claro se a alma é atualidade do mesmo modo que o navegador é a atualidade do navio, E isto basta como um esquema do esboço e da definição de alma. (pag.73)

Retomando o princípio da investigação, digamos então que o animado se distingue do inanimado pelo viver. E de muitos modos diz-se o viver, pois dizemos que algo vive se nele subsiste pelo menos um destes- intelecto, percepção sensível, movimento local e repouso, e ainda o movimento segundo a nutrição, o decaimento e o crescimento. Por isso, parece inclusive que todas as plantas vivem; pois é manifesto que têm em si mesmas uma potência e um principio deste tipo, por meio do qual ganham crescimento e decaimento segundo direções contrárias; pois não crescem apenas para cima e não para baixo, mas similarmente em ambas e em todas as direções, e assim é para as que se nutrem constantemente e vivem até o fim, enquanto puderem obter alimento. E é possível separar este principio dos outros, mas impossível, nos mortais, separar os demais deste.  Isso é evidente no caso das plantas, pois nelas nenhuma outra potência da alma subsiste. (pag.74)

Pois, dizendo-se a substancia de três modos, como já mencionado, dos quais um é a forma, outro é matéria e, por fim, o composto de ambas – e, destes, a matéria é potencia e a forma, pro sua vez, atualidade -, e já que o composto de ambas é animado, não é o corpo a atualidade da alma ao contrario, ela que é a atualidade de um certo corpo. E por isso supõem corretamente aqueles que têm a opinião de não existir alma sem corpo, mas algo do corpo, e por isso subsiste no corpo e num corpo de tal tipo, e não da maneira como supunham os predecessores, que a adaptavam, ao corpo, sem ainda mais determinar sobre em que e qual tipo de corpo, mesmo sendo evidente que o fortuito não recebe o fortuito. E também isto ocorre segundo a determinação: pois a atualidade de cada cosia ocorre por natureza na matéria apropriada e em sua potencia subsistente. É evidente, então, a partir das coisas tratadas, que a alma é uma certa atualidade e determinação daquele que tem a potencia de ser tal (pag.76)

É necessário, a quem pretende fazer um exame dessa coisa, compreender o que é cada uma das capacidades e, em seguida, proceder de maneira a investigar o que disso se segue e todo o restante. Mas se é necessário dizer algo sobre cada uma delas – por exemplo, o que é a capacidade de pensar, ou de perceber, ou de nutrir-se-, é preciso primeiro dizer o que é o pensar e o que é o perceber; pois as atividades e as ações segundo a determinação são anteriores as potências. Sendo assim, antes ainda é preciso ter inquirido sobre seus objetos correlatos, e pela mesma razão ter definido primeiramente o que é o alimento, o perceptível e o inteligível. (pag.79)

A alma é causa e principio do corpo que vive. Mas estas coisas se dizem de muitos modos, e a alma é similarmente causa conforme três dos modos definidos, pois a alma é de onde e em vista de que parte este movimento, sendo ainda causa como substância dos corpos animados. Ora, que é causa como substancia, é claro. Pois, para todas as coisas, a causa de ser é a substancia, e o ser para os que vivem é o viver, e disto a alma é causa e principio. Além do mais, a atualidade é uma determinação do que é em potência.

 É evidente que a alma é causa também como o em visto de algo; pois, assim como o intelecto produz em vista de algo, da mesma maneira também a natureza pó faz, e este algo é seu fim. E nos seres vivos a alma é, por natureza, algo deste tipo; pois todos os corpos naturais são órgãos da alma – tanto os órgãos dos animais como os das plantas – como se existissem em vista da alma. E o em vista de tem dois aspectos: o de que e o em quê. (pag.79-80)

No geral e em relação a toda a percepção sensível, é preciso compreender que o sentido é o receptivo das formas sensíveis sem a matéria, assim como a cera recebe o sinal do sinete sem o ferro ou o ouro, e capta o sinal áureo ou férreo, mas não como ouro ou ferro. E da mesma maneira ainda o sentido é afetado pela ação de cada um: do que tem cor, sabor ou som; e não como se diz se cada um deles, mas na medida em que é tal qualidade e segundo a sua determinação. O órgão sensorial primeiro é aquele em que subsiste tal potencia. E são, por um lado, o mesmo que percebe seria uma certa magnitude. Mas, pro outro, tanto a percepção sensível como o ser para o capaz de perceber não são magnitudes, e sim uma certa determinação e potencia daquele.

 É evidente também a partir disso, pro que os excessos nos objetos perceptíveis destroem os órgãos sensoriais (pois, se o movimento for mais forte que o órgão sensorial, a determinação se rompe - e esta seria a percepção sensível -, assim como a afirmação e o tom das cordas quando fortemente tocadas). É evidente também por que as plantas não têm percepção sensível, mesmo tendo uma parte da alam e senso afetadas pela ação dos tangíveis, uma vez que esquentam e esfriam. A causa disso é não terem nem a média, nem o principio próprio para receber as formas sensíveis, mas serem afetadas pela matéria como tal.

Alguém poderia levantar a questão de se o incapaz de perceber odor é afetado de alguma maneira pelo odor, e o incapaz de ver, pela cor. E da mesma maneira nos outros casos, contudo, se o odorífero é o odor, caso ele produza algo, produzirá a olfação. De maneira que nada incapaz de perceber odor pode ser afetado pelo odor (e o mesmo enunciado serve para os outros casos). E nenhum dos capazes, exceto a parte perceptiva de cada um deles. Isso se torna claro também da seguinte maneira: nem a luz e treva, nem o som e o odor fazem algo aos corpos, mas antes as coisas em que estão é que o fazem, como, por exemplo, é o ar acompanhado do trovão que fende a madeira da arvore. Mas os tangíveis e os sabores afetam os corpos. Do contrario, pela ação de que seriam afetados e alterados os seres inanimados? Ora, então aqueles produzirão? Ou não é todo e qualquer corpo capaz de ser afetado pelo odor e som, e os afetados são os indeterminados e inconstantes, tal como o ar (pois o ar cheira como tendo sido de certa maneira afetado)? Que é, então, o cheirar além de ser afetado de uma certa maneira? Ou o cheirar é perceber, e o ar quando é afetado rapidamente de torna perceptível? (pag. 101-102)

            Uma vez que definem a alma, sobretudo a partir de duas diferenças, isto é, pelo movimento local e pelo pensar, entender e perceber, e como o pensar e entender parecem ser um certo perceber (pois em ambos os casos a alma discerne e toma conhecimento de seres), os antigos, ao menos, disseram que entender é o mesmo que perceber – assim como Empédocles, que disse: “diante do que se apresenta, a astúcia dos homens cresce”, e alhures: “donde o entender sempre lhes propicia coisas diferentes”; e o seguinte verso de Homero pretende o mesmo: “pois tal é o intelecto”; pois todos eles supõem que o pensar é tão corpóreo como o perceber e que se percebe e se entende o semelhante pelo semelhante, tal como foi explicado no inicio do nosso tratado (todavia, seria necessário que eles tratassem, ao mesmo tempo, do enganar-se; pois ele é mais próprio aos animais, e a alma passa a maior parte do tempo nele; deste ponto de vista, há a necessidade ou de que todas as aparências sejam verdadeiras, como dizem alguns, ou de que o engano seja uma espécie de contato com o dessemelhante, o que seria o contrário de tomar conhecimento do semelhante pelo semelhante; mas engano e ciência parecem ser o mesmo para os contrários) – é evidente, então, que o perceber não é o mesmo que o entender. Pois do primeiro compartilham todos os animais e do segundo, apenas poucos. Tampouco o pensar – do qual há o modo correto e o incorreto, pois o correto é o entendimento, a ciência e a opinião verdadeira, e o incorreto, o contrário deles – é o mesmo que o perceber, pois a percepção sensível próprios é sempre verdadeira e subsiste em todos os animais, ao passo que o raciocinar admite ainda o modo falso, é algo diverso tanto da percepção sensível como do raciocínio; mas a imaginação não ocorre sem percepção sensível e tampouco sem a imaginação ocorrem suposições.

            É evidente que a imaginação não é pensamento e suposição. Pois essa afecção de nós e de nossos querer (pois é possível que produzamos algo diante dos nossos olhos, tal como aqueles que, apoiando-se na memória. Produzem imagens), e ter opinião não depende somente de nós, pois há necessidade de que ela seja falsa ou verdadeira. Além disso, quando temos a opinião de que algo é terrível ou pavoroso, de imediato compartilhamos a emoção, ocorrendo o mesmo quando é encorajador. Porém, se é pela imaginação, permanecemos como que contemplando em uma pintura coisas terríveis e encorajadoras. (pag.109-110)

            A respeito da parte da alma pela qual a alma conhece e entende, seja ela separada ou não separada segundo a magnitude, mas apenas segundo o enunciado, deve-se examinar que diferença tem e de que maneira ocorre o pensar.

Ora, se o pensar é como o perceber, ele seria ou não certo modo de ser afetado pelo inteligível ou alguma outra coisa desse tipo. É preciso então que esta parte da alma seja impassível, e que seja capaz de receber a forma e seja em potencia tal qual, mas não o próprio objeto; e que, assim como o perceptivo para os inteligíveis. Há necessidade então, já que ele pensa tudo, de que seja sem mistura – como diz Anaxágoras-, a fim de que domine, isto é, a fim de que tome conhecimento: pois a interferência de algo alheio impede e atrapalha. De modo que dele tampouco há outra natureza, senão esta: que é capaz. Logo, o assim chamado intelecto da alma (e chamo de intelecto isto pelo qual a alma raciocina e supõe) não é em atividade nenhum dos seres antes de pensar. Por isso, é razoável que tampouco ele seja misturado ao corpo, do contrário se tronaria alguma qualidade – ou frio ou quente – e haveria um órgão, tal como há para a parte perceptiva, mas efetivamente não há nenhum órgão. E, na verdade, dizem bem aqueles que afirmam que a alma é o lugar das formas. Só que não é a alma inteira, mas a parte intelectiva, e nem as formas em atualidade, e sim em potencia. (pag113-1140)

 Agora, resumindo o que foi dito a respeito da alma, digamos novamente que a alma de certo modo é todos os seres, pois os seres são ou perceptíveis oi inteligíveis, e a ciência de certo modo é os objetos cognoscíveis, e a percepção sensível, os perceptíveis; mas é preciso investigar de que modo isto se dá.

A ciência e a percepção sensível dividem-se em relação às coisas: em potencia em relação às coisas em potencia, e em atualidade em relação às coisas em atualidade. A parte perceptiva e cognitiva da alma são em potencia estes objetos: uma, o cognoscível, e outra, o perceptível. Mas há a necessidade de que sejam ou as próprias coisa ou as formas. Não são as próprias cosias, é claro: pois não é pedra que está na alma, mas sua forma. De maneira que a alma é como a mão; pois a mão é instrumento de instrumentos, e o intelecto é forma das formas, bem como a percepção sensível é forma dos perceptíveis. (pag.121)

Mas de imediato se coloca um impasse: de que modo se deve falar de partes da alam e em quantas? Pois, de certa maneira, elas se apresentam como inumeráveis, senão somente aquelas que alguns dizem distinguir em calculativa, emotiva e apetitiva, mas outros em racional e irracional. Pois, de acordo com as diferenças pelas quais se separam outras partes mostram-se tendo disparidades ainda maiores do que essas de que agora se tratou: a nutritiva, que subsiste também nas plantas e em todos os animais; e a perceptiva, que não se poria facilmente nem como dotada de razão, nem como irracional; e ainda, a imaginativa, que pelo ser é diversa das demais, embora de qual delas é diversa ou idêntica apresente grande dificuldade, caso sejam supostas partes separadas da alma; e por fim, a desiderativa, que aparecer ser diversa de todas quanto ao enunciado e a potência e que, de fato, seria absurdo segmentar: pois é na parte calculativa que nasce a vontade, mas o apetite e o animo, na parte irracional; e caso a alma seja tripartite, em cada parte haverá desejo. (pag.122)

 Mostra-se, então, que há dois fatores que fazem mover: o desejo ou o intelecto, contanto que se considere a imaginação um certo pensamento. Pois muitos seguem as suas imaginações em vez da ciência, mas nos outros animais não há nem pensamento, nem raciocínio, e sim imaginação. Logo, são estes os dois capazes de fazer mover segundo o lugar: o intelecto e o desejo, mas o intelecto que raciocina em vista de algo e que é prático, o qual difere do intelecto contemplativo quanto ao fim. E todo desejo, por sua vez, é em vista d e algo; pois alquilo de que há desejo é o principio do intelecto prático, ao passo que o ultimo item pensado é o princípio da ação.

Assim, mostra-se razoável que sejam estes dois os que fazem mover: desejo e raciocínio prático. Pois o objeto desejável move e por isso o raciocínio também move: porque o desejável é os eu principio. E a imaginação, quando move, não move sem desejo. Há algo único, de fato, que faz mover: o desejável.[2] Pois, se dois movessem quanto ao lugar – o intelecto e o desejo -, moveriam de acordo com uma forma comum. Na verdade, mostra-se que o intelecto não faz mover sem o desejo (pois a vontade é desejo, e quando se é movido de acordo com o raciocínio, também se é movido de acordo com a vontade), mas o desejo move deixando de Aldo o raciocínio, pois o apetite é um tipo de desejo. Intelecto, então, é sempre correto; ao passo que o desejo e a imaginação, ora corretos, ora não corretos. Por isso, é sempre desejável que move, embora este seja tanto o bem como o bem aparente; mas não todo o bem, e sim o bem pratico apenas. E o praticável é o que admite ser de outro modo.

É evidente, portanto, que é uma potencia da alma deste tipo a que move o que é chamado de desejo. Para aqueles que distinguem as partes d alma, no caso de as distinguirem e separarem de acordo com as potencias, elas se tornam múltiplas: nutritiva, perceptiva, intelectiva, deliberativa e ainda desiderativa, pois estas diferem mais umas da s outras do que a apetitiva difere da emotiva. (pag.124-125)

Todo aquele que vive e tem a alma, então, é necessário que tenha a alma nutritiva – do nascimento até a morte. Pois é necessário que o que nasceu tenha crescimento maturidade e decaimento, e tais coisas são impossíveis sem nutrição. Logo, é necessário que a potência nutritiva esteja em todos aqueles que crescem e decaem.

A percepção sensível, por sua vez, não é necessária a todo e qualquer ser vivo, pois não é possível que tenha tato tudo aquilo cujo corpo é simples, tampouco os que não são capazes de receber formas sem matéria. Mas o animal, pro outro lado, é necessário que tenha percepção sensível [e sem isso pode ser um animal], se nada em vão faz a natureza[3]. Pois tudo na natureza subsiste em vista de algo, ou é concomitância acidental do que existe em vista de algo. E todo corpo capaz de caminhar, se não tiver percepção sensível, perecerá e então não alcançará seu fim, o que é a função da natureza. (Pois de que modo ele obterá nutrição? Nos seres sedentários, a nutrição provém do lugar mesmo de onde nascem; entretanto, uma vez gerado como não sedentário, não é possível que um corpo tenha alma e intelecto capaz de discernimento sem que tenha percepção sensível, nem mesmo no caso de. não gerado. Pois por que não teria? Só se isso fosse melhor ou para a alma ou para o corpo. Mas, de fato, não seria melhor nem em um caso, nem em outro, pios aquela não pensaria melhor e este em nada estaria melhor pela falta de percepção.) Portanto, nenhum corpo não sedentário tem alma sem percepção sensível.

Se o corpo tem, de fato, percepção sensível, há necessidade de que seja ou simples ou misto. Mas não é possível ser simples; pois desse modo não teria tato, e é necessário que o tenha. Isso se trona claro pelo seguinte: já que o animal é um corpo dotado da alma, e todo corpo é tangível e tangível é o perceptível pelo tato, é necessário também que o corpo do animal seja capaz de tocar, caso deva estar assegurada a sobrevivência do animal Pois os demais sentidos o olfato, a visão e a audição, por exemplo – têm percepção por meio de outras coisa. Mas, se aquele que percebe tocando não tiver percepção sensível, ele não poderá evitar certas coisas e apanhar outras. E se for assim, será impossível então que o animal sobreviva.

E por isso, também, a gustação é um tipo de tato: pois ela concerne ao alimento e o alimento é um corpo tangível. Som, cor e dor não são nutrientes, tampouco produzem crescimento ou decaimento. De maneira que é necessário também que a gustação seja um tipo de tato, porque é o sentido do tangível e nutritivo. Ambos os sentidos, então, são necessários ao animal e, evidentemente, para o animal é impossível existir sem tato. Os demais sentidos, contudo, existem em vista do bem-estar, e já não ocorrem a não importa que gênero de animal, embora subsistam necessariamente em alguns (por exemplo, naqueles capazes de caminhar). Pios, para sobrevivessem, é preciso que tenham percepção não apenas tocando, mas também a distancia. E isso será possível se forem capazes de perceber via um intermediário, este sendo afetado e movido pelo perceptível, e o animal movido pelo intermediário.

Pois, assim como o que produz movimento local causa a mudança até um certo ponto, e o que empurra faz com que um outro empurre de forma que o movimento atravesse o meio – o primeiro empurra sem ser empurrado; o extremo só é empurrado, sem empurrar; mas o do meio, ambas as coisas (e muitos são os do meio) -, do mesmo modo também no caso da alteração (exceto que agora se alteram ficando no mesmo lugar). Assim, se algo for mergulhado ocorre; mas no caso da pedra nenhum movimento ocorreria, ao passo que na água o movimento iria ainda mais longe; o ar é aonde até mais longe o movimento iria, ativo e passivo em mais alto grau, sempre que permanece e conserva-se uno.

Por isso, no que concerne a reflexão da luz, em vez de dizer que a visão sai do olho e é refletida, melhor é supor que o ar é afetado pelo formato e pela cor sempre que permanecer uno. Em uma superfície lisa, o ar permanece uno e, por esse motivo também, ele move a visão, como o sinal na cera sendo transmitido até o limite.

Não é possível evidentemente que o corpo do animal seja simples, quer dizem, só de fogo, por exemplo, ou só de ar. Pois sem o tato não é possível que ele tenha qualquer outro sentido, e todo corpo dotado de alma, como foi dito, e suscetível ao toque. Todos os outros elementos, com exceção da terra, poderiam se tornar órgãos sensoriais, e todos produzem percepção sensível por perceberem através de um outro, a saber, através dos intermediários; ao passo que o tato tem esse nome por tocar as coisas mesmas. Os demais órgãos sensoriais percebem por tato, sem duvida, só que por meio de um outro, e apenas o tato parece ter percepção por si mesmo. De maneira que nenhum daqueles elementos poderia compor o corpo do animal.

Tampouco ele poderia ser só de terra. Pois o tato é como que uma média entre todos os tangíveis, e seu órgão sensorial é capaz de receber não apenas as varias qualidades da terra, mas também o quente e o frio e todas as demais qualidade tangíveis. Por isso, não percebemos com os ossos, cabelos e tais aportes, que são de terra. Por isso também as plantas não têm qualquer percepção sensível: porque são de terra. Sem o tato é impossível que subsista qualquer outro sentido, mas o órgão sensorial do tato, contudo, não é só de terra, nem só de qualquer outro elemento.

É evidente, todavia, que este é o único sentido sem o qual o animal necessariamente morre.  E nem é possível tê-lo sem ser animal, nem é necessário ter outro, exceto este, s for animal. Por isso, e excesso dos outros objetos perceptíveis, por exemplo, o excesso de cor, sobre o som, corrompe apenas o órgão sensorial e não o animal (exceto acidentalmente, por exemplo, quando junto ao som ocorre um impacto e um golpe ou quando outras coisas que destroem no contato forem movidas por visões e por cheiros; e também o sabor, quando calha de simultaneamente ser capaz de entrar em contato, é destrutivo), enquanto que o excesso de tangíveis como o quente, o frio o duro arruína o animal. Todo excesso do objeto perceptível arruína o órgão sensorial; e, da mesma maneira, o tangível arruína o tato, que é aquele pelo qual se define o animal; pois foi mostrado que sem tato é impossível existir um animal. Por isso, o excesso dos tangíveis destrói não somente o órgão sensorial, mas também o animal, porque este é o único órgão que ele necessariamente precisa ter.

O animal possui os demais sentidos, como foi dito, não em vista do ser, mas em vista do bem-estar; por exemplo, a visão de modo que ele veja, estando no ar ou na água, em suma, por star no transparente; a gustação, pro causa do que lhe é agradável ou doloroso, e a fim de que os percebe no alimento, e que tenha apetite e seja movido; a audição, de modo a que algo lhe seja comunicado; [e a língua, pro fim, de modo que comunique algo aos outros]. (pag.127-131)



[1] Lendo συμπεριλαμβάνεІν na linha 22.

[2] Lendo ορεχτόν, na linha 21.

[3] Posicionado ούτε άνευ ταύτης σίόν έιναι ζώσν após έχειν, na linha 30.

terça-feira, 1 de outubro de 2024

Desconstrução

 




Refere-se a abordagens para entender a relação entre texto e significado. A desconstrução enfatiza a mera aparência da linguagem tanto na fala quanto na escrita, ou sugere pelo menos que a essência, como é chamada, deve ser encontrada em sua aparência, enquanto ela mesma é "indecidível" e as experiências cotidianas não podem ser avaliadas empiricamente para encontrar a realidade da linguagem.

A desconstrução argumenta que a linguagem, especialmente em conceitos idealistas como verdade e justiça, é irredutivelmente complexa, instável e difícil de determinar, tornando as ideias de linguagem fluidas e abrangentes mais adequadas à crítica desconstrutiva.

 Desde a década de 1980, essas propostas de fluidez da linguagem, em vez de serem idealmente estáticas e discerníveis, inspiraram uma série de estudos nas ciências humanas, incluindo as disciplinas do direito, antropologia, historiografia, linguística, sociolinguística, psicanálise, estudos LGBT e feminismo.

A desconstrução também inspirou o desconstrutivismo na arquitetura e continua sendo importante na arte, na música e na crítica literária.

É um conceito elaborado por Jacques Derrida, como uma crítica de pressupostos dos conceitos filosóficos, onde ocorrem muitas dúvidas devido ao grau de dificuldade oferecido pela matéria.

ANTROPOLOGIA FILOSOFICA Primeira prova 21 agosto 2025

  FACULDADE CATÓLICA DO AMAZONAS SEGUNDO SEMESTRE 2025   1.       “ A educação é uma função tão natural e universal da comunidade humana, ...