O Burgo
É um termo histórico que se refere a
uma povoação fortificada que surgiu na Europa, principalmente durante
a Idade Média. O termo tem origem no latim burgus e no
germânico burgs, que significam "pequena fortaleza" ou
"cidadela".
Características principais dos burgos:
- Fortificação: Eram geralmente construídos
em locais estratégicos, como colinas ou perto de castelos e mosteiros, e
cercados por muralhas para defesa contra ataques e invasões.
- Comércio: Diferente dos feudos rurais,
os burgos eram centros de atividade comercial e artesanal. Com o
renascimento do comércio na Baixa Idade Média, eles se tornaram
importantes núcleos urbanos.
- Origem
da Burguesia:
Os habitantes dos burgos, que controlavam o comércio e as atividades
urbanas, eram chamados de burgueses. Essa classe social ascendente foi
fundamental para o desenvolvimento do capitalismo e o enfraquecimento do
sistema feudal.
- Autogoverno: Muitos burgos, com o tempo,
conseguiram obter certa autonomia e privilégios em relação aos senhores
feudais, desenvolvendo formas de autogoverno.
- Expansão: Frequentemente, os novos
centros comerciais (a "Cidade Nova") desenvolviam-se fora dos
muros do núcleo urbano primitivo (a "Cidade Antiga"), sendo essa
área expandida também chamada de burgo.
Atualmente, em alguns países, "burgo"
pode designar uma divisão administrativa ou, em contextos históricos, vilas
medievais bem preservadas que se tornaram atrações turísticas. O termo também
pode ter, em linguagem informal, um sentido pejorativo de "mesquinho"
ou "preconceituoso", embora seu significado original seja puramente
descritivo
A Guerra dos Cem Anos
Foi uma longa série de conflitos travada
entre os reinos da Inglaterra e da França na Baixa Idade
Média. Ocorreu de 1337 a 1453, durando, na verdade, 116 anos, e
teve profundas consequências políticas e sociais para ambos os países.
Principais Aspectos
- Antagonistas: O Reino da Inglaterra
(dinastia Plantageneta) e o Reino da França (dinastia Valois).
- Período: 1337 a 1453.
- Causas: A principal causa foi uma
disputa dinástica pelo trono francês após a morte do rei Carlos IV sem
herdeiros diretos. O rei inglês Eduardo III, sobrinho de Carlos IV,
reivindicou o trono, mas a nobreza francesa escolheu Filipe de Valois.
Outros fatores incluíram disputas territoriais (como o controle da
Aquitânia e Flandres) e questões econômicas.
- Figura
Central: Joana
d'Arc, uma camponesa francesa, foi fundamental para inspirar as tropas
francesas e liderar vitórias decisivas, como o Cerco de Orléans, marcando
a virada da guerra a favor da França.
Consequências
A Guerra dos Cem Anos resultou em mudanças
significativas para a Europa medieval:
- Formação
de Estados Nacionais: Contribuiu para a centralização do poder político e o
surgimento das monarquias nacionais (estados-nação) na França e na
Inglaterra, enfraquecendo o sistema feudal.
- Fortalecimento
do Poder Real: A
necessidade de um exército permanente e de um sistema de impostos
unificado fortaleceu o poder dos reis em detrimento dos senhores feudais.
- Sentimento
Patriótico: Despertou
um forte sentimento de identidade nacional, especialmente na França, onde
Joana d'Arc se tornou um símbolo de resistência.
- Fim
das Ambições Continentais Inglesas: A Inglaterra perdeu a maioria de
seus territórios no continente europeu, focando-se em seus assuntos
internos (levando à Guerra das Duas Rosas) e no desenvolvimento marítimo.
A cultura feudal foi marcada pela
religiosidade cristã, pela forte influência da Igreja Católica, uma sociedade
hierarquizada e pela economia de subsistência focada na agricultura e no
trabalho servil. A mentalidade era predominantemente teocêntrica, e o poder
estava nas mãos dos senhores feudais, que detinham as terras e a autoridade
militar e judicial.
Sociedade e mentalidade
- Estrutura
social: A
sociedade era rigidamente dividida em estamentos, com pouca mobilidade
social: clero (oratores), nobreza (bellatores) e servos (laboratores).
- Hierarquia:
O poder era
descentralizado, com o senhor feudal exercendo grande autoridade sobre
seus servos e as terras. A Igreja Católica ocupava uma posição de grande
influência, atuando como grande proprietária de terras e principal fonte
de cultura e conhecimento.
- Ideologia: A Igreja legitimava a
ordem social, argumentando que cada grupo tinha uma função específica
designada por Deus.
Economia e trabalho
- Economia
de subsistência: A
economia era baseada na agricultura e na produção para o consumo interno
do feudo, com o comércio sendo limitado.
- Trabalho
servil: Os
servos trabalhavam nas terras do senhor feudal em troca de proteção e do
direito de usar uma parte da terra, devendo obrigações como a corveia
(trabalho obrigatório), a talha (entrega de parte da produção) e o
pagamento de impostos.
Arte e religiosidade
- Arte
sacra: A
arte era predominantemente religiosa, com foco em temas bíblicos e na
glorificação de Deus e dos santos, com forte influência bizantina.
- Iglicreja
Católica: A
Igreja era a principal instituição cultural, responsável pela produção
artística, pela educação (através dos mosteiros e das catedrais) e pela
preservação do conhecimento clássico.
Legado e transição
- Crise
do sistema: A
partir do século XI, o crescimento do comércio, o renascimento das cidades
e a ascensão da burguesia levaram ao enfraquecimento do feudalismo e à
transição para um novo modelo econômico.
- Ressurgimento
cultural: O
Renascimento e o Humanismo, movimentos que surgiram na Itália, trouxeram
uma nova visão do mundo, com o homem no centro, impulsionando novas
descobertas científicas e artísticas
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