quarta-feira, 15 de outubro de 2025

O problema da verdadeira religião no pensamento de Joseph Ratzinger

 



(aulas de filosofia da religião- abril 2008)

 

 Paolo Cugini 

 

- O Verbo de Deus criador, é a Verdade de todas as coisas e de todos os homens e a Verdade não faz violência a ninguém.

 

K. Rahner: como cristãos não podemos renunciar a pretensão do cristianismo como verdadeira religião.

 

- O “inclusivismo” pertence a essência da história das culturas e das religiões da humanidade, história que não é edificada na forma do pluralismo radical.

 

Pentecoste: a unidade se atua na pluralidade. As nossas línguas (culturas) se compreendem no único Espírito. Elas não são eliminadas, mas sim guiadas pra compor uma harmonia sinfônica.

 

- A fé cristã, nos primeiros séculos, buscou nos antecedentes históricos preferivelmente no iluminismo, ou seja, no movimento da razão contrário á uma religião contraria ao ritualismo. A teoria da semente do verbo, que hoje é utilizado como prova do valor salvifico das religiões, na origem era referida não as religiões, mas sim a filosofia (cf. Sócrates). Esta linha de crítica das religiões no sentido iluminista, típico da primeira pregação cristã, é também o motivo que induziu o Imperador a catalogar o cristianismo de ateísmo.

 

- O cristianismo não separou iluminismo e religião, mas os uniu para que juntos pudessem se purificar reciprocamente.

 

- No atual momento histórico a última palavra não pode ser deixada ao pluralismo das religiões. A perspectiva não é o absorvimento de uma religião da parte das outras, mas é necessário que elas se encontram numa unidade que mude o pluralismo em pluralidade (cf. abordagem indiano e islâmico ao problema: pp. 87-88).

- No cristianismo a última palavra é o amo

- O cristianismo é uma religião européia? O cristianismo não nasceu na Europa, mas sim na Ásia Menor, em um ponto geográfico de encontro entre três continentes. Isso quer dizer que a interculturalidade pertence a forma originaria do cristianismo. Também a missão nos primeiros séculos se expandiu no Oriente.

 

- O espírito grego forneceu á fé cristã estruturas essenciais do pensamento e do discurso, mas não sem obstáculos.

- Romano Guardini: O cristianismo não é fruto das nossas experiências interiores, mas é um evento que vem ao nosso encontro de fora. Isso vale pela Encarnação que é um evento que não pode ser encontrado na experiência interior.

- Contra a tese da helenização:

  1. O encontro entre pensamento grego e fé bíblica não aconteceu apenas na Igreja primitiva, mas ao interno do mesmo caminho bíblico.
  2. As grandes decisões dos Concílios antigos não se reduzem a uma teoria filosófica, mas oferecem forma lingüística a duas constantes essenciais a fé bíblica: garantem realismo e impedem uma interpretação puramente mitológica (exemplo da palavra homousios).

 

- O cristianismo acha o homem capaz de verdade e quer colocá-lo perante a mesma Verdade que em Jesus se apresenta como pessoa. A característica da filosofia grega era o não focar satisfeito das religiões tradicionais e das imagens do mito e de por toda a seriedade no problema da Verdade. Aqui é bom reconhecer o caráter providencial do encontro entre a fé da Bíblia e a filosofia grega.

- O encontro com a ontologia dos gregos não foi uma distorção filosófica da fé cristã, mas a sua indispensável expressão.

 

- A idéia de tolerância não deve levar a idéia de equivalência das verdades. Para os cristãos Jesus não é um avatar de Deus, mas ele é o mesmo Deus. Em Jesus Deus mostrou o seu rosto. Em Cristo se alcança o Ser.

 

Problema do relativismo: aparece hoje o fundamento da democracia. Ninguém pode ter a pretensão de conhecer o justo caminho. Um sistema da liberdade exige um sistema de posicionamento relativos. O relativismo em teologia leva a abolir a cristologia e, conseqüentemente, a mudar a liturgia ao gosto pessoal.

- Uma das funções mais importantes da fé é de oferecer um saneamento á razão como razão, de não usar violência com ela, de reconduzi-la a si mesma. A razão não se cura sem a fé e a fé sem a razão não se tora humana.

 

- Critérios para o diálogo intercultural:

  1. universalidade do espírito humano cujas exigências fundamentais encontram-se idênticas nas culturas mais diferentes.
  2. Quando a Igreja entra em contato com outras culturas não pode esquecer e nem calar o âmago da sua fé, aquilo que aprendeu da inculturação no mundo grego-latim.

 

- Problema do eurocentrismo da fé católica: A Palavra de Deus no contexto de uma serie de encontros com a pesquisa da parte do homem de uma resposta as duas perguntas últimas. Não caiu diretamente do céu, mas é uma síntese das diferentes culturas.

- Paradigma da saída de Abrão como o caminho que a religião hebraica fez pra sair de se mesma e se abrir aos confrontos com as outras religiões e culturas. O mesmo cominho deve ser feito por qualquer religião, pra sair dos próprios particularismos. A fé de Israel significa um ir além da própria cultura para se abrir. Todos os povos são convidados a percorrer o mesmo caminho pra superar os particularismos, que começou com Israel e que se manifestou com Jesus.

- A fé não pode apertar laços com filosofias que excluem a questão da verdade.

- Relativismo: todos os conteúdos são indiferentes. Cada um deve percorrer o seu caminho. A verdade é substituída pela boa intenção e a religião permanece no âmbito do subjetivismo. O adeus a pretensão da verdade seria um adeus ao cristianismo.


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