(aulas de filosofia da religião- abril 2008)
- O Verbo de
Deus criador, é a Verdade de todas as coisas e de todos os homens e a Verdade
não faz violência a ninguém.
K. Rahner: como cristãos não podemos renunciar a pretensão do cristianismo
como verdadeira religião.
- O
“inclusivismo” pertence a essência da história das culturas e das religiões da
humanidade, história que não é edificada na forma do pluralismo radical.
Pentecoste: a
unidade se atua na pluralidade. As nossas línguas (culturas) se compreendem no
único Espírito. Elas não são eliminadas, mas sim guiadas pra compor uma
harmonia sinfônica.
- A fé cristã,
nos primeiros séculos, buscou nos antecedentes históricos preferivelmente no
iluminismo, ou seja, no movimento da razão contrário á uma religião contraria
ao ritualismo. A teoria da semente do verbo, que hoje é utilizado como prova do
valor salvifico das religiões, na origem era referida não as religiões, mas sim
a filosofia (cf. Sócrates). Esta linha de crítica das religiões no sentido
iluminista, típico da primeira pregação cristã, é também o motivo que induziu o
Imperador a catalogar o cristianismo de ateísmo.
- O cristianismo
não separou iluminismo e religião, mas os uniu para que juntos pudessem se
purificar reciprocamente.
- No atual momento histórico a última palavra não pode ser deixada ao pluralismo das religiões. A perspectiva não é o absorvimento de uma religião da parte das outras, mas é necessário que elas se encontram numa unidade que mude o pluralismo em pluralidade (cf. abordagem indiano e islâmico ao problema: pp. 87-88).
- No cristianismo a última palavra é o amo
- O cristianismo
é uma religião européia? O cristianismo não nasceu na Europa, mas sim na Ásia
Menor, em um ponto geográfico de encontro entre três continentes. Isso quer
dizer que a interculturalidade pertence a forma originaria do cristianismo.
Também a missão nos primeiros séculos se expandiu no Oriente.
- O espírito grego forneceu á fé cristã estruturas essenciais do pensamento e do discurso, mas não sem obstáculos.
- Romano Guardini: O cristianismo não é fruto das nossas experiências interiores, mas é um evento que vem ao nosso encontro de fora. Isso vale pela Encarnação que é um evento que não pode ser encontrado na experiência interior.
- Contra a tese
da helenização:
- O encontro entre pensamento grego
e fé bíblica não aconteceu apenas na Igreja primitiva, mas ao interno do
mesmo caminho bíblico.
- As grandes decisões dos Concílios
antigos não se reduzem a uma teoria filosófica, mas oferecem forma
lingüística a duas constantes essenciais a fé bíblica: garantem realismo e
impedem uma interpretação puramente mitológica (exemplo da palavra homousios).
- O cristianismo acha o homem capaz de verdade e quer colocá-lo perante a mesma Verdade que em Jesus se apresenta como pessoa. A característica da filosofia grega era o não focar satisfeito das religiões tradicionais e das imagens do mito e de por toda a seriedade no problema da Verdade. Aqui é bom reconhecer o caráter providencial do encontro entre a fé da Bíblia e a filosofia grega.
- O encontro com
a ontologia dos gregos não foi uma distorção filosófica da fé cristã, mas a sua
indispensável expressão.
- A idéia de
tolerância não deve levar a idéia de equivalência das verdades. Para os
cristãos Jesus não é um avatar de Deus, mas ele é o mesmo Deus. Em Jesus Deus
mostrou o seu rosto. Em Cristo se alcança o Ser.
Problema do relativismo: aparece hoje o fundamento da democracia. Ninguém pode ter a pretensão de conhecer o justo caminho. Um sistema da liberdade exige um sistema de posicionamento relativos. O relativismo em teologia leva a abolir a cristologia e, conseqüentemente, a mudar a liturgia ao gosto pessoal.
- Uma das
funções mais importantes da fé é de oferecer um saneamento á razão como razão,
de não usar violência com ela, de reconduzi-la a si mesma. A razão não se cura
sem a fé e a fé sem a razão não se tora humana.
- Critérios para
o diálogo intercultural:
- universalidade do espírito humano
cujas exigências fundamentais encontram-se idênticas nas culturas mais
diferentes.
- Quando a Igreja entra em contato
com outras culturas não pode esquecer e nem calar o âmago da sua fé,
aquilo que aprendeu da inculturação no mundo grego-latim.
- Problema do eurocentrismo da fé católica: A Palavra de Deus no contexto de uma serie de encontros com a pesquisa da parte do homem de uma resposta as duas perguntas últimas. Não caiu diretamente do céu, mas é uma síntese das diferentes culturas.
- Paradigma da saída de Abrão como o caminho que a religião hebraica fez pra sair de se mesma e se abrir aos confrontos com as outras religiões e culturas. O mesmo cominho deve ser feito por qualquer religião, pra sair dos próprios particularismos. A fé de Israel significa um ir além da própria cultura para se abrir. Todos os povos são convidados a percorrer o mesmo caminho pra superar os particularismos, que começou com Israel e que se manifestou com Jesus.
- A fé não pode apertar laços com filosofias que excluem a questão da verdade.
- Relativismo:
todos os conteúdos são indiferentes. Cada um deve percorrer o seu caminho. A
verdade é substituída pela boa intenção e a religião permanece no âmbito do
subjetivismo. O adeus a pretensão da verdade seria um adeus ao cristianismo.
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