Antropologia telogica
IHU, Unisinos - 17 novembro 2023
Na
sala contígua ao departamento de teses da Pontifícia Universidade Gregoriana
nos encontramos com o padre Jesuíta
Christoph Theobald, teólogo refinado (recordamos sua volumosa obra sobre
o Cristianismo
como estilo), mas hoje, acima de tudo, padre sinodal. Já é tarde
aqui, no centro de Roma, a universidade se esvaziou e a noite rapidamente
ficou escura e fria depois do longo e quente outubro, mas o Pe. Christoph,
nascido em 1946, está descansado e tranquilo, ansioso por transmitir a força do
clima “primaveril” que respirou na grande sala do Sínodo. Dirigimos a ele as
nossas perguntas em relação a questionamentos sobre o mundo e a Igreja em
tempos de “mudança de época”.
A
entrevista é de Andrea Monda e Roberto Cetera, publicada
por L'Osservatore
Romano, 13-11-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis a
entrevista.
Não é
uma época de mudança, mas uma mudança de época e a maior mudança é certamente
aquela antropológica, uma teologia da encarnação parte do homem e hoje devemos
reconhecer que o homem e a mulher mudaram profunda e rapidamente. Em uma das
entrevistas anteriores que realizamos para a “Zona franca”, o Cardeal Hollerich
disse-nos “Meu medo é que continuemos a falar com um homem e uma mulher que não
existem mais”. Portanto, uma teologia experiencial como a que o Papa Francisco
invoca deve partir de uma observação do homem, de como ele mudou e como podemos
dialogar com esse homem. Muitas vezes tememos que o dogma da encarnação tenha
produzido na Igreja uma certa fixidez da ideia de homem; considerando que Deus
se encarnou naquele homem de Nazaré continuamos a pensar que aquele é o homem.
Queríamos partir disso para fazer a primeira pergunta já de praxe nesta série
de conversas que estamos realizando sobre os desafios da Igreja na mudança de
época: para onde está indo o mundo?
Estamos
vivendo obviamente uma mudança de tempos, como diz o Papa Francisco,
caracterizada, em minha opinião, e também segundo muitas outras pessoas, por
dois fenômenos que me parecem absolutamente decisivos.
O
primeiro é a crise
ecológica. Está criando agora uma espécie de medo coletivo, um verdadeiro medo
entre as pessoas, que corre o risco de atiçar a violência no nosso planeta,
a luta pela sobrevivência, mas que também desperta – e isso é positivo – muita
reflexão e criatividade. Trata-se, portanto, de um fenômeno ambivalente: por um
lado se manifesta uma espécie de resiliência, um impulso criativo, porque
a conscientização é rápida e os investimentos tecnológicos, por exemplo para
as mudanças
energéticas são enormes e, por outro lado, nos tornamos uma
humanidade que tem medo porque muitas coisas da realidade nos afetam, como o
aumento do nível do mar em muitas regiões do nosso planeta. O segundo elemento
é a violência que observamos no cerne da humanidade. Os Estados
enfraqueceram e vivemos num sistema econômico extremamente violento. Fiquei
muito impressionado durante a assembleia
sinodal com todos os sofrimentos de guerra que foram evocados. Parece-me que
saímos de uma época em que as guerras eram apenas localizadas, de certa forma
circunscritas, e eis que chegamos no tempo do terrorismo e de muitos
outros fenômenos semelhantes. A violência se expande nas próprias sociedades
porque as regras políticas e econômicas não funcionam mais. Acrescentaria um
terceiro fenômeno para voltar à questão antropológica: encontramo-nos numa
situação completamente paradoxal, porque diante da teologia da encarnação está
se desenvolvendo o transumanismo. Ou seja, um tipo de
tecnologia, de digitalização criada pelo homem e que o ultrapassa radicalmente;
ele não é mais seu senhor e se comporta como um "aprendiz de
feiticeiro" com essa doida utopia de acreditar que pode sobreviver a si
mesmo e até superar o limite da morte.
A fé
na encarnação de Deus leva-nos a enfrentar seriamente a questão da morte. E o
que temo quanto ao futuro é precisamente o transumanismo. Muito dinheiro é
investido nesse tipo de evolução indefinida da tecnologia, uma evolução que
oculta a questão da transição ecológica que, ao contrário, requer
outro tipo de investimento. É justamente em relação a esse diagnóstico que a
tradição messiânica do cristianismo intervém. O que dizemos quando falamos
sobre o Reino de Deus, que está diante de nós? Esperamos paz e justiça,
não apenas entre os seres humanos, mas também entre a humanidade e a terra.
Isso é o que implica a fé na encarnação de Deus. Nas suas duas encíclicas Laudato si' e Fratelli tutti, o Papa Francisco considerou
algumas tradições messiânicas — isto é, não só a tradição cristã, mas
também o judaísmo e o islamismo — que podem e devem ter um impacto sobre o
futuro do nosso planeta. E então, para mim, como cristão, entra em jogo aqui a
questão da teologia da ressurreição, que é a questão central do
cristianismo. Nestes últimos milênios, temos progressivamente tomado
consciência de que cada um de nós tem uma só vida e agora percebemos que temos
um só planeta: o que está acontecendo é uma mudança da consciência humana, o que
significa que o que está em jogo não é apenas a questão da morte individual,
mas também aquela da possível morte do nosso planeta.
E é
aqui que aparece o impacto messiânico da ressurreição no cristianismo, o que
significa que, no fundo, o planeta Terra não pertence a uma só geração, mas a
todas as gerações. Nós somos os herdeiros das gerações anteriores e temos
outras gerações que habitarão o mesmo planeta. Esse é o sentido da
ressurreição, ou da comunhão dos santos, ou seja, que todas as gerações
convivem em Deus. É também a razão teológica da igualdade de todas as gerações,
de todos os seres humanos. Recebemos o planeta e devemos deixá-lo às gerações
sucessivas.
Podemos
fazer isso porque já vivemos juntos, todos nós, seres humanos, nas profundezas
abissais de Deus.
Discutimos sobre a centralidade do tema da ressurreição com Dom Piero Coda
e ressaltamos o aspecto da credibilidade da ressurreição, de como explicá-la ao
homem de hoje tão influenciado pela onipotência da ciência. E depois
enfrentamos uma questão de fronteira, que diz respeito ao diálogo sobre as
ciências e a fé: hoje toda a comunidade científica partilha a ideia de que
existem múltiplas dimensões espaço temporais, e o que imaginamos na vida que
vem pode ser outra dimensão espaço temporal que os nossos sentidos não
percebem. Parece aludir a esse aspecto a passagem do capítulo 17 dos "Atos
dos Apóstolos" que, focalizando a ressurreição, afirma que Deus criou o
tempo e o espaço. Se o tema central hoje é a credibilidade da ressurreição, o
ponto sensível no mundo crente e não crente, permanece a questão posta pelo
escândalo representado pela morte. Como então anunciar a fé na ressurreição de
Cristo e dos homens?
O
espaço e o tempo indicam que somos limitados; no espaço nenhum de nós é
onipresente em toda a realidade. A fenomenologia nos ensinou muito sobre isso:
penso em Husserl, Heidegger e muitos outros, e
também no Papa Francisco, segundo quem o tempo é superior ao espaço. Os
cientistas concordam que existem outras dimensões, mas eu diria que outras
dimensões não nos tiram das dimensões em que existimos. Além disso, existe uma
faculdade humana sobre a qual refletem muito cientistas, epistemólogos e
filósofos: a imaginação, isto é, a capacidade de imaginar outros mundos.
Ora, na cosmologia, temos uma pluralidade de modelos, não existe mais apenas
aquele do big bang. Mas também podemos nos perguntar: existem outros
universos, universos paralelos, universos futuros após uma entropia
generalizada? Vivemos com o imaginário e progredimos nele. E então podemos
dizer, no nosso mundo científico moderno, que o Cristianismo é um
“mito”; é o que já disse há muito tempo o teólogo evangélico alemão Rudolf
Bultmann. Obviamente aqui desponta a questão da credibilidade: o que é hoje
credibilidade do imaginário cristão, do mito cristão, levando também em conta
que a credibilidade não é estabelecida por uma prova? Acho que existem vários
níveis de credibilidade. O nível mais elementar é que cada ser humano hoje
experimenta em sua carne o fato de que seu itinerário pessoal esconde um
infinito. Como dizia Pascal: “o homem supera infinitamente o homem”. Mas
não só: todos nós percebemos hoje que o planeta terra esconde um infinito. A
tradição bíblica e cristã tem a coragem para pensar na unidade de todas as
gerações humanas. Todas as criações estão vinculadas com a “carne” que é a
terra. A credibilidade do “mito cristão” pode ser estabelecida por uma nova
evidência ecológica e planetária, e basear-se no fato de que a tradição cristã
representa um modo de viver essa nova consciência na “esperança contra toda
esperança”.
A
imaginação, que se alimenta de símbolos, é frequentemente recorrente em sua
gramática teológica. Mas vivemos numa época que matou símbolos, não só na
religião. O símbolo desapareceu, a crise da própria liturgia é a crise do
símbolo.
Essa
crise deriva do fato de o simbolismo humano ter mudado e que a liturgia com a
sua estrutura piramidal deriva do imaginário do passado. A transformação ainda
não ocorreu mesmo se recebemos sinais fortes nesse sentido. Michel de
Certeau nos lembra que a imaginação começa na vida cotidiana, mas ele não é o
único a dizê-lo. Um teólogo como Karl Rahner, que muitas vezes
consideramos abstrato, elaborou uma teologia da cotidianidade, da vida de todos
dias. São dois teólogos extremamente sensíveis à vida concreta das pessoas.
Gostaria, portanto, de sublinhar que para se expressar de forma simples em teologia
é preciso tê-la estudado muito. A teologia se manifesta de forma
simples na poética da vida cotidiana de Certeau e também quando se
lê Kart Rahner em seus escritos espirituais e suas meditações sobre a
vida cotidiana. Sempre começo meus cursos fazendo perguntas aos alunos do tipo:
o que significa acordar, o que significa comer, caminhar, dormir, conversar,
orar, etc.? É determinante para uma boa pregação. No que diz respeito à
linguagem, vale sublinhar que habitamos o nosso o mundo graças às metáforas.
Trata-se de uma outra maneira de falar sobre a imaginação. Uma das metáforas
fundamentais da vida humana e cristã é a do odos, do caminho. O Papa
Francisco entendeu bem que para caminhar juntos (syn-odos) é preciso
primeiro um odos. Retomo aqui pergunta do eunuco nos Atos dos
Apóstolos 8,31: “Como poderei entender, se alguém não me
ensinar?". O caminho passa por limiares, fronteiras. Procuramos uma casa,
uma tenda e para caminhar precisamos de um horizonte e de uma postura.
Diria
que essas metáforas nos levam também a reinventar a linguagem cristã e
sobretudo o simbolismo litúrgico.
Percebe-se que a sua é a geração do grito “poder à imaginação!”
Nasci
em 1946, mas também conheço muitos jovens que imaginam muito, porque não
são tocados pela morte da imaginação, de imaginar mundos alternativos, outros
universos. E imaginação e ciência estão intimamente ligadas. Tenho um afilhado
que gosta muito de ciência, cosmologia, e que passa muito tempo em frente à
tela imaginando outros universos. Meu pai era professor de matemática e tinha
muita imaginação, como todos os grandes matemáticos.
A
linguagem simbólica da Igreja, as formas da liturgia, parecem vestígios antigos
que já não dizem nada às novas gerações. E, portanto, para onde deveria ir a
Igreja hoje, em relação a um mundo com o qual parece ter perdido contato?
Em
primeiro lugar, partimos de uma experiência eclesial local, onde existem as
condições essenciais para uma experiência de fraternidade, de hospitalidade: eu
lhe acolho, você é acolhido assim como é, incondicionalmente. Isso não diz
respeito apenas ao âmbito da imaginação, trata-se em primeiro lugar de uma
experiência concreta. Eu realizo um trabalho pastoral no centro da
França — que é um País de missão — na região de Limousin. Também o
chamo de “espaço amazônico” da França. É muito descristianizado e por isso há
necessidade de fraternidade entre os cristãos. Você pode perceber isso depois
da missa dominical onde as pessoas vieram para se encontrar e conversar. São
poucas, mas se veem e se encontram, exatamente como são. É preciso recomeçar
daqui.
O
segundo elemento decisivo para o futuro da Igreja consiste em
aprender a ler junto com outros as Escrituras, em pequenos grupos. Isso é
muito importante porque o texto nos oferece algo objetivo e ao mesmo tempo nos
dá a palavra, poderíamos dizer hoje de forma “sinodal”. Trata-se da primeira
socialização missionária hoje em situação de crise: ao ler as Escrituras as
pessoas podem aprender a falar sobre as suas vidas. Nas nossas sociedades,
muitas pessoas são efetivamente afásicas, não têm palavras para compartilhar
sua experiência e muito menos a sua fé. Essa experiência da escuta comum da
palavra de Deus pode eventualmente levar a um novo modo de entrar na
experiência sacramental.
Aquela
sacramental é a linguagem principal da Igreja, e é a que é majoritariamente
nutrida de símbolos e, portanto, a majoritariamente em crise.
Eu
diria que o rito está em crise. O símbolo da água não está em crise, nem o da
ceia, com o pão e o vinho. O rito, porém, está em crise. É preciso trabalhar
nisso no futuro. Para o batismo, por exemplo, ainda temos muitas famílias,
especialmente na Itália e também um pouco na França, que vêm com
seus filhos porque viveram o milagre do nascimento. Na França paradoxalmente,
o número de catecúmenos aumenta consideravelmente, muitas vezes se trata de
jovens, de trinta ou quarenta anos que estão começando a refletir sobre o
sentido da vida. Cada situação é única e torna-se impossível ter um modelo
único de catecumenato porque é preciso acompanhar cada pessoa. E é aí que o
simbolismo da água se torna central. Muitas vezes celebramos os batismos
na Noite de
Páscoa e durante essa noite é proposto um mundo de símbolos. Isso é um
problema central hoje: o simbolismo não desapareceu, mas está desarticulado. O
simbolismo é um mundo, um imaginário e devemos, portanto, encontrar uma maneira
de entrar nele gradualmente usando, como Jesus e os primeiros
cristãos, os símbolos elementares da existência humana.
Passemos
a outro sacramento: a ordem sacerdotal. O que responder a quem fala, e são
muitos, que a crise da Igreja é a crise dos sacerdotes?
Não é
a crise do sacramento da ordem, é a crise, eu diria, do ministério na Igreja.
O padre tornou-se um faz-tudo, porque há poucos padres, e esses poucos têm que
fazer tudo, desaparece assim o seu carisma específico. Quando eu era um jovem
seminarista, antes de me tornar jesuíta e padre, ainda havia muitas
possibilidades, podia-se tornar padre professor, capelão de hospital, etc., ou
seja, era possível expressar o carisma pessoal. Hoje, porém, o sacerdote deve
fazer tudo e muitos casos, não consegue mais realizar o seu carisma. Esse é o
primeiro elemento da crise. Segundo elemento, muitos jovens, vendo os
sacerdotes sobrecarregados e cansados, dizem “não fui feito para viver isso, eu
não posso viver isso". E muitos jovens padres concentram-se naquilo que
podem melhor controlar. Não têm a capacidade para fazer tudo, limitam-se ao
necessário, essencialmente nos sacramentos e no governo, muitas vezes ainda de
forma clerical porque é uma forma de realizar-se.
Terceiro
elemento: muitos cristãos já nem sabem mais por que os padres são necessários.
Ouço duas reações: alguns me dizem que em todas as religiões há os padres;
portanto, eles devem existir também na religião cristã; outros me dizem que
toda associação precisa alguém que governe, perguntando-se por que a Igreja
Católica impõe exigências tão elevadas.
Como
responder hoje da maneira mais simples à pergunta: por que os padres são
necessários, por que o ministério ordenado é constitutivo? Em última análise, é
simples: a Igreja não é uma associação construída num contrato
social, mas é convocado por Deus, por Jesus Cristo no Espírito.
Precisamos de alguém que simbolize essa convocação. Ao convocar a assembleia, o
sacerdote simplesmente diz “o Senhor esteja convosco”, já fez o seu trabalho. É
ordenado para isso.
Devemos
explicar essa resposta mínima ao povo de Deus: vocês precisam de alguém que os
“convoque” como Igreja, que significa a “convocada”. Depois intervém a
dimensão histórica. O ministério mudou muito em dois mil anos, e hoje
precisamos encontrar uma figura nova que mantenha pelo menos o essencial.
Podemos resumir tudo numa frase: foi o Papa Francisco que o disse –
ou seja, que a sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja, assim
como o ministério hierárquico é constitutivo dela: ele se coloca na Igreja sinodal
e a convoca.
Assim,
por exemplo, poderia ser que no dogma em vez de três graus no sacramento da
ordem surjam outros?
Eu não
diria. Acredito que a distinção entre ministério episcopal e ministério
presbiteral seja fundamental. Firmou-se aproximadamente no final do século II
d.C. Essa distinção é estrutural porque a Igreja está inteiramente
presente em cada Igreja local: “o bispo está na Igreja local
e a Igreja local está no bispo”. O ministério episcopal representa,
portanto, o vínculo com toda a Igreja da qual tem a responsabilidade
com os demais bispos, enquanto o ministério presbiteral está ligado a uma
comunidade local específica dentro de uma Igreja local ou diocesana.
Para o ministério diaconal é diferente. A possibilidade de um ministério
diaconal exercido por mulheres é uma questão séria que se apresenta hoje e que
deve ser discutida.
Na sua
opinião, o Sínodo é a resposta adequada da Igreja à mudança de época? O Sínodo
sobre a sinodalidade é um retorno, uma recuperação, à reflexão da Igreja sobre
o método e, portanto, sobre o Cristianismo como estilo?
O Sínodo sobre
a sinodalidade introduz realmente uma nova imagem da Igreja, com base na
igualdade batismal entre todos, sem questionar a colegialidade ou, a fortiori,
a primazia. Enquanto as nossas democracias e sociedades estão em crise,
refletimos muito sobre a questão da deliberação. A Igreja é a
primeira instituição no mundo que introduz a deliberação sinodal num nível de
igualdade entre todas as Igrejas locais e todos os crentes. Todos estão envolvidos.
Claro
que há muitas resistências e estamos apenas no início de um processo muito
longo de mudança. Mas essa nova insistência na sinodalidade é da ordem de um
sinal messiânico nas nossas sociedades cada vez mais fragmentadas. Na minha
opinião, trata-se justamente da resposta para a mudança de época que estamos
vivendo.
Eu
diria que o Concílio
Vaticano II, em particular a Constituição pastoral sobre a Igreja no
mundo contemporâneo, Gaudium
et spes, foi possível graças à pastoral da Ação Católica; penso mais
especificamente no Cardeal
Joseph-Léon Cardijn, que falou no Concílio: trata-se do método de
“ver, julgar e agir”, que é mais do que um método. Depois do Concílio tudo
isso se perdeu, surgiram outros movimentos e a pastoral se fragmentou. O Papa
Francisco introduziu a “conversação espiritual” no trabalho do Sínodo e
espera que todas as igrejas locais adotem esse modo de proceder como estilo.
Esse método, que é, portanto, mais do que um simples método, é complexo e
implica também o exercício da argumentação. É esse viés estritamente teológico
que faltou durante essa assembleia sinodal. Espero que esse “modo de proceder”
se torne um novo modo de realizar a pastoral; poderia ser um bom fruto do Sínodo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário